LiteraLivre Vl. 5 - nº 27– mai/jun. de 2021
Cosme Silva Maceió/AL
Sem amor Estava vendo os moleques aqui da rua fumando um e falar de mulher quando o Pé de Poeira soltou a letra: "Eu só sofro por mulher quando estou bêbado ou de lança". A única vez que vi o Pé com namorada foi quando se mudou pra cá. Pé era pescador e morava na favela do Jaraguá. Derrubaram a favela e ele veio com a família de cinco irmãos pra parte alta. Gislene veio com ele. Um amor da peste! Um dia as coisas ficaram difíceis e os pais de Gislene foram morar no interior. Pela distância o amor teve que acabar. Agora quando bebe ou bafora, o Pé fica gritando na rua. Canta Belo, chora, esbraveja. Hoje vai ser um desses dias. Não demora e alguém traz uma garrafa de 51. Então vai ter show, Pé cantando e chorando. Até o sol surgir por entre os barracos, vamos ouvi-lo gritando o nome de Gislene, que agora mora em Murici e namora um cara sem apelido, sem amor.
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