A revolução da VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária

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“os dez preparados para entrar num GTA”, e os demais devem seguir outros caminhos, pois a organização não teria como garantir sua atuação, muito em sintonia com o documento de orientação ao ME que já analisamos. Ficava patente a necessidade de uma vanguarda revolucionária que não poderia ser interrompida pelas massas, e sim servir a elas. O próprio relato de Syrkis corrobora com esse sentido quando enfatiza que muitos de seus companheiros do movimento estudantil “Desbundavam”, deixavam de ser úteis, saiam fora na hora de tomar as armas, embora seguissem sendo apoiadores condicionais. Entretanto, a realidade seria cada vez menos guerra revolucionária, cada vez mais terrorismo de Estado, onde a possibilidade de incitar as massas à ação não teria respaldo na realidade. É uma tese que seria mais tarde posta em prática pelos militantes que buscaram a Guerrilha na Araguaia39. Naquele 1970, Jamil acreditava que haveria fases da revolução e quando a repressão aumentasse, as massas se militarizariam e se tornariam revolucionárias.

Críticas do racha da companheira Iara Há outro problema adicional. Os apoiadores da tese de Jamil alegam que no Congresso de fusão sua tese não pode ser apresentada. O documento faz uma apurada análise, um estudo aprofundado sobre a realidade brasileira e as formas de luta, mas se alega que houve uma manobra da direção que teria impedido a mesma de ser discutida e apreciada. O documento “Esclarecendo a ‘conferência’ regional de São Paulo” traz uma autocrítica de Claudia (Rita). Trata-se de Iara Lavelberg, em um de seus raros textos encontrados. Ao apresentar a crítica, traz desentendimentos dos distintos setores da Organização, “essas atitudes não constituem nada de inédito, a história conhece desde o período stalinista”. Ela segue criticando “por rotulá-los de neo-foquistas e anti-leninistas, antes mesmo de se ter discutido a estratégia e os companheiros disseram o que pensavam”. A conferência deveria ter aprofundado “discussão sobre tática”, pois “não se chegou a discutir, ou melhor, comentar, porque na verdade nada foi discutido”: 39

MECHI, Patrícia. Os protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na Guerrilha. RJ, Arquivo Nacional, 2015.

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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

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pages 343-346

A apuração oficial da Operação Juriti

9min
pages 321-328

REFERÊNCIAS

10min
pages 333-342

O deboche da paquera

9min
pages 309-315

As lembranças de Aluízio Palmar

4min
pages 316-320

CONCLUSÕES

6min
pages 329-332

Aristóbulo del Valle

15min
pages 300-308

A súplica de Cristóvão da Silva Ribeiro

3min
pages 298-299

Relatórios sobre militantes no Chile

5min
pages 295-297

A questão racial demarcada pela repressão

7min
pages 273-277

A Frente Política Ideológica

5min
pages 281-283

Gilberto Faria Lima e Cerveira

5min
pages 278-280

Iara Iavelberg e outras companheiras

10min
pages 267-272

Os Doze pontos e Guillen

19min
pages 284-294

A luta como lugar de macho

3min
pages 265-266

Sexualidade na vida clandestina

5min
pages 262-264

Questões existenciais?

3min
pages 260-261

Capítulo XIV - PROBLEMAS INVISÍVEIS: classe, gênero e raça Diversidade real, práticas machistas e patriarcais e preconceito de classe

1min
page 259

Um epílogo para Lamarca

8min
pages 253-258

A autocrítica de Herbert Daniel

10min
pages 247-252

O desligamento: Lamarca em seu nome e de Iara

6min
pages 240-243

Novos comunicados: a dissolução

4min
pages 244-246

Quem são os militantes

3min
pages 228-229

Os conflitos com Lamarca

7min
pages 236-239

Inquérito 162/70

15min
pages 216-227

A prisão do Comando Juarez de Brito

7min
pages 230-234

As denúncias de torturas

4min
pages 213-215

Triste destino

1min
page 212

O caso do embaixador suíço

13min
pages 204-211

O sequestro do embaixador alemão

6min
pages 200-203

O rápido sequestro do cônsul japonês em São Paulo

5min
pages 197-199

O sequestro do embaixador estadunidense

3min
pages 194-196

Capítulo - XI - OS SEQUESTROS E A VPR

1min
page 191

O caso da Pesqueira: um “lugar para Lamarca”

25min
pages 174-190

Os sequestros no Brasil

3min
pages 192-193

A grande fuga

5min
pages 171-173

A área de treinamentos

6min
pages 166-170

Estudos preliminares

3min
pages 164-165

O centro de treinamento no Vale da Ribeira

1min
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Situação da VPR

6min
pages 153-156

Inteligência revolucionária

6min
pages 157-162

Classe média na revolução

3min
pages 151-152

A delação de Claudio de Souza Ribeiro

4min
pages 146-148

O setor médico da VPR

3min
pages 149-150

Comportamento na prisão: o julgamento dos compas Capítulo IX - CONTRARREVOLUÇÃO, CONFLITOS INTERNOS, E CLASSES MEDIAS

15min
pages 132-141

Conter a desordem, novas resoluções e novas delações

6min
pages 142-145

Depoimentos de Maria do Carmo Brito e Jamil

10min
pages 126-131

Não se fala, mas se pensa sobre a tortura

5min
pages 123-125

Críticas do racha da companheira Iara

8min
pages 103-108

Imprensa e prisões

8min
pages 118-122

Regras de segurança Capítulo VIII - O TERRORISMO DE ESTADO SE IMPÕE: prisões, torturas e seu imenso impacto

10min
pages 110-117

A vanguarda se impõe

5min
pages 100-102

Uma base operária

1min
page 99

A criação da VAR-Palmares

12min
pages 92-98

O cofre: sorte e revés

3min
pages 90-91

Caminhos da vanguarda

4min
pages 56-58

Materialistas com espírito revolucionário

4min
pages 72-74

Um, dois, três, muitos estudantes

10min
pages 65-70

Grupo de Osasco a classe trabalhadora da VPR

10min
pages 59-64

Capítulo VI - ANO DE LUTAS, FUSÃO E RACHA

1min
page 89

Do quartel à clandestinidade

11min
pages 81-88

Fanzines

1min
page 71

Recompondo algumas das controvérsias iniciais

5min
pages 41-43

As vozes de alguns de seus militantes

10min
pages 35-40

A esquerda revolucionária

3min
pages 48-49

Breve linha do tempo

3min
pages 44-46

Caminhos da guerrilha

5min
pages 53-55

A discussão na VPR

4min
pages 50-52

Capítulo III - AS FORMAS DE LUTA E DA REVOLUÇÃO

1min
page 47

“Ousar lembrar”

2min
pages 25-26
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