LiteraLivre Vl. 6 - nº 31 –Jan./Fev. de 2022
Maria Pia Monda Belo Horizonte/MG
Porta fechada, porta aberta Fechou a porta. Deu duas voltas na chave — se fosse possível, ela daria mais uma — para assegurar-se que ninguém entrasse. Quem quer que entre no meio da noite? Um ladrão, um assassino, um bandido. Certamente alguém com a intenção de me machucar. Ela foi acordada por um barulho. — Tem alguém aí? Esperou, angustiada, por uma resposta que esperava não receber. De fato, apenas o silêncio ecoou sua pergunta. Ainda com medo, saiu do quarto e caminhou até a porta da frente. Deixou todas as luzes apagadas; a claridade filtrada pelas janelas era suficiente.
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Tateando nas sombras, ela se movia lentamente, acariciando as paredes e evitando os móveis e os objetos que apareciam à sua frente. Seu apartamento era pequeno, então o percurso não foi nem longo, nem difícil. Quando chegou à porta, primeiro tentou girar a chave no sentido horário, sem sucesso, pois a porta já estava trancada. Portanto, colocou o olho na vigia. A luz do patamar estava acesa. Isso conferia ao ambiente uma atmosfera sinistra. Não havia ninguém. Apenas um espaço iluminado e vazio, em torno do qual outras portas, rigorosamente fechadas, cortavam as paredes, como dentes distantes num sorriso malsão. E se houver alguém espreitando?