LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Paulo Luís Ferreira São Bernardo do Campo/SP
Manuela, Menina Flor Google imagem free
Dali mesma nascida, de bem perto de um roçado do interior do Brasil. Manuela, dezesseis anos, tinha a vida inteira para viver. Imaginativa, muito mais pensava além daquilo que Deus havia reservado para si. Menina sabida que era demais aprendera a ler e escrever bem menina que havia de ser ainda. E foi logo daí que a vida começou por modificá-la. Lia de tudo que lhe caia às mãos, mesmo o que se diz não prestar, não importava. Tira dali o que de si não quer ser. E das coisas que ela mesma censura faz, ria de desmanchar os cabelos de fuá. E para si ficava o que era de seus propósitos. A levada da menina começava a olhar para ela própria, com admiração e afeição pela beleza que carregava consigo nos jeitos brejeiros, no modular do corpo. Era para si, como se via, um pavão, belo
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emplumado de lindeza serpentina. De tão bonita ela acredita ser bonita demais. morena que era, magra, assim esguia, d’um tipo comprido e elegante. Vivia em riqueza de pensamentos, de imaginação e quimeras... Quando ela andava era a coisa mais bonita de se ver. Olhar grande, majestoso. Andar pisado. Os quadris sincronizados com os passos e o sobe e desce dos ombros. Mas era a cabeça, envolta nos ondulados cabelos cor de castanha assada quem comandava o todo com maestria. Mais que o músico e seu instrumento. O corpo virtuoso como um violino. A saia de pano mole ondeava como melodia ao vento, para a direita, para a esquerda num ritmo cadenciado. Suas roliças e belas coxas de pelinhos dourados; seu rosto era só luz de menina