LiteraLivre Vl. 5 - nº 27– mai/jun. de 2021
Fabi Marciele Extrema/MG
O Paiero Alguém
muito
alguma coisa, também fumava. Antes
característico na minha frente, o cheiro
de começar qualquer ritual ela punha
era tão forte que mesmo na distância
um bocado de fumo na mão, desfiava
que foi o assopro, ele veio parar no meu
com a faca, pegava palha e fazia o
campo respiratório. Era fumo de corda,
cigarrinho.
o clássico fumo sertanejo. As casas de
Teve uma outra vez que tive que
todos os meus parentes da roça tinham
tomar uma bebida amarga, acho que
cheiro
na
era para o estômago, não lembro. Ela
parente
deu num pote para minha mãe, que
fumar. Quem fumava bastante era a
levou para a casa e me fez tomar
benzedeira.
todo dia. Eu não gostava muito da
verdade
fumou
de
fumo
nunca Ela
um
de vi
cigarro
corda, nenhum
morava
mas
pertinho
de
casa.
velha porque ela me dava coisa ruim
Lembro da casa dela muito vagamente,
pra beber. Não lembro do rosto dela,
era pequena um só cômodo. O terreno
mas lembro das roupas, ela usava
era na ladeira e tinha um espação de
aqueles
campo verde, mas não tinha bicho não,
cabeça e um saião colorido rodado.
talvez galinha. A porteirinha era miúda,
Hoje ela me faz lembrar as Cholas da
passava uma pessoa só. Era uma casa
Bolívia, inclusive o cabelo trançado.
de roça na cidade urbana. Eu ia lá pra
A madrinha usava cabelo trançado,
ser benzida, não sei de que, mas toda
ela morava na roça e seu cabelo ia
vez que estava ruim minha mãe me
até a bunda quando solto, assim,
levava pra velha. Uma vez ela ficou
para manter mais tempo o cabelo
girando por mim, fez um círculo em
sem sujar ela fazia a trança. O cabelo
minha volta e, enquanto rezava baixinho
dava volta, ela fazia uma ponta juntar
88
paninhos
de
florzinha
na