LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Edgar Borges Boa Vista/RR
Sobre amanheceres chuvosos Estamos na metade de 2021 e não para de chover. O inverno amazônico finalmente se estabeleceu em Roraima. Daqui pra frente os dias com sol escaldante serão raros e até teremos momentos de frio no extremo Norte. Ou de menos calor, conforme o ângulo de visão. É bom esse tempo de frio, gosto dele. É muito melhor do que ficar o tempo todo desesperado procurando uma sombra, querendo viver dentro do congelador, tomando seis banhos por dia para tentar refrescar-se. Mas o inverno tem um lado ruim: as chuvas matutinas que chegam como um dilúvio nosso de cada dia, de cada nascer do sol, alagando tudo bem na hora de ir para o trabalho. Quando amanhece com o céu desabando assim sempre lembro do tempo em que só tinha a bicicleta para me locomover, sem a opção de ir trabalhar em meu carro. Manhãs assim eram garantia de chegar empapado no trampo. E de roupa suja pelos respingos da bicicleta e dos carros que passavam por mim. E de grandes possibilidades de gripar e cair vítima de uma virose. Aí então eram duas as opções que tinha: ou esperava acabar a chuva e me atrasava todo ou pedia pro Tino Pequenino, o motorista gente boa do meu trampo, me dar carona (numa era pré-uber e afins, com o táxi muito caro e o ponto de ônibus mais próximo a um quilômetro de casa, Tino era a salvação). A agonia era quando ele não podia me pegar e as 8h vinham chegando, impiedosas, com as chefias exigindo a presença na hora correta, esquecendo todas as horas em que ficávamos a mais do que o previsto. Se tenho saudades desse tempo? Nenhuma. Se tenho agradecimentos ao Tino Pequenino? Todos, para sempre, forever, gracias, obrigado.
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