LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Carli R. Bortolanza (Borto) Guatambu/SC (Planeta Terra)
A morte anda a galope Não é certo que digam isso ou aquilo referente que: “à morte vem a galope”, às vezes ela é lenta, mas de uma lentidão que parece eterna. Quando se sente dor, muita dor, o tempo não é contado em dias, ou horas, nem em minutos, pois cada segundo faz a diferença nos ranger os dentes, nos tremer dos ossos, como se a carne quisesse se desgrudar. Essa é a dor que sinto. Muito semelhante à época que assávamos “costelão” de gado, lá pelos pampas gaúchos, que depois de 12 horas em fogo brando, os ossos eram retirados das costelas, branquinhos, como se nunca tivessem tido contato com a carne.
Sei que não estou sendo assado, mas sei também como a carne reage ao querer puxar os ossos. Sinto e dói; e essas dores já estou quase que acostumando; embora não sei quanto tempo cá estou inerte, sentindo o peso de estar vivo, mas sei que vários dias se passaram, pois até a lua que antes mal era vista, agora brilha cheia, exuberante no céu estrelado. Até parece um holofote a iluminar a minha dor, mas não a morte, pois está, sei que ainda vai demorar e muito. A dor que separa a carne dos ossos, é apenas uma das tantas que me torturam a vida e não me deixam morrer. Os vermes que me mordem a carne, fazendo verdadeiros desfiladeiros de trilhas/cavernas em meus músculos, só não são mais doloridos do que o óleo que, com a luz do sol, fazem borbulhar a pele, como quem pururuca o torresmo na frigideira. O grito não sai, pois o sinto que aperta meu pescoço me impede de mexer, e quase não há espaço para tossir, embora o faça quando me engasgo com a saliva, que não consegue descer e que quando desce, parece rasgar toda a traqueia como uma lâmina áspera e pontiaguda. Só
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