LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Dias Campos São Paulo/SP
William, o papagaio Seu Osório tinha duas paixões e um sonho. Aquelas, sua esposa e a literatura; este, o de morar na praia quando se aposentasse. Veio a inatividade. Trocaram-se os ares. Mas se foi a companheira. Para compensar a solidão da viuvez, seu Osório comprou um papagaio. E chamou-o William, em homenagem a Shakespeare. No entanto, como em seu lar os bons modos sempre reinaram, ele não ensinaria à mascote palavrões ou baixarias. Apenas frases icônicas sairiam do seu bico. Certo dia, um amigo apareceu. Ora, o emplumado não o conhecia. Daí que o “intruso” tomou um susto ao ouvir sua estridente voz: - Currupaco! “Deixai aqui todas as esperanças, ó vós que entrais!” Não se precisaria dizer que a ave foi o centro das atenções depois que o visitante identificou Dante e sua Divina comédia. Mas a visita não era ao papagaio. E ambos foram para a copa, a fim de tomarem um café e de matarem as saudades.
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