LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Roberto Schima Salto/SP
Guardiãs do Mar O cardume avançou rapidamente sob o mar. Cortava as águas tão ágil e facilmente quantos os albatrozes rasgavam o céu. Ondulavam seus corpos de escamas prateadas em rápidas manobras: revoluteavam, ziguezagueavam entre si, por vezes, pulavam sobre a superfície estirando os braços como se também quisessem voar sobre os ares... ... Braços? Sim. Braços... ...Sereias. Centenas delas nadavam em conjunto, rente às ondas, guiadas pelo luar, pelas estrelas, pelos sons que somente elas podiam ouvir. Um chamado. Um clamor de socorro. E elas responderam. Escutaram das profundezas, de onde claridade alguma conseguia atingir, de onde o frio e o tempo, tão antigos quanto a eternidade, permaneciam incólumes. E vieram. Dezenas, centenas, milhares. Uma gigantesca espada de prata a ondular sob o oceano. Lá longe, barcos haviam cercado os golfinhos e os delfins. Arpões eram lançados. Carnes eram rasgadas. Sangue, gritos agudos e dor. O odor de morte misturava-se à maresia. Homens sem piedade içavam corpos ainda vivos para as suas embarcações. E retalhavam. A longa distância tornou-se menor. O cardume avançava e avançava. Beldades de mitos. Uma beleza em fúria. E as sereias chegaram. Agindo como se fossem uma única criatura, viraram um barco após o outro.
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