LiteraLivre Vl. 5 - nº 27– mai/jun. de 2021
Ronaldo Crispim Igaci/AL
A Chuva de Ontem Por incrível que pareça era domingo... Não sei um motivo especial, mas era o dia em que todos ou quase todos se reuniam ou saiam para se divertir. Era um domingo muito especial – excepcional. Há anos não víamos naquela região tamanha festa e correria. Imagine encontrar alguém que você há muito tempo não verá, certamente ficaria muito feliz e em festa. Pois nós, daquele terrível sertão, estávamos com o sorriso de um canto a outro da boca. Todos festejavam! Alguém ou algo muito importante havia aparecido de repente. Não podíamos deixar passar em branco, era raro aquele momento. Chovia no Nordeste! Que bênção! Que sorte! Os animais (os poucos que ainda havia; secos, quase mortos) também se alegraram. Como não se alegrar? Era um domingo muito único! Segundo crenças, as preces tinham sido atendidas. Para outros foi grande a sorte. Outros ainda choveu porque tinha que chover. Independente de qualquer coisa ou pessoa. Simplesmente, choveu! Foi um enchimento de vasilhas. Tudo servia. A água se juntou em vários poços pequenos. Dessa vez ela veio pra durar (tinha passado outro dia, mas nem por uma hora ficou). Corria Maria, Josefa, Severina, João, Manoel, José... Corriam todos. Era uma cena magnífica! O nordeste clamava por aquele instante.
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