o Brasil e o Chile, através da Argentina”23. Esses lugares não são fronteiras com o país vizinho e ao mesmo tempo, são lugares de denotadas experiências de guerrilha argentina.
Os Doze pontos e Guillen O relatório da “missão no Brasil” trouxe fortes indícios sobre como a espionagem estava funcionando. Contava com o fato de que Gilberto Faria Lima era “companheiro de toda confiança” 24 de Cerveira, e aquele fazia contatos com Johnson, que era um agente espião. Gilberto Faria Lima estivera no Vale da Ribeira, pode ser um dos que repassou as informações que constam no documento, pois ele esteve presente em muitos dos atos analisados por Guillen em sua obra. Até onde conseguimos compreender, Guillen propõe, após minuciosa análise do caso brasileiro, “doze pontos” para a ação, e sua análise se aproxima muito da de Lamarca, mas não temos indícios de seu contato direto com os militantes da VPR. Cerveira é o articulador desses pontos junto à Frente que estava montando. Em termos teóricos, há a aproximação com o pensamento desse espanhol, teórico da revolução, e que era referência para os Tupamaros uruguaios, sendo considerado seu “mentor intelectual”. Guillen era já conhecido no CIEX: Baseado no “Documento dos doze pontos, distribuído internamente por subversivos brasileiros no Chile, e encaminhado ao Uruguai, o líder subversivo uruguaio, ABRAHAN GUILLEN elaborou um estudo dos problemas ligados à revolução na América, sob o título Tesis sobre la revolucion em America. O citado documento trata de política, estratégia e tática, passando, em seguida, à experiência guerrilheira no Brasil, criticando todo o processo revolucionário brasileiro e apresentando diretivas, dizendo que la revolucion para ser um gran movimento de masas no tiene que subordinarse a viejas ideologias, sino crear su propia ideologia en su próprio programa de liberación.25
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CIEX, 558, 9/10/1972. Carta manuscrita de Cerveira. Não ignoro que haja suspeita sobre Faria Lima no caso de sua participação em 1971 no MRT, ainda no Brasil. 25 CIEX 264/72, C-3. Documento de organizações subversivas. ABRAHAN GUILLEN, 17/5/1972. 24
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