EDUARDO BORGES255 EDUARDO BORGES OLIVEIRA Nasceu em São Luis do Maranhão. “...Eduardo Borges, neste seu livro de estréia, indica e nos revela um percurso que haverá de leválo à plena realização dos seus versos: frutos verbais, a que ele, diga-se de passagem, imprime uma cor pessoal, sobretudo nos poemas curtos, de uma contenção ancorada pela imagística que lhe é própria e de sugestiva força criadora.” Nauro Machado De. SUSSURROS. São Luis: Chama Maré, 2008. SEM DESTINO Hoje ainda volto. Vou ali, andar, ou não sei o quê. Talvez deslizar ante o imanente acaso. E minha alma tão longe do pensamento...
TESTAMENTO Preparem-me lentamente o funeral, com desdém de tudo que sou e nunca fui. Cavem com pouco esforço e economia um buraco torto num ninho de vermes para que seja rápida a refeição. Depois, esqueçam-me. ACUADO Gosto de meus óculos escuros — nunca os tive: são marcas, cicatrizes no rosto, nada mais. Imagino tê-los e escondo minha vergonha. Assim, vejo o mundo negro como a lápide que esconde o labirinto perdido, cheio de ossos indigentes (como eu). Encosto-me na parede e espero. Sou um corpo nu qu ninguém percebe.
NO CENTRO DE MIM ESTE SENTIMENTO eu sou esse eu sou isso um cansaço um aviso tanto oculto como omisso
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