Jessica Silva
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Naquele tempo, não entendia quem ou o que eu era. Era tão estranho. Eu era uma estranha no meu corpo e nos corpos que conhecia. Por anos, foi uma sucessão de tentativas atrapalhadas e falhas de comunicação. Logo nos primeiros anos da adolescência, fui obrigada a entrar em um jogo que não era meu. Obrigada, digo, no literal. Talvez estivesse em um palco pronta para apresentar, sem roteiro, sem roupa, sem referências, sem palco. Até que um dia desses dias passados, conheci o desejo que os corpos são capazes de despertar, pior, do colapso que acontecia no meu estômago, no meu corpo, nas minhas mãos, e que instantaneamente me paralisava. Me colapsava. Era tão intenso que as vezes me doía. Não me aproximava mais de quem pudesse me despertar isso. Eu escondi e não contei pra ninguém. Fiz meu segredo o que era o contrário do que me confidenciavam. Vivi por muito sem deixar essa sensação permanecer no meu corpo. Até que te conheci. Faz tanto tempo. Nem me lembro ao certo como foi, me lembro apenas que gostava de passar as aulas com você, conversando e querendo estar ali, com você. Me lembro de uma vez que consegui um emprego qualquer, tive tanto medo, que no segundo dia, por 166