Posteriormente, a caça aos envolvidos foi atroz e se tornou impossível realizar novas ações já que a repressão foi implacável após os desfechos, buscando, prendendo e matando aqueles envolvidos nos sequestros, tema que em si merece maiores estudos. Outro problema era para onde os resgatados iriam após a libertação, e aqui entram as negociações diplomáticas. No caso do maior sequestro, foi essencial o envolvimento do governo socialista de Salvador Allende. A chancelaria chilena buscou amenizar o impacto do recebimento dos sequestrados, aventando possibilidades de dividir com outros países a responsabilidade e mesmo buscando facilitar a saída dos resgatados do seu país. Tinham clareza também de que muitos dos resgatados eram atuantes politicamente na resistência à ditadura no Brasil. As ondas de denúncia contra a tortura que se seguiram ao resgate colocavam o governo de Salvador Allende no foco da imprensa internacional. Denúncias também foram produzidas no caso do embaixador alemão, já que o destino da Argélia tornava mais viável esse tipo de manifestação. Do ponto de vista diplomático era uma grande tacada dos sequestradores, pois o Brasil precisava aceitar as imposições das embaixadas que tinham seus diplomatas ameaçados. Nisso constituiu a força dos sequestros que conseguiram salvar a vida de mais de 100 pessoas: a pressão da comunidade internacional. Para aqueles militantes trocados, as dúvidas e incertezas foram imensas, já que eles não estavam diretamente envolvidos nas negociações, não tinham informações, não conheciam os demais companheiros que seriam libertados, desconfiando muitas vezes de que podiam ser infiltrados da repressão, e ainda duvidavam da palavra diplomática dos repressores quanto à preservação de sua integridade física.
Os sequestros no Brasil Dentro do quadro das ações bem-sucedidas foram quatro sequestros de diplomatas entre 1969 e 1970, que redundaram na libertação de 133 pessoas, conforme o quadro abaixo, que montamos a partir de informações dispersas. As listas de nomes a serem trocados sempre foram um campo de tensão entre as organizações e também com o governo da ditadura. Há controvérsias pontuais, sobretudo no caso do embaixador suíço porque os sequestradores não tinham informações exatas, indicaram 192