LiteraLivre Vl. 6 - nº 31 –Jan./Fev. de 2022
L. S. Danielly Bass Marília/SP
Carta A Um Amigo: A Mais Valia Do Amor Estimado amigo, Marília, 02/08/2021 L. S. Danielly Bass Foi um grande prazer ter recebido e lido a sua carta. É com ternura e saudades que respondo. A verdade é que faz um bom tempo que não nos encontramos e nem conversamos; sintome saudosa até mesmo daquele bolo horrível, nada bom mesmo, de cacau que me fez comer. Pensando bem, deve fazer mais tempo do que consigo recordar, eu diria que faz tanto tempo que você acabou por dizer coisas que não me cabem ou, se já me couberam, não me cabem mais. Se eu colocasse um título em minha resposta seria: “Não, eu não fujo do amor, eu fujo da mais valia do amor!”. Desculpe-me minha mania de pular para fim, oferecer prévias, talvez seja um vício acadêmico, talvez não, a certeza é que escrever sempre me prega peças. Não lembro, meu amigo, se um dia o mundo esteve normal, efetivamente, eu não teria como saber, você bem sabe que eu desconheço o normal, para mim, foi sempre estranho, muito estranho. Todos andamos em linha torta, sem enxergar o que tem pela frente, uns mais que outros, mas, olha, não acho que haja no mundo alguém que viva de um modo não incerto. Qual é a diferença de nós, supostos filósofos, para eles? Sabemos que o chão que pisamos é movediço, sabemos que estamos sendo sugados e, a consciência, ah, ela é um fardo pesado se ativada e, depois de ativála, nunca mais se desliga. Mas o que podemos fazer? Agora? Nada! Arrependo-me? Não me arrependo! Penso que não pensar sendo um ser pensante nessa forma passageira é um desperdício de passagem, eu quero aproveitar a passagem. Julgo ainda, meu querido, que discordamos em muito mais assuntos do que o amor, mas, em uma coisa está absolutamente certo, o amor é um assunto muito caro para mim. Lendo sua carta fiquei a me perguntar: o que você quer dizer quando afirma que o homem só encontra-se no amor? O homem está perdido? Mas se for isso, larguemos os pensamentos abstratos, pois ninguém ama melhor do que os homens que deixam a razão de lado. Mas o homem, enquanto ser pensante, só
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