LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
Charles Burck Rio de Janeiro/RJ
Almas Os mortos não se enterram sozinhos Mas a colher de pedreiro e a pá perfizeram o caminho contrário ao erguer do pó os mortos de uma cidade inteira Cabendo das glórias outras partes, elegeram um fiel escudeiro para cuidar das suas perdidas almas havendo nos diversos encargos, cuidar dos vivos que choram e das crianças que rirem Muitas sombras dos que morreram ocuparam-se apenas das mediocridades dos dias pobres, E a roda dos rios nasce e se põe sem que saibamos beber das águas doces apenas as lambemos as lembranças e pedimos às saudades que façam poemas e as terras rasam não falam dos nomes e nem lembram dos amores que passaram Vão-se longas as filas de heróis e vulgares mercadores a falar de corações, mas os rios só correm dentro de nós se não formos almas secas Os amantes vindouros chegarão felizes e cantarão canções de graça e se acariciarão sem lástimas, assim que a vida despertar e apagarão as noites para viverem e morrem sem medos.
35