LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
Roque Aloisio Weschenfelder Santa Rosa/RS
O Homem Alado Olho-me no espelho e perguntolhe: — como ainda estou aqui? A surpresa me ataca quando ele fala: — porque ainda não lhe pegaram, o vírus não lhe atingiu, os que o possuíam não espirraram ou tossiram muito próximo de você. Agora ele já se enfraqueceu e quem recebeu vacina, como você, corre pouco risco de contaminação e de ter sintomas. O que será que acontecerá no futuro, lá adiante, daqui a vinte anos, quando meus netos forem todos adultos e preocupados em sustentar sua vida e a de meus possíveis bisnetos? Fiz a pergunta a mim mesmo, pensando em cientistas que previram alguns dos itens do progresso a que chegamos hoje. Que resposta poderei me dar? Será que é necessário me preocupar com o que, possivelmente, não presenciarei? Vou ao espelho, ele ri. Nele vejo um rosto que é diferente de muitos anos atrás, quando tinha barba escura, e subindo, na cabeça, encontrava cabelos; agora, tão poucos restam porque são teimosos em não caírem também. Penso que a pandemia de covid estará com os dias contados, mas que o futuro poderá ter problemas mais sérios. Quais eu não consigo imaginar, devem ser tão surpreendentes como foi, em
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2020, o surgimento, entre nós, do coronavírus. O espelho fala: — antes de novo tipo de pandemia, o homem criará asas a vestir e voará sem precisar de combustíveis. Basta que sejam carregadas as baterias embutidas em cada uma delas, que serão do tamanho de um dedo mínimo de homem normal e durarão até vinte e quatro horas. Rio na cara do espelho, mas ele não se impressiona e continua: — o homem pode voar até fora da atmosfera próxima à terra firme ou ao mar, basta carregar um nariz capaz de se prover de oxigênio super comprimido a ponto de não ter peso. — Como se fará isso? — pergunto, sem entender como os cientistas poderão chegar a criar tais novidades. — Quem, há dois séculos, pensaria em aviões, em vacinas, em internet? Mesmo assim, temos tudo isso. Quantas pessoas entendem como essas coisa funcionam? Se a ciência criou o impensável no passado, por que não poderá criar asas alimentadas por baterias para as pessoas? Ela já não criou pássaros metálicos enormes? Quantas luas, digo, satélites, não estão no espaço,