LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Patrícia Nogueira Lopes da Silva Guimarães, Portugal
O meu azevinho Toda gente que chegava naquela casa,
deveria
antes de ser convidada a sentar-se, era
plantas florescem. Também lembro
levada
pequeno
que o momento de regá-la e limpá-la
jardim. Ele estava localizado na parte de
eram feitos como se fosse um ritual,
trás da antiga casa de uma rua sem
e
saída, onde ela vivia desde que nasceu.
quando retirava as folhas, já secas e
Os convidados eram então apresentados
mortas e conversava animadamente
aquela planta que ela cuidava como se
com a planta no momento da sua
fosse gente.
Todos, sem distinção,
rega. Eu assistia aquele movimento
desde o encanador até ao político que a
todos os dias curiosa e entendia que
visitava para pedir votos, mesma sem
aquilo
ela ter a obrigação de votar, precisavam
amor. O final daquela temporada na
a conhecer. E ela, toda orgulhosa de si,
casa da minha avó estava chegando
abria um sorriso a cada elogio proferido
ao
para sua planta. Era a sua realização e
companhia
felicidade Não era uma planta muito
quando minha mãe havia conseguido
especial, mas era a planta dela. Eu tinha
a tão esperada promoção no trabalho
apenas dez anos de idade e fui avisada
e precisou viajar para o exterior. Ela
que não podia tocá-la. Não me lembro
estaria de volta no final de semana,
de ter visto flores, mas sim umas
me disse a avó. Desde então eu
minúsculas bolinhas vermelhas e umas
nunca tinha passado tanto tempo na
folhas com espinhos nas pontas. Era até
sua
engraçada, mas desprovida de beleza
outro país e muitas vezes a minha
para mim. Eu gostava das flores e não
avó
me lembro se esta as tinha. Na verdade,
companhia da sua irmã mais nova.
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