Meu Itinerário Espiritual, vol 2 - Plinio Corrêa de Oliveira

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realidade já sob a luz do laicismo, que a desfigurou ainda mais –, a esfera temporal estaria remetendo continuamente à esfera espiritual, e o espiritual estaria continuamente vivificando a esfera temporal. Formar-se-ia assim uma espécie de circuito reversível, se quiserem um “8”, que é a síntese não de dois círculos tangentes, mas de duas argolas que defluem uma da outra. Assim seria a relação entre o temporal e o espiritual. Que repercussão isto traria para o homem? Tornaria o amor de Deus muito mais praticável, muito mais factível, muito mais ativo, porque a ocasião para amar a Deus estaria por assim dizer onipresente. Isto tornaria o mundo mais paradisíaco, não no sentido de que ele teria as delícias do Paraíso antigo – ele continuaria sendo um vale de lágrimas –, mas, nas suas próprias lágrimas, teria algo que é a quintessência do Paraíso: estar sempre contemplando, nas culminâncias de tudo, o maravilhoso deiforme. No período imediatamente pré-conciliar, era comum encontrar pessoas que pensavam da seguinte maneira: “Está bom, para as coisas da ordem espiritual, há um interesse religioso de que tudo nessa esfera tenha uma nota de maravilhoso: as igrejas, o culto etc. Mas, para as coisas da ordem temporal, para mim é inteiramente indiferente que elas estejam imersas na vulgaridade ou empolgadas pelo maravilhoso. É até quase melhor que o maravilhoso fique reservado à ordem espiritual, porque o maravilhoso temporal é gerador de apego e de pecado”. Pode parecer exagero, mas conheci gente assim. E essas pessoas acabavam concluindo: “A Igreja não é nem um pouco interessada na supressão do prosaico de dentro da sociedade temporal, porque o prosaico faz com que o homem se habitue à pobreza e abandone as exigências temporais, indo então se deliciar nas riquezas espirituais”. Daí vinha também o corolário: “A vida oficial do padre deve ser esplendorosa, vestindo, por exemplo, capas de asperges magníficas, mas dormindo num pijama sujo e roto, e coisas assim”. Víamos então certas casas paroquiais as mais horríveis possível. Isto pela falsa ideia de que ali se desenvolvia a vida temporal do padre, e que essa vida temporal tinha de ser horrível também384. A procura do sublime e do sacral Então, no que consiste a essência do meu espírito? Consiste em um modo de ver a ordem do universo – entendida não só como criaturas do universo visível, mas também do universo invisível: 384 EVP 3/8/80 4ª PARTE – A MENTALIDADE DO PALADINO DA CONTRA-REVOLUÇÃO 163


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“As vozes não mentiram”

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pages 238-254

A graça de Genazzano

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pages 234-237

O temor martirizante de não estar correspondendo ao chamado de Nossa Senhora

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pages 228-230

A paternidade espiritual do fundador

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pages 222-227

O receio de ter seguido uma via não desejada por Nossa Senhora

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pages 231-233

Consagração a Nossa Senhora nas mãos do fundador Adendo do compilador

3min
pages 220-221

Os discípulos devem discernir o “unum” do espírito do fundador

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pages 215-219

O fundador deve ser um símbolo vivo de sua obra

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pages 213-214

Pela originalidade de seu carisma, o fundador tem que ser seu próprio formador

5min
pages 210-212

O modo de fazer a ação de graças após a recepção da Sagrada Comunhão

6min
pages 206-209

A desconfiança e a severidade em relação a si mesmo

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pages 186-188

O espírito de sacrifício até o holocausto e o desejo de reparação

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pages 189-192

a combatividade contra-revolucionárias

16min
pages 177-185

O modo de rezar e pedir

1min
page 201

A atitude diante de Deus e de Nossa Senhora

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pages 202-205

O amigo da Cruz que se prepara para carregá-la prevendo a dor

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pages 193-197

O senso da honra católica

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pages 174-176

A reversibilidade do “tal enquanto tal”

5min
pages 171-173

A procura do sublime e do sacral

13min
pages 164-170

O espírito aristocrático

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pages 147-148

A “luz primordial” resumitiva

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pages 160-161

A combatividade cavalheiresca

6min
pages 149-152

Os componentes essenciais desse “unum”

3min
pages 139-140

A castidade

1min
page 146

A robustez da Fé

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pages 141-145

A pedra angular do amor à grandeza

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pages 157-159

A identificação com a Contra-Revolução

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pages 134-137

O “unum” da alma de quem foi chamado a simbolizar a Contra-Revolução

1min
page 138

Papel do filão “eliático” na história

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pages 125-126

O reconhecimento do caráter profético dessa missão

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pages 127-131

“Pater et dux” dos contra-revolucionários

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pages 123-124

Entusiasmo pelo Profeta Elias e o zelo pela causa de Deus

10min
pages 118-122

Devoção a Nossa Senhora do Carmo

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O receio de ter que assumir a liderança da Contra-Revolução

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Uma vocação contra-revolucionária

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O lírio nascido do lodo, durante a noite e sob a tempestade

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pages 104-107

O anseio por um líder contra-revolucionário

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pages 109-110

Novamente escrúpulos e a provação axiológica

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A pior provação: ser perseguido por aqueles mesmos que se quis servir

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O “grupinho do Plinio”: Jó em cima do monturo

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page 97

A degringolada como vingança pelo livro “Em Defesa da Ação Católica”

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pages 94-96

da Ação Católica de São Paulo

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pages 92-93

O encontro do equilíbrio

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page 89

Um lenitivo: a leitura do “Livro da Confiança”

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pages 84-88

Um novo e elevado patamar após a leitura do “Tratado da Verdadeira Devoção” e a consagração a Nossa Senhora como escravo de amor

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pages 69-73

Firma-se o ideal de dedicação integral pela opção do celibato – Choque com um veio de mediocridade no seio das Congregações Marianas

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pages 74-77

O combate ao orgulho

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pages 66-68

Os frutos da leitura do livro “A alma de todo apostolado”

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pages 63-65

Um quiproquó a partir da leitura da “História de uma alma”

2min
page 83

A leitura da “História de uma alma” e a aspiração à santidade

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pages 61-62

A provação de crer-se obrigado a abandonar, por obediência ao Papa, as convicções monárquicas e ter que aliar-se à República

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pages 55-58

Algumas consolações que sustentaram Dr. Plinio nesta travessia

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page 28

com a superficialidade e a brincadeira

6min
pages 17-19

A ruptura definitiva com o mundo revolucionário

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pages 38-42

Algumas renúncias fundamentais

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page 46

A terrível cruz da incompreensão e do isolamento total

12min
pages 20-26

A ascese para afirmar sua varonilidade sem transformar-se num “Esaú”

2min
page 27

Desenvolvimento da vida de piedade

4min
pages 44-45
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