LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
Vagner Santos Pereira Barra Mansa/RJ
Espírito Beladona No centro espírita Tríade de Amor, o médium Carmona Silva encerrou a psicografia. Saiu do transe. Fez uma prece silenciosa, agradecendo o prestimoso auxílio dos seus guias espirituais. Recolocou seus óculos de armação pesada e bebeu o copo de água. Entregou as laudas a oradora, Fábia Paes, para ler a mensagem aos presentes na sessão pública.
Deixei a Terra em março de 1995, quando tinha 27 anos. Tinha muito o que viver ainda, muitas coisas boas poderia ter feito. De forma covarde preferi sair da vida. Preferi abrir a porta mais cômoda para solucionar o meu problema. Erradamente, acreditei que aquele nó pernicioso jamais se desataria. Ledo engano, se tivesse fé e um pouco de paciência para trabalhar a situação — o tempo, sem dúvidas e dívidas — seria o remédio mais sábio. Conseguiria, talvez, não a resposta que viesse ao sabor de minhas vontades, todavia seria a que me permitiria lapidar o meu coração bruto. Abri a porta do suicídio, pensando que com minha morte física tudo se resolveria. Pensei que findaria aquilo que me consumia, levando-me às raias da loucura. Mas loucura maior foi desertar da vida, abdicar de lutar, deixar de amar os corações que continuam a orar por mim, deixar de aprender cada sagrada oportunidade dada por Deus. Como não acreditava em Deus, naquela época, logo não acreditava em vida após a morte. Entretanto, estava errada. Meu único pseudo deus era o dinheiro oriundo da fortuna acumulada pelo meu pai famoso, craque de futebol aposentado. Com ele conseguia comprar tudo, desde prestígio social a falsos amigos. Todas as portas se escancaravam facilmente para meus caprichos,
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