Camilla Agostini https://www.facebook.com/profile.php?id=100009270156496
CASA VAZIA Existem lembranças que, para serem visitadas, é preciso coragem. São como casas abandonadas, das quais você se aproxima em noite de tempestade. Com uma lamparina e uma mala nas mãos, você abre a porta e, com medo, entra. Às vezes parece difícil respirar lá dentro. É escuro e embolorado. Passo a passo você reconhece o lugar há tanto tempo deixado para trás. Você busca refúgio da tempestade, mas é um pouco triste estar de volta àquele lugar. Recostando-se em um velho piano, reconhece sobre ele uma caixa, de cujo conteúdo você não esqueceu. Lembranças escritas em cartas, cadernos, anotações e algumas fotografias. Você os retira de lá e se senta para ler uma ou outra linha ao acaso. Apesar dos anos, parece reconhecer todas. Uma carta, um pouco mais esquecida na lembrança, lhe surpreende e lhe leva a um encontro. São fantasmas que moram nas paredes daquela casa antiga. Você os desperta. Eles falam, conversam, brigam, tagarelam na sua cabeça. Eles são confusos, têm memórias fragmentadas dos acontecimentos, cheias de sentimentos difíceis. Você os sente presos no peito e chora sozinha na penumbra daquela 76