LiteraLivre Vl. 5 - nº 26 – Mar./Abr. de 2021
Pinta o canto das cigarras O som das matas Pinta o cheiro do mato molhado Artista insaciável devora sua tela Pinta mais e mais... Pinta estradas desconhecidas Procura desbravar novos caminhos Pinta o instrumento silencioso do cantador… O olhar apaixonado do homem comum O som estridente da alegria das crianças E suas lúdicas fantasias A tela é corpo cansado... Precisa adormecer, é corpo exaurido, corpo nu Nos pés descalços Mais e mais pinturas, pinta cada pedaço Não és mais tela em branco, és tela habitada de entretons Colorido impossível de imprimir... Pela manhã, a mulher matizada, renasce tatuada de beleza A arte e as marcas da pintura estão encravadas em seu corpo Pureza e contentamento Depois de pintar tão belo quadro O artista de olhos desconexos apenas observa Contempla seu ofício, admira e se orgulha... Sua obra, tela corada, é corpo marcado de encanto Quadro harmonioso... Pintura sutilmente traçada pelas mãos do artista Pelos dedos pincéis Ele continua examinando o corpo nu vestido de beleza O artista, apaixonado pela sua criação Se entrega a paixão e ama delicadamente sua mais recente obra de arte
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