LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Sebastião Amâncio
Menino de Engenho em poesia Lembro-me como se fosse hoje Da minha mãe caída no chão, ensanguentada Feito bicho do mato, na espreitada. Da viagem de trem, prolongada Da chegada ao engenho, na invernada Dos banhos de rio, das mergulhadas Dos passarinhos cantando, das revoadas Das brincadeiras de crianças, levadas Mas também me lembro das tristezas e das angústias que aquilo me causava De como fui parar ali, desgostoso Do motivo mortis de mamãe, tenebroso Do meu pai levado pela polícia, como doido Da morada no engenho, um desafogo Carregado de sentimento ruim, maldoso O gosto pelas máquinas me faziam esquecer daquilo, brutal E voltava para o meu mundo, normal Um mundo de coisas novas, sem igual O tempo foi passando e com ele, entendendo como funcionava o engenho Da lida no eito, ferrenho Da safra do ano, comendo
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