LiteraLivre Vl. 6 - nº 32 – mar./abr. de 2022
Gustavo de Souza Paschoim São Paulo/SP
Uma contemplação à individualidade Era mais um dia normal na vida de João Pedro. Ele acordou às 05h35 da manhã, como fazia todos os dias, e comeu pão com ovos mexidos. Em seguida, arrumou-se, despediu-se de seus pais e foi para a faculdade. João Pedro cursava Direito em uma das melhores universidades do estado, mas queria mesmo era ser ator. Ao fim de sua carga horária, na hora do almoço, ele voltava para casa. Era mais um dia normal na vida de Dora Miranda. Ela havia acordado bem cedo, no mesmo horário em que seu marido levantava, para deixar o almoço pronto para quando sua filha chegasse do colégio. Ele era mecânico; para contribuir na renda familiar ao fim do mês e garantir a matrícula da filha em uma escola particular, ela trabalhava como diarista doméstica. Uma vez que o marido ia de carro para o serviço, Dora Miranda tinha que usar o transporte público. Era mais um dia normal na vida de Paulo Rodrigo... Exceto que ele estava apreensivo: hoje, ele acabou dormindo demais e estava atrasado para o trabalho. Em sua mente, já era possível imaginar o seu chefe gritando com ele. “Se você não está interessado neste
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trabalho, há quem esteja!”, a voz de Lobato ecoava em sua cabeça. É certo que isso nunca havia acontecido antes com Paulo Rodrigo, e também é certo que o Sr. Lobato sempre foi muito atencioso e calmo com seus funcionários, mas sua ansiedade naquele momento não permitia pensamentos racionais. Ele estava angustiado; Paulo Rodrigo nunca gostou da falta de pontualidade em seu dia a dia. Era mais um dia normal na vida de Ana Clara, que era veterinária. Hoje era o seu dia de folga, então ela havia combinado com seus pais de ir almoçar na casa deles. Seus avós também estariam lá, e já fazia alguns meses que ela não os via. Rotinas únicas de pessoas completamente diferentes. A única coisa em comum entre eles, porém, era que, naquele momento, todos se encontravam no mesmo metrô. Miguel, que também estava ali, contemplava a diversidade e complexidade humana no metrô. Olhava para João, olhava para Pedro, olhava para João Pedro e tentava adivinhar as ambições e sonhos daquele rapaz. Observava Dora,