LiteraLivre Vl. 5 - nº 26 – Mar./Abr. de 2021
Marcos Nunes Loiola Botuporã/BA
A vingança
Nenhuma empregada conseguia passar sequer um mês de trabalho na casa daquele casal. Xingamentos, calúnias, constantes humilhações, além das muitas exigências. Não havia psicológico que aguentasse a pressão. Os patrões eram prepotentes e repugnantes. Todas as empregadas estouravam de raiva e pediam demissão, exceto Joana, que estava prestes a completar dois anos atuando como babá de Gustavo, de três anos, e, também, como cozinheira do casal. Tinha sangue frio, mas não era de ferro. O estopim foi a acusação de furto. Ela acumulou muito ódio, e acabou por jurar para si mesma que retribuiria todo o sofrimento que seus patrões lhe causaram, durante aquele tempo. Num certo dia, o casal, ao chegar para o almoço, encontrou a casa vazia. — Joana?! Joana?! — dizia a mulher. — Gugu, onde está você, filhote do papai? Vasculharam a casa, mas não encontraram ninguém. O casal decidiu, então, procurar a vizinha: — A senhora viu Joana e Gugu, dona Ana? — perguntou o homem. — Há uma hora, um homem parou com um carro em frente à sua casa e levou Joana. Ela estava maquiada, bem arrumada e sorrindo. Carregava uma mala. Achei que vocês já estivessem em casa. — E Gugu, também estava junto? — retrucou o homem. — Não estava! — sentenciou a vizinha. O casal começou a ficar assustado. Ligaram para a polícia. Não sabiam mais o que fazer. Até que a mulher, atravessando a cozinha, encontrou um bilhete encaixado na porta do forno do fogão: Bom apetite, patrões.
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