LiteraLivre Vl. 6 - nº 34 – Jul./Ago. de 2022
JAX
Caminhos Floridos* O quadro aí está na parede, com sua paisagem em que sobressai o caminho ladeado por moitas de hortênsias. Quem vê uma paisagem assim, por mais reles venha a parecer a pintura, tende a escutar o convite da Natureza e a enveredar pelo caminho florido, em busca de sensações. Pode ser a sensação da paz renovada, do amor reencontrado ou puramente sonhado, da simples quietude, vegetal ou mesmo vegetativa, proporcionada por árvores, plantas e, especialmente, pelas flores. Claro que se oferecem alternativas de caminhada tão numerosas quantas as paisagens que distintos pintores desejaram retratar. Há rotas mais ensolaradas, outras cheias de sombras pela pujança florestal. Descortinam-se itinerários longos, cujo destino final está fora do alcance da vista (mas não da imaginação), ou curtos, que já apontam seu ponto de chegada, seja a pequena choupana, de ares românticos, seja o imponente castelo, a sugerir mil histórias a quem ali vai. Existem múltiplas opções para a peregrinação mental. Caminhos foram feitos para serem percorridos. É de sua essência. Por mais sedentário se mostre alguém, dificilmente deixará de sentir, pelo menos, a vontade de tomar a trilha convidativa. Excetuados os casos de total e absoluta mediocridade, em cada ser jaz, latente, a expectativa da aventura, de descobrir a inspiração que lhe falta e da qual carece para dar o grande passo no mundo real. Basta ir a qualquer galeria, olhar os quadros e escolher seu trajeto. Só ou, melhor ainda, ao lado de quem se ama. Boa sorte, caminhantes! Quem sabe a sorte não lhes sorria a ponto de encontrar Cecília Meireles pelo caminho, com seu olhar poético e sábio, a ensinar que a vida pode (e deve) valer a pena?
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