LiteraLivre Vl. 6 - nº 31 –Jan./Fev. de 2022
Charles Burck Rio de Janeiro/RJ
Sob o domínio do olhar Eu vi o sol baixo, e os salgueiros roxos, os míticos amore salpicados nos olhos São cenas de arrepios inconstantes coisas de ciclos entre a paz e o desassossego Sonhei com a noite com beijo que me envolviam e de uma boca que crescia até me consumir por inteiro A seiva do leito que me afogava no leito, Tenho sonhos amarelos e azuis, fogos que se acendem ao primeiro desejo, fósforos cadentes que tomam os céus ao membro exposto Há uma histeria, uma tensão pré-libidinosa no beijo São flores chamejantes num jardim incandescente A antevisão das cataratas que jorrarão das profundezas Um céus de fogo e de chama a alimentar os nossos olhos, Deixo-me então como retorcidas árvores arder entre os teus braços, Odores que se gravam a fornecerem novas coragens às outras entregas maiores Gostaria de gravar estes dourados dentro do fogo Estes tons de mil adornos que me desenham o corpo, O ato de ser mar e ser peixe, de ser o canto da sereia e de ser o corpo por onde banham as espumas das algas e os sêmens dos pescadores- Espumas de flores banham as praias E as minhas encostas E ventos inefáveis alardeiam os gozos, às vezes os mártires são os agraciados, são os náufragos que salvados na areia se atiram de novo ao mar
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