LiteraLivre Vl. 4 - nº 23 – Set./Out. de 2020
Nuno Maria São Paulo/SP
Migração Nasci numa terra já conhecida Mapa de certo sertão Dela tirei o pão que é comida, Alimento que nasce do chão. Se a terra é quem me alimenta Fonte de água, leite e pão, O porquê dessa tormenta, De eu ter deixado o meu lindo sertão? Eu morava numa terra pequena Tinha umbu, caju e acerola Apesar da casa cinzenta A liberdade vinha com a aurora. Tinha um rio que cortava a cidade Passava pela Fazenda dos Cocais Um dia virou propriedade De certo capataz. No início, minha vida pouco mudou Bastava que eu pagasse Um jabá para o novo senhor. Quando a chuva não veio E por todos era previsto O rio que estava cheio Foi logo sendo interrompido. A água que era de todos Virou objeto de luxo Reservada a um pequeno povo Que pagasse ao capataz, A sua parte do lucro. Eu, que não tinha mais como pagar Pensei em partir Porque não adiantava esperar
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