LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
Paulo Bunga Uíge, Angola
Carta para a tia Antes de mais, receba de bom grado, querida tia, a minha cordial saudação! Meu pai é quem escreve, mas eu é quem falo, quem sou eu?! prazer em conhecer, eu sou o Paulucho, o seu sobrinho. Sou um menino lindo e forte que não queria perder o brilho da lua dos poetas, cheguei recentemente ao mundo para contemplar a lua desta noite. Querida tia, as coisas aqui fora são muito lindas, gostei de ver o clarão da lua cheia da noite de 16 de abril, dia que também vi pela primeira vez o nascer do sol num dos bairros longínquos da cidade do Uíge, em Angola, cujo nome é bairro Bem-vindo, onde nasci na modesta casa da mama Suza como é carinhosamente chamada a parteira tradicional que assistiu a mamãe desde o terceiro mês de gestação até o serviço de parto na manhã do dia 16 de abril de 2022, quando o relógio no pulso do papai marcava 6h. Segundo o papai, tive de ser muito forte para sobreviver, pois que os três primeiros meses de gestação foram de muito risco, mamãe teve sérios problemas do colo do útero que os nossos profissionais de saúde não conseguiram solucionar até a mama Suza intervir e como se não bastasse, querida tia, mamãe recebeu a primeira dose de uma das vacinas contra a Covid de vetor viral que posteriormente cousou outras complicações, no entanto, estou muiiito bem felizmente, nasci forte e saudável. Querida tia, puxei o seu irmão, somos tão parecidos que nariz de dez recémnascidos estou a carregar sozinho, meu nariz é tão grande e achatado como o do seu irmão e presumo que o seu também seja hahaha, olha que as nossas semelhanças não se limitam apenas no nariz, na verdade vão da ponta do cabelo até as unhas do meu pezinho. Querida tia, estou tão empolgado para conhecer a senhora, papai disse que a senhora é bem legal e linda, e ele deve estar certo! pelo visto ele gosta muito da senhora, os seus olhos brilham sempre que fala de ti. A senhora não precisa se
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