Camila Hardt. Estudante de física, tatuadora, aspirante a poeta, residente da cidade de Rio Claro, interior de São Paulo. A tatuagem diz das superfícies e me basta, mas por necessidade quis entender o que existe por dentro da matéria. Aí resolvi estudar. Nunca descobri, mas sempre me encantei entre tantas e tantas impressões sobre a vida. Entendi que era a arte o negócio. Mas é da física que tiro inspiração. Da física dos meios, dos centros, dos processos, movimentos e eternidade.
Esta não é uma história científica, não me comprometo com o real das coisas. Me interesso mais no que ainda não aconteceu.
POR DENTRO DE UM ÁTOMO Diferentemente dos quadros, das imagens bonitas, das formas ideais, escrevo para chamar o silêncio. É uma produção feita como num ruído, que evoca o movimento sem que este próprio aconteça. Escrevo, por necessidade, sem imagem, que os dias e suas produções frenéticas não me bastam. Preciso criar outras formas de silenciar, então descubro a letra. A palavra é, sobretudo, uma forma de recriar o silêncio. Sinto uma sede infinita e no mundo parece que toda água é turva, já não atravessa meus poros. A pele seca e fria. Intervalos abruptos de temperatura. Será que evocamos a rapidez? Preciso gerar outras formas de desacelerar. É preciso a calma entre as estações, para que nossos ritmos se encaixem. Ao ritmo dos pássaros, das plantas, das nuvens. De alguma forma, acolher a própria voz. Então, quis experimentar fazer das coisas todas voz. Notá-las, como se fossem mensagem divina, vindo me guiar. São, todas as 61