A CONDENAÇÃO DE LULA MARCOU A TRANSIÇÃO DO ESTADO DE DIREITO PARA O ESTADO MIDIÁTICO PENAL E O NASCIMENTO DO “JUIZ AVESTRUZ” Djefferson Amadeus* O salmo 37 – “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará” –, no Código Moro (CM) está traduzido da seguinte maneira: “Entrega o teu caminho ao Moro, confia nele... e a “convicção” te condenará” (salmo 37, CM).
Este é um texto duro – ou melhor – duríssimo. Afinal, a condenação de Lula, do modo como está posta, estabelece uma nova era: a idade mídia, ou seja: a transição do Estado Democrático de direito para o Estado midiático penal. Isto porque, na idade mídia, tudo – ou quase tudo, no fundo – pode (ao mesmo tempo) ser e não ser. Isto é, as palavras podem dizer (e ao mesmo tempo) desdizer. Assim, na idade mídia, o juiz pode dizer, na segunda-feira, que o “que não está nos autos não está no mundo”; e na terça-feira, por sua vez, afirmar que o “que não está nos autos não está no mundo”, salvo se se tratar de fato amplamente divulgado na mídia. Portanto, nem “boca da lei”, nem “dono da lei”; o juiz da era mídia é um “boca da opinião pública (da)”.
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Mestre em Direito e Hermenêutica Filosófica (UNESA-RJ), bolsista Capes, pós-graduado em filosofia (PUC-Rio) e Processo Penal (ABDCONST). Bolsista Pesquisador na Coop. Social da Fiocruz. Advogado Eleitoralista e Criminalista.
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