LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Juliana Moroni Ibaté/SP
A Carta Com os pés calejados de caminhar à sua procura, encontrei abrigo num sobrado escuro, abandonado pelos antigos donos, serviu-me de moradia por 7 noites e 7 dias. As portas de madeira escurecidas pelo tempo, abandonadas às traças, me faziam recordar as minhas desgraças, situações de infortúnios, declínios. Dias e noites naquele sobrado, dominado pelo silêncio, impregnado de histórias que retumbavam na minha memória. Nos degraus das escadas que levavam ao andar superior haviam duas iniciais de nomes riscados no assoalho de madeira, por incrível coincidência, eram as mesmas letras dos nossos nomes, escritos na noite derradeira. Na última noite, antes de continuar a seguir seus rastros, ouvi passos, vinham do andar abaixo. Hesitei em descer as escadas, podia ser que minha percepção estivesse errada. Em estado de alerta, desci lentamente, degrau por degrau e encontrei uma carta, colocada por baixo da porta, de modo não acidental. A carta, endereçada à antiga moradora, datava de agosto de 2011, por ora, fez-me espectadora
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