LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Bruno de Sousa Santa Maria (Viseu) – Portugal
Uma palavra apenas Uma palavra apenas. Ouvida no búzio da vida. Dilacerante. E o corpo caído na praia, Meio morto, meio vivo, Como um homem da classe média de um país ocidental, Suplicou água. A areia mergulhava com cinismo Nos lábios do homem que já não beijava. Bebeu água como quem sorve a alma E agarrou-me os braços que já eram dele. Percebi, no seu balbuciar, Todos os poemas que não tinha escrito E tudo o que vivendo não tinha vivido. A perecer, nasceu de novo E fez-me nascer também. Disse-me, ao ouvido, A morte que ali vem. E percebi depois Que o Sol quente é só Sol quente. Ali. Com ele. Uma palavra apenas.
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