LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Gisela Lopes Peçanha Niterói/RJ
Sara Poesia Havia, o mundo dolorido As rugas da minha face, o pranto escondido; Por isso me tornei poeta: A acalmar as correntezas fundas Blindando o caos do coração ferido... E, no desague dessas perdas tantas Fui montando (letra a letra) Um livre mundo, longe das sombras. Palavras, linhas, estrofes... Rimas, devaneios, pontos... Floradas de mim mesmo, brotando. Pérolas cultivadas: meu âmago. Hoje não me açoito nem me encerro: Sou nascitura, Sou fecunda, Pétala desnuda. Pena que tem vida e me revela Eu continuo... Pois, essa é a dor de um parto escrito Sangue que amamenta o meu delírio Placenta das lágrimas comovidas; Berço do embrião (de vida viva!) Nascendo, do meu ventre trágico, grávido — Rebento amado... meus versos.
83