LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Mayara Lopes da Costa Santos/SP
Das Coisas Loucas do Mundo
Por toda a vida sentiram pena de
Pelo visto, sou uma ótima atriz,
mim, mas não o suficiente para não me
porque se convenceram mesmo de
deixarem de lado. Sentiram pena porque
que fui feliz. De que eu me basto. De
sou
me
que não preciso de mais ninguém ou
porque
mais nada. De que sou aquela de
esqueci meu nome, mas, nem assim os
mente e condutas exageradas. Acho
sábios
mal
que fiz um ótimo trabalho, pois,
porque me perdi, mas, nem assim me
acreditaram que eu era um ser de
encontraram. Incomodaram-se, os que
outro
são, porque fiz parte das coisas loucas e
montanhas de olhos vendados e de
insanas deste mundo, das que ninguém
deixar os inimigos respirando poeira.
jamais compreendeu... Também, nunca
Ou,
tentaram!
acreditaram. Só esqueceram. Não se
sozinha,
convidaram.
Por
mas,
nem
Sentiram
lembraram.
toda
vida
assim
pena
Sentiram-se
também
tiveram
razão, sem saber que nada para mim
planeta,
capaz
simplesmente,
de
escalar
em
nada
importaram. Pobrezinhos, estes nada pensaram, são muito ocupados!
era novidade. Acreditaram que foram as
Se clamam tanto por um novo
causas de fúria, temor e frustração
mundo, por que se afligem com quem
desta deprimida. Mas, nenhum deles
julgam ter surgido de outro? Por que
atingiu esse mérito. Porque esse mérito
se sentem afrontados com o novo?
é meu! Entreguem, então, a medalha a
Como um mundo pode realmente
quem sempre a mereceu: a dona de
mudar,
todas
razão
permanecem iguais? Se suas ideias
fui eu mesma, esta
nunca irão se chocar? Precisamos
as
feridas
das despedidas,
e
a
improvável, minha grande inimiga.
se
todos
são
daqui
e
daqueles que não são, das coisas
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