LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Edweine Loureiro Saitama – Japão
Na
última
sexta-feira,
tentando
comentam, por exemplo, a respeito
encontrar um filme interessante na tevê,
dos episódios do BBB. Não, ao ver
deparei-me
show
seus comentários, sei o que o mais
japonês. O tema do referido programa?
sábio é mesmo ficar em silêncio ―
Dois desconhecidos (no caso, um rapaz
afinal, que direito tenho eu de fazer
e uma moça) fazem um intercâmbio de
julgamentos a respeito do que é
celulares por uma semana. Ou seja, ela
prazeroso a outros? Se até um reality
fica usando o aparelho dele, e vice-
japonês meia-boca me zumbificou por
versa.
alguns
com
Comecei
um
a
reality
divertir-me
com
minutos,
o
que
dirá
o
aquilo, confesso, a ponto de esquecer-
programa que costuma fazer todo o
me de mudar de canal. Até que minha
Brasil parar? Não, se meus amigos,
esposa, retirando o controle de minha
reconhecidamente pessoas de grande
mão,
saber e leitura, gostam é porque a
criticou:
assistindo
a
“Não
essa
vamos
bobagem,
ficar não
é
bagaça
deve
servir,
pelo
menos,
mesmo?”.
como
objeto
de
estudos
para
E dou completamente razão ao protesto
antropólogos...
Ou
não!
―
diria
de minha amada. Porque isso de reality
Caetano
quem
sabe,
deve
show é, de fato, um perigo para o
também dar as suas espiadinhas na
cérebro. Vicia e chega até a causar
casa do “Big Brother”).
alucinações coletivas. De tal modo que,
Sim, intelectuais (ou seja lá o que for
mesmo sabendo que o programa é uma
isso) também tem o sagrado direito
inutilidade
acabamos
ao escapismo. E se esse escapismo
fisgados. Por isso também não ouso
for por um reality show, que sejam
criticar amigos do meio literário que
felizes! Ora, diabos, tanta coisa que
sem
tamanho,
63
(que,