LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Mario Loff Tarrafal, Cabo Verde
Amar em silêncio até as rugas do coração Já não me lembro das coisas já gastas, sempre foste desesperadamente boa nos alfabetos. Alias, boa como o mundo debaixo da tua costa. Aguentavas os filhos pelo corpo inteiro, mesmo dando de comer pelo resto dos braços. Lua mora grávida na tua cara, observavas os dias sem poemas ruins. Os teus olhos já idosos são um verso só. Ainda observas as fotos que um dia ti tiraram. Quando sorrias dos meus elogios em silêncio. Já me zanguei muito sem raiva. Eu mesmo me tornei metáfora sem raiva, só tenho essa cara feia, talvez ainda falte o seu amor sem aviso prévio. Por agora só me interessa a tua foto, quando bebíamos super bock no tempo que eramos uma só boca, agora há um viros invisível e as nossas estórias nos condenam. Te chamava de menina graciosa e, você era a baby. Ainda que hoje conservar-se rocha, eterno silêncio. Não fui eu é que cansei de ti. As vezes a distância relata o cansaço das palavras que gastamos até naqueles antigos beijos. Apartamos os beijos e as palavras. a podridão dos lábios são incertezas, orgulho e a morte anunciada. As vezes o próprio tempo cansa com nós mesmos. Vê as nossas peles tristes! As nossas antigas tristezas são saudades felizes, rugas e almas em fuga.
170