mando em lama, e que naquela lama eu vou escorregando, a montanha vai afundando, e vou afundando junto com ela. E tudo aquilo que se levantara atrás de mim, começa a se desfazer”. A essa altura já percebia que estava entrando o progressismo (portanto, o contrário do que queria). E que uma corrente inimiga estava maquinando toda espécie de calúnias, intrigas e combates contra mim, porque não queria saber de modernização da Igreja, a qual eu via como um vagalhão que ia destruir tudo quanto eu tinha esperado. Por outro lado, os problemas com a manutenção dos meus pais já velhos, os problemas com a minha própria saúde. Então, parecia que as estrelas do céu se jogavam por cima de mim como se fossem pedras. E eu dizia: – Não entendo nada, não tenho força, não tenho relações, não tenho meios, não tenho nada para fazer face a essa horda de inimigos que avança para esmagar a obra que eu estava construindo. Já estou prevendo a derrota, já estou prevendo o esmagamento. Lutarei até o fim! Mas de uma luta que será um fim, quer dizer, toda a esperança que tivera de constituir uma Contra-Revolução que pudesse levar até esmagar a Revolução, dava no contrário. A Revolução se voltava contra mim e me esmagava. Os senhores compreendem que é sombria a perspectiva. E eu pensava: – Como me saio dessa? Qual é o sentido de minha vida? Será que cometi algum pecado que eu ignoro? Será que talvez eu tenha resíduos de amor-próprio, de orgulho, de qualquer coisa que não noto, e que pesa contra mim na balança de Deus? Nossa Senhora me deu tanta devoção a Ela, me parece que Ela está muda diante de mim, e que Ela me ignora. Eu sou um ignorado? Se fosse dizer que os meus inimigos me assaltam, não era nada! A minha Mãe celeste me ignora!” Os senhores veem que é o quadro de um cerco completo e de uma coisa que se pode chamar de uma tragédia. Isso aos 24 anos180. Um quiproquó a partir da leitura da “História de uma alma” Por cima desse quadro se punha um outro problema. Havia lido no livro “História de uma Alma”, de Santa Teresinha, que não se pode fazer para a Igreja Católica uma coisa mais útil do que ser uma vítima expiatória do amor misericordioso de Deus. Isto assim se explica: os homens pecam e é preciso que outros homens ajudem a expiar, a pagar por esses pecados; de maneira tal que, com o nosso 180 SD 25/4/92 82
MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL