LiteraLivre Vl. 5 - nº 28 – jul./Ago. de 2021
Ivo Aparecido Franco São Bernardo do Campo/SP
A esfera Até a luz reverencia a esfera Cujo centro, estando em todos os lugares Possui a circunferência incomum Que não está em lugar algum
E o brilho não refratário, maravilhoso Que por si só atravessa tudo E reproduz a interminável inteligência
De sua imobilidade, vive o contrassenso: Nas paredes luzidias, vibram eloquentes Sombras e reflexos Que permanecem em eterno movimento E nela, o tempo verbal Que foi, será, seria ou fosse Não tem sentido, é indiferente Pois dentro dela, sempre é hoje
Se fosse quebrada em fragmentos Ou cindida ao meio Cada partícula, seria a unidade As metades, a esfera por inteiro Se dividissem o teu tempo em partes Cada um de teus segundos valiosos Ou de teus preciosos minutos Corresponderiam à eternidade Tuas formas não podem ser descritas Tampouco podem ser imaginadas Também não podem ser comparadas Porque não se parecem com nada, nada!
Na orbe, persiste o paradoxo Procure, insista e descubra: Quão mais escondido o amor esteja O seu afluxo, que dela provém, sobeja Se de uma vez por todas Cada partícula de luz a abandonasse O misterioso breu de sua tênebra Ainda esconderia sua intrigante verdade Em ti reside a inquebrantável eloquência
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Fosse-me dada sabedoria em abundância Meu conhecimento de tua geometria Seria completamente equivalente À mais rude e tosca ignorância!