JOSÉ JOAQUIM RAMOS FILGUEIRAS209 20 de abril de 1928 # 03 de novembro de 2011 Phelipe Andrès210, em seu discurso de posse na Academia Maranhense de Letras em 23 de maio de 2013, assim se pronunciou acerca de seu antecessor: Iniciarei referindo-me ao meu antecessor imediato, José Joaquim Ramos Filgueiras, jornalista, orador fluente, professor, poeta, escritor, magistrado. Segundo Dona Zelinda Lima que o conheceu de perto e privou de sua amizade, cada passo de sua brilhante carreira fora conquistado com persistência nos estudos e dedicação incondicional ao trabalho. Nasceu o Dr. Filgueiras nesta cidade de São Luís, a 20 de abril de 1928. Seus pais, Isac Joaquim Filgueiras e Marieta Perdigão Ramos Filgueiras. Casado com Dona Magnólia Branco da Costa Fontoura Filgueiras, tornou-se Bacharel pela Faculdade de Direito de São Luís em dezembro de 1950. Foi promotor público entre os anos de 1952 e 1955, das Comarcas de Pastos Bons, Vitória do Mearim, Viana e Itapecuru-Mirim. Nestas sendas conheceu o Maranhão da frente pastoril, nas rotas de ocupação e conquista dos sertões, seguindo os caminhos do gado e das missões jesuíticas que aqui deixaram o rastro de sua missão evangelizadora. Um dia confessou ao acadêmico José Chagas, que o recebeu nesta Casa, haver adquirido desde menino, um grande fascínio pela leitura. Na infância morou em Teresina onde continuou estudos com professores particulares, desenvolvendo em seu precoce aprendizado o gosto pela leitura, e a vocação para escrever e falar fluentemente. Aos dez anos foi orador de sua turma por ser o que melhor se expressava verbalmente. Ainda em Teresina integrou o Grêmio Literário Da Costa e Silva e divulgava entre os piauienses, o grande bardo maranhense Gonçalves Dias, declamando de cor todo o I-Juca Pirama e o Canto do Piaga. “Sempre me perdi nas páginas dos livros” confessava ele. Das leituras juvenis dos contos dos Irmãos Grimm e do Almanaque do Reco-Reco, das aventuras do Tarzan, que povoaram as infâncias de muitos de nós, foi um salto para que, em plena adolescência passasse aos clássicos da literatura portuguesa, francesa e russa, impregnando-se de Eça de Queiroz, Emile Zola, Tosltoi e Dostoieviski. Anos depois já como Juiz em Grajaú, ele teria oportunidade de ler de uma só empreitada, os 36 volumes da obra de Balzac traduzida no Brasil. Teve ainda uma forte influência de Emile Zola através da obra Germinal que fala do drama terrível da exploração dos trabalhadores das minas de carvão na França. Segundo depoimento dele ao poeta Chagas: Daí lhe veio a ternura que passou a sentir pelos “trabalhadores nas minas subterrâneas, mas também pelos que estão em cima da terra, sem terra e passando fome.” Ao voltar de Teresina, terminado o ginásio, em plenos anos de 1940, fazia aqui o curso científico e foi convidado por um grupo de jovens maranhenses a participar da fundação de um centro literário. Vivia-se um período conturbado da história, com os abalos e as consequências da segunda guerra mundial. O impacto da primeira bomba atômica, revelando a apocalíptica força de destruição nas mãos do ser humano a um simples apertar de botões, causou profundos efeitos, em curto e longo prazo, nos corações e mentes. Para melhor entendermos o valor da obra de um homem são necessários a compreensão e conhecimento do contexto da sociedade e do tempo histórico em que viveu. Wassili Kandinski, advogado, poeta e sobretudo, artista plástico russo, expoente do movimento abstracionista do qual se tornara um dos grandes teóricos, tendo sido também um dos principais professores da Bauhauss, dizia que toda arte é filha de seu tempo.
209 MORAES, Jomar. PERFIS ACADEMICOS. 3 ed. São Luis: AML, 1993. 210 210 http://www.linomoreira.com/2013/05/posse-de-phelipe-andres-na-acade3mia.html