LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Reinaldo Fernandes Brumadinho/MG
Galã de Hollywood Hoje tive que ir a uma agência
Posso contar nos dedos quem
bancária. Detesto banco, detesto passar
me chama de “Rei”: Natalina, amiga
naquelas portas giratórias que nunca
desde a infância; Gabriel, meu filho
querem deixar eu entrar, detesto fila.
(um gozador de 12 anos, só para
Detesto
aquelas
imitar meu irmão Shakespeare me
atendentes loiras, lindas, bem-vestidas,
chamando assim); minhas irmãs -
maquiadas e supersimpáticas. De cara,
menos uma delas - e irmãos - menos
Janaína Jaqueline dos P. Silva (vi seu
um deles; o Padre Renê (que não sei
nome no crachá impecável) se revelou:
por que já que não tenho lá muita
esperar.
E
detesto
– Boa tarde, Rei!, com aquele
intimidade com ele); e alguns colegas
sorriso branco de propaganda de creme
do trabalho, amigos mais íntimos. E
dental na TV.
Jana,
“Rei”
como
assim?
Era
uma
intimidade sem limites (“como o cartão
aquela
loira
linda
que
se
repetiu,
ao
apresentou assim. –
Boa
tarde!,
Bradesco”, me diria ela mais tarde),
perceber que eu estava “viajando” –
intimidade
quem
enquanto pensava nas pessoas que
conversara uma única vez comigo. E
me tratavam pelas iniciais de meu
pelo telefone! Naquele dia em que me
nome.
sem
limites
para
ligou para tentar me convencer de que seu banco era minha melhor opção, que me isentaria de taxa de manutenção da conta,
daria tantos
dias
no
– Boa tarde! Vim para abrir a conta. –
Eu
estava
esperando
o
cheque
senhor, disse lentamente, ao mesmo
especial sem pagamento de juros, blá,
tempo em que mordia levemente o
blá, blá.
lábio inferior, dando continuidade ao seu jogo de sedução.
204