Capítulo II
AS ORIGENS DA VPR, POR ALGUNS DE SEUS MILITANTES Neste capítulo vamos mostrar as versões que alguns dos militantes iniciais da VPR registraram sobre sua organização em seus livros biográficos e autobiográficos. Não é intenção aqui discutir os problemas historiográficos relativos à memória. Em seguida, buscaremos traçar um quadro mais amplo de uma linha cronológica que nos ajude a entender a história dessa organização, e algumas das questões que permearão a análise.
As vozes de alguns de seus militantes “Quando se é revolucionário deve-se esconder tudo que o faça parecer um fraco”1
As formas como as organizações aparecem na memória daqueles militantes que desejaram e alcançaram registrar suas lembranças produzem visões sobre o grupo, trazem alguns elementos e deixam de lado outros. Enfatizamos aqui textos produzidos posteriormente, não aqueles inseridos no calor dos acontecimentos. Desta forma, pretendemos visualizar minimamente a forma como a memória se cristaliza. João Roberto Laque produziu a biografia de Pedro Lobo, um longo livro em que traz muitas histórias, com muitos detalhes, sobre vários momentos da VPR. Em 2010 ele produziu o livro em que narra a história de Lobo. Relata sua participação na fundação da VPR: Disposto a ir pro pau de qualquer jeito, depois de decidir seu rompimento com a proposta pacifista do Partidão, Pedro Lobo trata de ir arregimentando gente disposta a um enfrentamento físico e imediato com o regime. - Começamos a discutir com todos os companheiros que, como eu, tinham sido exonerados das Forças Armadas ou das policias militares estaduais. O objetivo era já a criação de uma nova organização de 1
VIEIRA, Liszt. A busca: memórias da resistência. São Paulo, Hucitec, 2008, p. 46.
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