LiteraLivre Vl. 4 - nº 23 – Set./Out. de 2020
Karina Caputti Campestre/MG
Relato de uma sobrevivente ... Quando penso que a vida já apresentou todas as suas nuances Algo acontece e muda tudo de lugar mexendo com seu corpo e mente Hoje sinto dores físicas e emocionais inexplicáveis e duras As físicas irão passar o corpo irá se recompor As emocionais ainda não sei como lidar .... A vida é veloz em todos os sentidos Corremos demais não sei para onde... Não conseguimos parar na sociedade que exige dinamismo Flexibilidade, resiliência, capacidade de lidar com mudanças Velocidade, rapidez e competividade! Nos tornamos uma sociedade decadente O outro não tem significado e nem expressão Essa ausência de humanidade e de cuidado Torna homens cada vez mais estrupidos, egoístas e individualistas. A velocidade chega a 160 km não importa se tem outros O outro é um nada e sem significado sua vida ou morte. Uma imagem no retrovisor uma colisão iminente Um tranco, um estrondo, giros e capotamento Pensamento acelera, corpo sofre descarga emocional Preciso controlar, tenho que parar esse carro! Não consegui controlar! Parou quando a barreira se impôs Segundos, tudo muito rápido, eu sobrevivi! Para mim foram horas e o tempo perdeu sua dimensão Sentido da situação e corpo anestesiado. Para alguns a satisfação do prazer é maior do que tudo Um gole, uma cheirada, um sintético é tudo uma festa! Pandemia, pessoas morrendo, adoecendo e choros Nada disso importa e desce quantos goles forem possíveis Afinal, é sua vida, se você não sente empatia pelo outro Nada mais poderá salvar a sua humanidade!
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