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ETERNIDADE!
Copyright © 2021 by Rita de Cássia Cartelli de Oliveira Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Capa Moai Comunicação Foto de Capa Amani Spachinski de Oliveira – Acervo da família Revisão Dérik Moreira da Silva Edição Jair Elias dos Santos Júnior Nova História Assessoria e Gestão Cultural Projeto Gráfico André Luiz Alves Moai Comunicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, Amani Spachinski de .... para a eternidade! / Amani Spachinski de Oliveira. -- 1. ed. -- Campo Mourão, PR : Nova História Pesquisas Históricas, 2021. ISBN 978-65-993363-7-9 1. Oliveira, Amani Spachinski de, 1952-2015 2. Poesia brasileira I. Título.
21-64816
CDD-B869.1 Índices para catálogo sistemático:
1. Poesia : Literatura brasileira B869.1 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
[2021]
Todos os direitos desta edição reservados à NOVA HISTÓRIA ASSESSORIA E GESTÃO CULTURAL Rua João Teodoro de Oliveira, 171 | Parque das Acácias Campo Mourão | Paraná | [44] 99923-4760 www.novahistoriapr.com.br
Amani Spachinski de Oliveira
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ETERNIDADE!
1ª Edição Campo Mourão - PR
AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA
APRESENTAÇÃO ZERO O MARCO UM RUMO AO PORTO SEGURO DOIS NINGUÉM PERDE A FÉ TRÊS OUTRA DIMENSÃO QUATRO FÉ, CONHECIMENTO E ORAÇÃO CINCO MITOS E PRECONCEITOS SEIS DEUS NÃO SE DEFINE SETE GARANTIA DE PERFEIÇÃO E ETERNIDADE OITO O PODER DA PALAVRA E DA ORAÇÃO NOVE A COMUNICAÇÃO E AS RELAÇÕES ENTRE FÉ, RAZÃO E EMOÇÃO DEZ A LEITURA E O PROFETA ONZE VIVER PARA NÃO MORRER DOZE MARKETING DA FÉ TREZE SER E TER PAI QUATORZE UM ANTÍDOTO PARA OS MALES DA SOCIEDADE QUINZE CHAMADO À VIDA DESESSEIS SÁBIO É VOCÊ DEZESSETE UMA SOLUÇÃO SIMPLES DEZOITO REMÉDIOS PARA SOLIDÃO
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DEZENOVE AINDA HÁ UMA ESPERANÇA VINTE QUEM É LIVRE É FELIZ VINTE E UM CIDADE-NINHO VINTE E DOIS MINHA MISSÃO VINTE E TRÊS O LIVRO, A VIDA E A LIBERDADE VINTE E QUATRO UMA GUERRA QUE PRECISA SER VENCIDA VINTE E CINCO SOCORRO ESTOU CAINDO VINTE E SEIS PROCURAR RESPONSÁVEIS OU APONTAR SOLUÇÕES? VINTE E SETE UM POUCO DE OTIMISMO VINTE E OITO A INTELIGÊNCIA PROMOVE A PAZ A ESTULTÍCIA A GUERRA VINTE E NOVE MAIS UM PASSO PARA GARANTIR SUCESSO TRINTA INTREPIDEZ DE VALENTE GUERREIRO TRINTA E UM CADA DIA MELHOR TRINTA E DOIS ATO DE LIBERTAÇÃO TRINTA E TRÊS LER E ESCREVER PARA NÃO MORRER TRINTA E QUATRO O PENSAMENTO GERA A FELICIDADE TRINTA E CINCO FELICIDADE OU MOMENTOS FELIZES TRINTA E SEIS SONHAR PARA VIVER TRINTA E SETE NÃO POSSO LHE FALAR SOBRE LIBERDADE 5
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AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA
TRINTA E OITO AS NASCENTES ESTÃO MORRENDO TRINTA E NOVE POR FAVOR NÃO DEIXE A TERRA MORRER QUARENTA A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO QUARENTA E UM ORAÇÃO DO HOMEM NA CRUZ QUARENTA E DOIS O REAL SIGNIFICADO DA VIDA QUARENTA E TRÊS UMA QUESTÃO DE LÓGICA QUARENTA E QUATRO TEMPOS FORTE DA POLÍTICA QUARENTA E CINCO UMA LIÇÃO CHAMADA POLÍTICA QUARENTA E SEIS FICAR NISSO E MORRER DISSO QUARENTA E SETE PARA NÃO DIZEREM QUE NÃO FALEI DE AMOR QUARENTA E OITO POLÍTICA, MODERNIDADE E LIBERDADE DE ESCOLHA QUARENTA E NOVE SABER E PRATICAR POLÍTICA CINQUENTA ETERNA DÚVIDA CINQUENTA E UM TRANSMUTAÇÃO CINQUENTA E DOIS O ESCRITOR E O LIVRO CINQUENTA E TRÊS A DIALÉTICA DA PATERNIDADE CINQUENTA E QUATRO O TEMPO E A MEMÓRIA CINQUENTA E CINCO É PRECISO SONHAR DE NOVO COM UM BRASIL DE ENCANTOS MIL CINQUENTA E SEIS O SONHO DA LIBERDADE É POSSÍVEL
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CINQUENTA E SETE QUISERA SER PROFETA, MAS SOU ELEITOR CINQUENTA E OITO O LIVRO DA LIBERTAÇÃO CINQUENTA E NOVE VIVA A DEMOCRACIA SESSENTA O LENITIVO DA ALMA SESSENTA E UM REFLEXÃO DIFERENTE SESSENTA E DOIS VIDA E MORTE SESSENTA E TRÊS ANGÚSTIA, DOR DO FUNDO DA ALMA SESSENTA E QUATRO O ENIGMA DA VIDA SESSENTA E CINCO CORPO E ALMA NOBRES DILUÍDOS EM DEUS SESSENTA E SEIS A INTUIÇÃO RESPONDENDO PARA A RAZÃO SESSENTA E SETE UMA LUZ NO FUNDO DO TÚNEL SESSENTA E OITO CONSCIÊNCIA E ÉTICA NO TRABALHO SESSENTA E NOVE O MISTÉRIO DO NATAL SETENTA UM POUCO DE PROFECIA PARA O ANO BOM SETENTA E UM AGORA É A HORA CERTA SETENTA E DOIS NOSSA CONTRAPARTIDA SETENTA E TRÊS CARNAVAL, UMA FOLIA LIBERTÁRIA SETENTA E QUATRO PARA EDUCAR É NECESSÁRIO AMAR SETENTA E CINCO ESPIRITUALIDADE E VIDA SETENTA E SEIS CONSIDERAÇÕES FINAIS MEU GRITO DE LIBERTAÇÃO 7
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Apresentação A procura de um marco para o Colégio Estadual Marechal Rondon em homenagem a inauguração da Biblioteca Comunitária Professor Amani Spachinski de Oliveira prevista para 22 de maio de 2021, entre tantos poemas, crônicas, ensaios, contos inéditos em arquivos, pastas, HDs e driver ainda para publicações, encontrei este livro quase pronto para editar, não restaram dúvidas: é o livro mais indicado para brindar com todos os leitores em uma biblioteca sonhada, transformada em realidade sob as mãos de diversas pessoas. Muitas outras obras virão, mas este livro apresenta o amor, a luz, o jeito simples, profundo do Autor que das palavras fez a escrita discorrendo em cada capítulo dividido pelos números, o vai-e-vem da vida pelo cotidiano. Aos Leitores que conheceram o Professor Amani, ouvirão em cada página a voz do mesmo e sentirão a sua presença pela força de sua vivência atemporal, também poderão contemplar algumas fotos e documentos para que compreendam o gesto nobre da Comunidade Escolar do Colégio Estadual Marechal Rondon de Campo Mourão – Paraná – Brasil em declarar e aprovar o nome do Escritor para nominar a Biblioteca Comunitária do Colégio Estadual Marechal Rondon. Aos leitores que não o conheceram terão em cada página a compreensão da ciência da vida pela leveza da luz, mas qual será? Você descobrirá. Além de Professor, Escritor, O Poeta do Grito, apaixonado pela leitura e escrita, participou de muitas ações comunitárias, salvou muitos jovens, resgatou a vontade de viver em muitos adolescentes, jovens e adultos. Ensinou e mostrou a força de perdoarse e perdoar o outro. Escreveu oito livros, dois eletrônicos e dois prontos, mas ainda não editados. Uma Vida e um Mundo Melhor Para se Viver, Anseios D’Alma, Um Et no Oeste do Paraná, As Luvas do Capitão Gancho, Gritos de Amor e Paixão, Pérolas Preciosas, Leão da Montanha, O Lobo do Terceiro Planalto e o Buquê de Versos e mais de trinta obras editadas em coletâneas de Campo Mourão, Paraná e Brasil. Também, mais de uma centena 9
em jornais e revistas espalhadas em páginas e concurso na internet. Todos os seus alunos, hoje adultos, Pais e Profissionais não o esquecem e carinhosamente lembram de suas palavras, suas aulas e seu amor. Gratidão e amor a todos que presentearam In Memoriam a Amani Spachinski de Oliveira, a lembrança eterna de sua maior tese: “Distinguimos a leitura como a forma de comunicação mais completa que o ser humano possa ter criado.”. A cada página a seguir pela sua leitura é como se estivesse a ouvir o Autor presencialmente. Rita de Cassia Cartelli de Oliveira
Pai Aproveitei pouco A nossa convivência Nessa correria de louco Eu não tive paciência De observar o seu legado E a sua essência Para aprender que: o necessário, Somente o necessário que O extraordinário é demais Simples assim! Victor Neri de Oliveira
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Dedicatória de um Filho que não conseguiu despedir-se de seu Pai, mas que os momentos vividos em sua companhia eternizam pelos exemplos, pelas palavras, pelas escritas, pelos vídeos, mas principalmente pela alma. Mais um livro... quantos mais já estariam publicados meu querido Pai? Realmente não posso responder a essa pergunta, mas o que tenho certeza é que essa mente brilhante do amado professor Amani Spachinski de Oliveira, ficou aqui nesse mundo, e não transcendeu como você me explicou... Ficou no coração das pessoas que você ajudou com a Filosofia Clínica, ficou nas lágrimas dos seus alunos que você emocionou com a filosofia da vida, continuam muito forte na memória e na vida dos seus netos, filhos e esposa! Pois é, a alma realmente existe como explicam os últimos estudos publicados sobre a mesma, e não se vai com o corpo físico, por isso quero convidar a todos que usem e abusem da alma do professor Amani em todos os seus livros, palestras e ensinamentos, eu continuo usando cada dia e com isso posso dizer: EU AMO VOCÊ! Estocolmo, 14 de abril de 2021 Vinícius Emanuel de Oliveira
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0 ZERO
O MARCO
O marco zero é o início de uma viagem a um mundo cheio de mistérios, que vão se revelando aos poucos. É como entrar em uma embarcação, começar percorrer o mar imenso, profundo e cercado de selva inexplorada, onde existe toda espécie de flora, fauna e minério desconhecidos. Haverá vezes que será necessário parar o barco e mergulhar mar ao fundo, para poder ver e compreender melhor as coisas. Noutras oportunidades dever-se-á distanciar-se das margens e avançar mar adentro, para buscar novos horizontes, enxergar longe e visualizar novas plagas. Algumas vezes, ainda, é preciso ancorar na encosta, desembarcar e embrenhar-se mata adentro, para descobrir e conhecer outros mistérios, fora das águas. Assim, caro leitor, você é convidado a participar ativamente das páginas seguintes e saborear com gosto as conclusões que lhe proporcionarão um grande bem-estar físico, psicológico, intelectual e espiritual. As reflexões aqui apresentadas giram em torno das angústias, das buscas, dos anseios, das esperanças, do comportamento ético, cívico e cultural do homem e de suas práticas e vivências em relação a Deus, a si mesmo e a sociedade onde habita. O ser humano busca ser feliz. Porém, a procura da felicidade deve ser sempre bem fundamentada e localizada em lugares certos, para não se correr o risco de aportar em um porto que não seja seguro e se decepcionar. Boa leitura e que estas páginas sejam um pouco de luz em seus caminhos, tragam-lhe muita paz e ofereçam-lhes oportunidades para toda espécie de sucesso.
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AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA
Amani, o poeta que gritou o amor para a liberdade de vidas. Campo Mourão, 9 de maio de 2021. Lorene de Oliveira Beloso
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I
UM
RUMO AO PORTO SEGURO
Na cotidiana busca de novas descobertas para explicar tantas e tão profundas questões que se avolumam em sua memória, o Ser Humano pode percorrer doutrinas, enfrentar sabatinas, perscrutar fragmentos, pesquisar e investigar incansavelmente, até chegar, o mais próximo possível da verdade. Cada um procura, a seu modo, porém com a mesma sede e busca perdurará por toda a vida e pela eternidade.
O cunho filosófico, teológico, político e sociológico destas reflexões tem por intenção promover na “cabeça” das pessoas, que se dispuserem à sua leitura consciente, o descobrimento de elementos de pesquisa e dados importantes, para iniciar novas investigações e descobertas de caminhos diferenciados, que as levarão ao “porto seguro” do conhecimento. Comecemos por entender o significado etimológico, — (lembrando que etimologia é o estudo do significado funcional de um termo ou palavra, ou seja, o que a palavra expressa e quer dizer) —, dos termos Filosofia e Teologia. Filosofia vem de dois termos gregos: Philo (Filó) que significa amigo, amante e mais o termo Sophia (Sofia) que significa saber, conhecimento, sabedoria. Isso resultou na expressão Filosofia que significa amigo (amante) do saber. Teologia tem o mesmo processo etimológico, vem do grego Theos (Teós) que significa Deus e mais o termo Logia (de lógos) que significa estudo, tratado. Portanto, Teologia é o estudo, o tratado, a pesquisa ou o conhecimento sobre tudo que diz respeito Deus. A filosofia trata do conhecimento racional referente ao cosmos, à natureza, aos animais irracionais, aos minerais, aos seres em geral e ao homem. É o conhecimento do pensamento humano e tudo o que lhe diz respeito, como raciocínio, memória, imaginação, etc. Além disso, existe a Filosofia Prática, que levanta as questões da lógica, da ética, da estética, da política e assim por diante. A Teologia trata do conhecimento da Fé. Procura conhecer a Sagrada Escritura, a tradição oral, os feitos apostólicos, os dogmas, a espiritualidade humana, as religiões, etc. 15
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Amani para mim é a lembrança de uma alma generosa, de um homem correto, tão gentil e bondoso que às vezes me parecia ingênuo. Meu grande amigo, coração de menino que a tantos conquistou. Cida Freitas
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II DOIS
NINGUÉM PERDE A FÉ
Existe muita especulação em torno da afirmação antiga de que “toda pessoa que estuda, ou conhece a Filosofia e a Ciência, entra em crise existencial e perde a fé”. É mentira. Quem chega ao ponto de perder a fé, só por estudar mais, de duas uma: nunca foi pessoa de fé, não entendeu nem aceitou esse estado de espírito; ou não estudou correta e adequadamente, a Filosofia e a Ciência.
Adquirir conhecimentos filosóficos ou científicos é uma realidade, ter Fé e “experimentar” a dimensão espiritual da vida é outra bem distinta. É inadmissível uma pessoa dizer-se sábio e afirmar que, por isso, perdeu a Fé. Daí a necessidade de investigação filosófica cientifica fundamentada, para compreender essa diferença. Se a pesquisa for científica o resultado será apenas o que provam as experiências vistas, ouvidas, apalpadas, cheiradas ou degustadas, através dos cinco sentidos materiais. Se a pesquisa for filosófica o resultado será na ordem intelectual, em decorrência do raciocínio lógico, exercitado pela razão. Juntadas as duas, será meio caminho andado, falta somente a outra metade. É aqui que alguns estudiosos chegam e param. Admitem somente o filosófico ou somente o científico, em relação à humanidade e ao mundo. A outra metade, outra parte ou continuidade do caminho somente será, efetivamente, realizada com mais dois recursos. O primeiro é a intuição, capacidade essencial do ser humano. É uma abertura imediata para o conhecimento e para as conclusões. É uma ação muito rápida e dinâmica do espírito, que a lentidão do pensamento não consegue decodificá-la e, consequentemente não a experimenta na sua totalidade, salvo em casos excepcionais, como os êxtases (estados alfas), por exemplo. E, neste estado, pode acertar e resolver qualquer problema, mesmo parecendo insolúvel. O segundo recurso é o movimento da Fé, a ação da graça, (força divina no homem), que o habilita e o capacita para “experimentar” compreender e assumir, sua dimensão espiritual, que o faz parecido com Deus. 17
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Então o caminho somente será completo se forem agregados o conhecimento e a fé. Quando o cientista tenta refutar a fé, nem sempre significa que ele não a tenha. E quando afirma não ter fé, nesse momento está reforçando a tese de sua necessidade, visto que jamais alguém pode negar algo que não exista. O filósofo que diz ter perdido a fé está enganado, porque é próprio da Filosofia a busca do eterno. Se o está buscando é porque existe e pode ser encontrado. Quem afirma não ter encontrado é porque supõe que exista, senão não procuraria. Por que procurar uma coisa que não existe? Quem se diz filósofo e não tem fé, não é filósofo. O mais materialista de todos os filósofos tinha sua crença e acreditava nisso. Portanto, não se pode jogar a culpa na Ciência ou na Filosofia, caso não se tenha a Fé. Ninguém a perde, porque ela marca, um sinal infundido na essência do ser. Não se deve ter medo de estudar e, após tanto estudo, pensar que perdeu a fé, isso não deve ser causa de preocupação, pois é sinal que jamais a teve. Isso pode acontecer, também, para quem não tenha estudado. Existe pessoa culta sem fé e existe pessoa ignorante sem fé. Assim como existe pessoa culta que crê e existe pessoa ignorante que crê vivamente. Mas nem a fé e a possibilidade de adquiri-la deixam de existir, tanto para o sábio quanto para o não sábio.
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III TRÊS
OUTRA DIMENSÃO
Mais que pensar sobre a fé é preciso envolver-se com essa questão. As religiões falam em conversão. Conversão é convergência. O que é convergir? É, nada mais nada menos, que mudar de rumo, mudar de direção. Em estando num caminho errado, o transeunte para, reflete, analisa e faz a conversão para o caminho certo, que o levará ao fim correto. Na caminhada da História Sagrada do Homem sobre a Terra, a dinâmica é a mesma. Um dado momento da vida é preciso parar, refletir, analisar e tomar nova atitude. Isso é conversão, é envolvimento na questão da fé.
Para que aconteça a conversão, o caminho mais seguro e certo é o da comunicação. Quando entra no processo da comunicação e começa procurar ansiosamente a explicação da própria origem, o significado da existência, seu fim último e as realidades que lhe fogem ao raciocínio lógico, o ser humano torna-se inquieto, e se torna inconformado, até que encontre alguma forma de explicação, que lhe mostre a verdade e acalme os ânimos. Porém, muitas vezes, isso leva quase a vida toda. A cada passo dado, no infinito universo do conhecimento, encontra-se sempre alguma surpresa. Quanto mais se embrenha na misteriosa floresta do saber, tanto mais quebras cabeças, enigmas e incógnitas são encontrados. Há os de fácil solução, porque são explicáveis pela experiência científica ou pela conclusão filosófica, mas também existem os inexplicáveis, por fugirem à compreensão sensível. Estes últimos pertencem a outra dimensão que não está ao alcance da compreensão intelectual humana, nem de seu raciocínio, somente podem ser alcançados pela fé. Porém, é preciso tomar cuidado para não atribuir valor de existência espiritual a fatos e fenômenos que nada têm de verdadeiro, como, por exemplo, as superstições. Acreditar em verdades transcendentes, dogmáticas e teológicas, faz parte do processo de conhecimento engendrado pela razão humana, que levá-lo-á à verdade sobre o que existe nesta dimensão e, também poderá dar sustentação, fundamentação e segurança, para que se possa crer nas realidades existentes em outra dimensão, ou seja, no lado sobrenatural. 19
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Não se pode esquecer, contudo, que esta dimensão é de domínio da Teologia. A palavra dimensão sugere a ideia de “estado”, não obstante, os humanos tenham arraigada, na memória, a conotação de “espaço” a esse conceito e, o que é pior, espaço físico. Essa concepção de “espaço físico” lhe é atribuída pela tentativa de querer entender tudo o que diz respeito à origem, à existência e ao fim de todas as coisas, inclusive o “sobrenatural”. Esquece-se, que existem entidades, seres e objetos que fogem da dimensão de tempo e de espaço material. Todavia são realidades que, independentemente de as conhecermos ou não, de as compreendermos ou não, e de ter-se qualquer relacionamento com elas, existem e continuam existindo. O espírito não ocupa espaço, pois trata-se de mero sopro, emanação de Deus. É o próprio Deus que se alastra às suas criaturas e as vivíficas. O espírito, portanto, não possui a estrutura atômica da física. Ele não é criatura, mas parte do Criador. A vida pertence a Deus. Quando se pensa, o ato de pensar não ocupa espaço, porém é real como parte do ser pensante. Como o ato do pensamento é possível e, portanto, real, assim também, a dimensão espiritual é possível em Deus e, portanto, realidade aqui e na eternidade. Fica aqui o convite. Entremos no processo da Fé e mergulhemos na dimensão da espiritualidade, o que em outras palavras é um convite a ser santo com Jesus Cristo para encontrar-se com Deus na dimensão da eternidade.
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IV QUATRO
FÉ, CONHECIMENTO E ORAÇÃO
Quando o Ser Humano se predispõe a conhecer Deus e tudo o que a Ele se refere, há que se precaver com relação ao fato de que entrará num universo infinito de mistérios que não lhe são dados compreender nesta dimensão de sua existência limitada. É necessário purificar o pensamento e peneirar os incontáveis pré-juizos que, durante toda vida, vem sendo registrado na memória, desde os tempos do ventre materno. As ideias erradas que lhe foram impingidas sobre Deus e que estão gravadas nos porões do subconsciente, isto porque, toda pessoa se acha no direito de explicar sobre Deus, assim como lhe convém. O perigo reside aí. Qual é a concepção que se aprendeu e que foi gravada sobre Deus e a vida espiritual em nossa memória? Conforme a origem e a forma do conhecimento que tenha recebido, assim será sua convicção religiosa e sua maneira de ver e compreender Deus. Daí a necessidade de se ter Fé. Porém, a Fé, para atingir a verdade, dever ser ativa e dinâmica, tem que ser pura, sem mistura, sem superstição. A verdadeira fé é uma virtude que se enraíza no interior da pessoa humana. É infusa por Deus no Ser Humano, com a graça. Para compreender melhor, pode se comparar com o ato de plantar uma semente na terra. Aliás, Jesus Cristo usou essa comparação quando falou da Parábola do Semeador. Assim como a semente, no seio do solo, vai se movimentando e se torna uma árvore frondosa, assim também a fé é uma espécie de movimento que vai crescendo dentro do Homem até tomar completamente todo seu ser. Fé é virtude e virtude quer dizer força. E o que é essa força que se tem dentro de si, se não for a própria vida? Ninguém conhece a Deus e, portanto, pode experimentar sua vida e graça, em si, se não for pela Fé. Então todo aquele ou aquela que quiser conhecer, amar, servir e experimentar Deus, necessariamente terá que abrir-se para a Fé. Na hipótese de que já se tenha a Fé e que se conheça e aceite Deus, como poderá ser o relacionamento entre o ser criado e o Criador? Em outras palavras, como se dá a comunicação do homem com 21
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Deus? O caminho mais acertado e profícuo é o da oração. O que é rezar, orar? Como deve ser a oração das pessoas que creem e que pretendem comunicar-se com o Pai? Pode acontecer que, por pré-juízo em relação a isso, se esteja rezando erradamente. Orar de fato, é estar com Deus. É o encontro pessoal/espiritual com Ele. Oração é a contemplação do Divino pelo humano. Contemplar significa ver Deus, não com os sentidos materiais, não com o organismo físico, biológico, mas com o senso da Fé, com a essência do ser, com a alma. Quem consegue entrar nesse grau de elevação e contempla, de forma pura e livre, a Deus, entra em êxtase. Os teólogos chamam a isso “união hipostática”. É a qualidade da pessoa santa. Jesus, enquanto homem, nos foi modelo dessa forma de oração. Ele, de fato, contemplava o Pai. A primeira coisa que algumas pessoas fazem quando vão orar, é “colocar a carroça na frente dos animais”. Primeiro pedem, depois oferecem umas poucas palavras em troca, como se Deus precisasse disso. Outras pessoas até exageram, fazem promessas para Deus. “Se o Senhor me der o que estou lhe pedindo eu vou lhe dar isto ou aquilo”. Sem falar dos que comercializam seu pseudo poder de oração. Mas este é outro assunto, para outra ocasião. Hoje fiquemos com estas ideias principais: conhecer e viver em Deus é pressuposto da virtude da Fé e o caminho mais curto e certo para ter a Graça de Deus e poder mergulhar na plenitude Divina em profundidade, é a Oração. E, finalmente, rezar é contemplar e estar com Deus. Disso decorre que poderemos louvar, agradecer, bendizer e confiar nossos anseios a Ele. Daí sim, poderemos até pedir tudo o que necessitarmos, pois, nossa fé é fruto de um profundo conhecimento que se transforma na mais sincera oração.
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V CINCO
MITOS E PRECONCEITOS
Na escola da vida se aprende fazendo, na escola do conhecimento se aprende lendo. Quanto mais necessidades tem o homem de conhecer, tanto mais necessidades ele terá de quebrar paradigmas, transpor barreiras e atingir metas. O que mais o atrapalha na busca da verdade são os preconceitos, as pré determinações, os mitos e falsos mitos, criados ao redor de si e que acabam fazendo parte de sua história e de sua vida. Em rememorando tempos remotos da própria existência, o ser humano depara-se com fatos, objetos e conceitos guardados nas lembranças e que marcaram sua história cultural, social e religiosa, assim como marcaram também, as abrangências do seu conhecimento científico, filosófico, teológico e sociológico, sobre a vida, a morte, o mundo, o tempo, a verdade e sobre Deus, definitiva e profundamente. É possível, para algumas pessoas, que os preconceitos mais determinantes foram os relacionados com a mitologia e referências sobrenaturais. Toda pessoa, principalmente no tempo da infância, passa por momentos muito fortes em seu convívio com o meio, com pessoas e fatos. Em seu cotidiano convive com fenômenos e seres que, para ela naquele momento, têm dimensões infinitamente grandes e não administráveis por seu raciocínio e consciência, que ainda não estão totalmente despertos e quase não utilizados. Diante disso qualquer acontecimento toma proporções enormes e passa não ser controlado por sua razão discursiva, sendo apenas conhecido e experimentado pela razão intuitiva, de atuação quase que somente instintual. As consequências poderão ser observadas na vida adulta onde aparecem em forma de medos inconscientes, (e até conscientes), de tudo o que foge a seu controle físico material. Por desconhecer esse processo filosófico de organização do conhecimento sobre todas as coisas, existem pessoas que misturam as coisas vivendo num mundo interior muito inseguro, sempre nos limites e à beira de abismos imensos. A insegurança, na maioria das vezes, é fator preponderante em suas vidas. Por indecisão, não sabendo que rumo tomar, são facilmen23
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te conduzidas por mãos estranhas e mal intencionadas. É mister que se desperte para a verdade, saindo imediatamente do “senso comum” para uma consciência crítica bem fundada. Para isso não há necessidade de ter realizado algum curso nas maiores universidades do mundo. A sabedoria é um dom, presente, reservado e doado aos humildes de coração, porém não aos preguiçosamente ingênuos. É preciso buscar, e com muito trabalho e esforço, o verdadeiro saber. O caminho do encontro com a sabedoria é relativamente simples e descomplicado. Quem entra nele naturalmente, sem orgulho e vaidade, somente com o desejo puro de aprender mais, certamente se dará bem. É preciso desfazer os falsos mitos que foram construídos com o decorrer do tempo na cabeça das pessoas. Eles provocam a incerteza as tornam vulneráveis por qualquer proposta, mesmo falsa, de sucesso imediato. Não existe formula mágica de atingir a verdade e, muito menos o sucesso e a felicidade. Para tanto é preciso trabalhar, e muito. O primeiro passo é começar ler. A leitura é o mais seguro recurso para a libertação e para a felicidade.
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VI SEIS
DEUS NÃO SE DEFINE
Por mais que procure uma explicação para certos mistérios do Mundo, do tempo e da vida, o homem jamais a encontrará, na forma e do modo como procura. Há momentos que se faz necessário extrapolar os limites dos horizontes vistos e experimentados puramente por sentidos materiais. Nossos olhos somente enxergam o que queremos enxergar. Os ouvidos somente ouvem o que queremos ouvir. Quando se trata de algo cômodo e agradável para nosso organismo emocional, então ousamos ver, ouvir, sentir, degustar, apalpar. Mas, se ao contrário, nos deparamos com realidades que fogem a essa forma tradicional de agir, então preferimos não aceitar, refutar e, nem mesmo procuramos esclarecer melhor, porque o mistério é mais atraente e não necessita de explicação.
A verdade racional, lógica, como ela é, nos interessa pouco. Preferimos ficar no senso comum, na opinião da maioria, no senso mitológico, nos “contos da Carochinha”, porque não nos comprometem e nem exigem de nós maiores esforços. Muitas pessoas me perguntam: quem é Deus para você? Qual o conceito que você tem sobre Deus? Eu lhes digo. Deus não se define. Ele É. Com isso a resposta estaria dada, mas as pessoas não se conformam. Sua fé não é suficiente para aceitarem que Deus simplesmente é e ponto final. Elas querem uma prova científica, matemática, que lhes acomode a consciência. Querem uma explicação material, para aquilo que é espiritual. Então, como todo estudioso, preciso dizer que, as Sagrada Escrituras apresentam e explicam Deus, mas para acolher e compreender essa Verdade, é necessária humildade, simplicidade, mansidão, boa vontade, sinceridade e fé. Para encontrar, aceitar e seguir Deus, a partir das Páginas bíblicas, é mister ter um mínimo de capacidade par interpretar a simbologia utilizada pelo autor sagrado e o máximo de boa vontade para refletir e acolher sua Palavra. Aí os céticos, orgulhosos e prepotentes, argumentam que tal explicação não os convencem e precisam de mais “dados”, mais “fundamentação”. Nesse caso temos o recurso da 25
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Ciência que não se propõe explicar explicitamente quem é Deus, mas também não se utiliza de recursos científicos para negar sua existência. Pelo contrário, prefere permanecer num campo neutro, “graças a Deus” nas questões de fé. No entanto, para estudar Deus à luz da Ciência é necessário grande esforço. Existiram cientistas que passaram grande parte da vida investigando o sobrenatural e chegaram a um momento que não quiseram aceitar as provas contundentes sobre a realidade Divina preferindo ficar escondido atrás de uma monumental montanha de “provas” contra o sobrenatural. Porém, nos bastidores, sempre acreditaram existência divina e pediram sua proteção. A Ciência é a prova mais evidente de que Deus é. Alguns estudiosos das ciências tentam eliminar todas as possibilidades da atuação Divina sobre a Terra, mas não conseguem explicar a origem primeira de tudo. Justamente aí está a maior prova. É necessária uma primeira força, um primeiro movimento para que tudo comece a existir e transformar-se. Nossa busca de explicação, para os chamados mistérios sobrenaturais, deve ser salutar e não desesperadora a ponto de nos angustiar. Quando estudarmos e investigarmos sobre Deus, o processo e os resultados deverão ser para nos alimentar e não para nos confundir e angustiar. Quem conhece e compreende a vida de alguém que ama torna-se realizado e feliz? Assim também deve ser em relação a Deus. Esta é uma reflexão que nos introduz em um caminho seguro de investigação teológica e de fé sobre a dimensão Divina. De tudo o que se investiga e se busca sobre Deus, ficará sempre a seguinte afirmação. Ele É, independente de minha fé, e até mesmo de minha própria existência. Quer creia ou quer não creia, quer conheça ou quer não conheça, Ele estará sempre aqui, me preenchendo todo o interior de meu ser ou me envolvendo totalmente como uma belíssima embalagem que protege, dá segurança, embeleza e dá vida a seu conteúdo.
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VII SETE
GARANTIA DE PERFEIÇÃO E ETERNIDADE
Existe no ser humano uma tendência natural à busca da eternidade e perfeição. Há quem acredite que se descobrisse que jamais morreria, sua vida seria mais feliz neste mundo. Desse anseio profundo do homem, em ser eterno e perfeito, nasce sua necessidade vital de tratar com Deus que é eterno e perfeito em sua natureza. Os homens buscam a própria perfeição como garantia para a eternidade. Essa busca se dá através do relacionamento com Deus, que provoca a convivência do humano efêmero, com o Divino perene. Isso pode acontecer de diferentes formas, durante todas as horas e dias, da vida do ser humano. Essa é a verdadeira oração, ou seja, o relacionamento efetivo e a convivência amistosa com Deus. Então, em que pé está nosso relacionamento com Deus? Como anda nossa convivência com o Pai? É preciso rever isso. Estamos agindo corretamente em nossas orações? Sobre o nosso encontro cotidiano com o Ele é mister considerar dois aspectos determinantes. O primeiro diz respeito ao fato de não estarmos tratando com um Ser semelhante ao homem. Lembremo-nos que Ele disse “Façamos o homem, a nossa imagem e semelhança”, e não, “De hora em diante sejamos semelhantes ao homem”. Entre isto e aquilo há uma grande diferença. Portanto, Ele é Divino e nós somos humanos. Isso jamais poderemos esquecer ou mudar. O outro aspecto é relacionado ao fato de não sabermos direito o que é bom para nós, porque ainda somos imperfeitos, enquanto vivemos nesta Terra. Em decorrência disso ficamos “malhando em ferro frio” e nossa oração não produz. Ainda não sabemos ou esquecemos como se reza. É preciso aprender e/ou reaprender isso. Dessa forma, é necessário compreender e aceitar que a dimensão Divina é outra em relação à nossa. Relacionar-se com Deus, através da oração, da contemplação e da meditação está além da capacidade meramente humana. Então, o que é rezar? Rezar é simplesmente estar com Deus. É por esse motivo que fechamos os olhos, queremos fechar os ouvidos, cessamos os gestos, junta27
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mos as mãos, dobramos os joelhos e baixamos a cabeça quando estamos sozinhos com Deus. Por que rezar é estar em espírito com Ele? O corpo é o templo do Espírito, é a parte material, é o invólucro. E para Deus o que importa é o espírito, a outra dimensão do ser humano, a parte espiritual, que é a sua essência. É a parte de Deus no homem. Quando Ele disse que nos faria “à sua imagem e semelhança”, estava se referindo ao espirito e nos fez seres espirituais. O corpo é apenas um detalhe e Deus não pode ser comparado a esse detalhe. O Filósofo, Teólogo, Cientista ou Pesquisador, não pode admitir que o relacionamento entre o ser humano e Deus seja equiparado ao relacionamento entre dois ou mais seres humanos. Alguém que tenha conhecimento e fundamentação epistemológica da Filosofia, da Ciência e da Teologia e tenha estudado, com profundidade a exegese bíblica, não pode comparar o amor a Deus com o amor que se devota ou se pratica com outra pessoa qualquer, seja pai, mãe, namorado, namorada, esposo, esposa, etc. Também não é admissível que o relacionamento com Deus seja comparado ao relacionamento entre um homem e uma mulher, ou entre uma pessoa e um objeto qualquer, mesmo sendo um ser vivo, como animal de estimação. Quem já fez ou ainda faz essa comparação desconhece, ou não compreende nada dos conhecimentos filosóficos, teológicos e científico que possa ter realizado. A teologia não ensina isso a respeito de Deus. Ele não é corpo, não é emoção e não é sentimento. Sua estrutura divina, foge a qualquer possibilidade de comparação com a natureza humana. Assim para rezar de fato e de direito, o ser humano precisa respeitar essa dimensão e fazer de sua oração um relacionamento efetivo e uma convivência equilibrada com o Pai. Dessa forma estará garantindo eternidade e perfeição, como filho de Deus, a si mesmo.
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VIII OITO
O PODER DA PALAVRA E DA ORAÇÃO
Existe uma força motivadora, direcional e criativa interna que conduz todos os movimentos e atividades intelectuais, emocionais e, até mesmo, orgânicas do ser humano, o pensamento. Mas, para produzir o efeito proposto, ele precisa ser materializado. Então é transformado em palavras. Assim, a palavra é a concretização do pensamento. Pode se afirmar que todos os seres e coisas, abaixo de Deus, passaram a existir em consequência da Palavra. Ela é a fala de Deus que possibilita o “vir a ser” de tudo no Universo infinito. Ela é, também, ressalvada as proporções, a fala do homem que possibilita o “vir a ser” de tudo o que lhe foi dado e permitido criar no Universo infinito. A palavra se confunde com a força divina. Ela é o próprio Deus. “No princípio era o Verbo (Palavra), e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” (Jo. 1,1). E se confunde, também, com a capacidade criadora do próprio homem. A palavra pode materializar seres, objetos, forças, calor e energias a partir do nada. A palavra pode criar. Nós possuímos e, ao mesmo tempo, somos a palavra. Temos sua força em nosso interior e podemos manipulá-la ao próprio gosto e necessidade. Podemos utiliza-la de diferentes formas e para inúmeras finalidades. Mas, sua maior eficiência se manifesta na forma de oração. É neste ato e atitude que a palavra produz melhores resultados. Toda manifestação humana por palavras em forma de oração realiza-se agora, ou realizar-se-á em outro tempo oportuno que não está, ainda, no controle do nosso conhecimento.
A simples pronúncia da palavra, na oração, desencadeará um processo sem volta, que trará, como resultado, uma resposta. A resposta é de Deus e poderá ser manifestada por fenômenos da natureza ou pelo próprio homem. Dessa forma fica claro que não há oração sem resposta. “Quem pede recebe, quem procura acha e a quem bate abrir-se-lhe-á”. É inimaginável, pela consciência humana, o poder da oração. O que acontece com o homem é que ele não compreende o que é orar e por isso, pensa que, em alguns momentos, sua oração não tem resposta. O maior erro da pessoa que reza, está na ideia de que ao direcionar-se a Deus, esteja se dirigindo a um ser humano superior a ela. Na oração 29
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deve-se descartar a ideia fixa de relacionamento físico material. Nem do próprio Jesus, (que assumiu um corpo humano físico), se entregou ao luxo dessa forma de relacionamento carnal. Não encontramos esse relacionamento físico em sua vida, nem antes e, menos ainda, depois de sua ressurreição. Jesus enquanto pessoa humana, apenas se deixou tocar e ser acariciado, algumas vezes, mas somente para provar o que fosse necessário à sua missão de salvação da humanidade. Ele próprio, a partir de si, nunca tomou a iniciativa de tocar, nem acariciar ninguém, a menos que a lei natural da cura o exigisse e, assim mesmo, somente o fez para servir de exemplo e não por necessidade própria ou para satisfazer uma pessoa individualmente. Enquanto Deus, nunca misturou as coisas. E quando, enquanto homem, a tentação era demasiadamente grande, recorria ao Pai, pedindo lhe, por palavras, que “afastasse dele aquele cálice, contudo que se fizesse a vontade do próprio Pai e não a sua”. A resposta veio em forma de sofrimento, cruz e morte. Mas aquela não era a definitiva, porque a resposta final foi a Ressurreição. Portanto, em nossa oração devemos ter a paciência de esperar, embora tendo nós que passar pela dor, cruz e morte, até que chegue à ressurreição.
Pessoa de um coração enorme, não media esforços para ajudar o próximo, era o amor em forma de gente, uma unanimidade. Silvana Casali
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IX NOVE
A COMUNICAÇÃO E AS RELAÇÕES ENTRE FÉ, RAZÃO E EMOÇÃO
Desde os primeiros momentos de sua existência sobre a Terra, o ser humano se adaptou, adequadamente, ao ambiente natural e sobrenatural através de sua capacidade racional, psicológica e espiritual. No entanto, o que deu sustentação e dinamizou esse relacionamento foi o processo de Comunicação Humana. Esta é uma das principais responsáveis, não só pela construção do raciocínio lógico, da emotividade e da espiritualidade, como também pela relação existente entre a condição mística, emocional e racional, entendendo que, como forças vivas presentes no ser humano, elas se completam, se complementam e se aperfeiçoam, através da reflexão, da ascese e do amor. A mística, que é o exercício da fé, em toda sua complexidade e mistério, ofereceu subsídios e elementos, ao longo dos séculos da História da Humanidade, para que o pensamento racional pudesse ser elaborado e estruturado, tal como hoje o concebemos. O Raciocínio, além de promover e sustentar a reflexão, é elemento essencial no desenvolvimento das atividades da inteligência e constitui-se a base de construção do pensamento lógico e da verdade. É a partir do raciocínio que inicia qualquer investigação no âmbito da Razão, na dimensão da Fé, ou na área das Emoções. O raciocínio, como exercício da racionalidade, a mística, como infusão, pela força espiritual Divina no homem e a emotividade, como reações psicossomáticas, são atividades oriundas de um processo mental que, embora de origens distintas e cujas raízes encontram-se na razão, no espírito e na psique respectivamente, produzem os mesmos efeitos. Isto é, aproximam o homem da verdade e do sobrenatural, de certa forma, emotivo. A fé, resulta do mesmo processo, embora haja essa infusão externa provocada pela graça divina, o exercício da fé é resultante do ato da meditação. A ligação entre o homem e Deus e, também, entre o objeto material sensível e a verdade abstraída subjetiva, são estabelecidos pela comunicação entre as conclusões do pensar filosófico e o 31
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resultado da meditação mística. O relacionamento efetivo entre o humano e o Divino tem duas origens. Uma a partir da mente humana, na imaginação perpassando a consciência, pelo raciocínio e alojando na memória, as conclusões, os sentimentos, as emoções e fazendo florescer as crenças mais profundas e a outra a partir da “Mente Divina” que é dada ao homem como graça, presente, mistério, por infusão. É uma força poderosíssima instalada na inteligência humana, que corrobora sua plena e verdadeira felicidade. A razão humana é o campo fértil onde brota com vigor a fé, semeada por Deus e, ao mesmo tempo, ambiente efetivo da construção do raciocínio que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades humanas e garante a completa realização pessoal. O homem que experimenta as coisas divinas pela fé, passa à categoria de místico, o que experimenta as coisas do intelecto, pelo raciocínio, passa à categoria de filósofo e o que junta essas duas realidades no campo da emotividade, torna-se equilibrado e santo, um ser perfeito. Nada disso, porém, acontecerá sem que esteja, constantemente, ativado e motivado, através do efetivo processo da comunicação humana que interliga, harmoniza.
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X DEZ
A LEITURA E O PROFETA
Entremeio a ditos, exclamações, afirmações e provérbios, dispersos ao léu, existem também, as profecias. Aqui uma pequena pausa para refletir sobre profecia. Em seu sentido tradicional é a predição do futuro. A afirmação de um vaticínio. Na visão teológica dá fé é um milagre, ou seja, uma espécie de argumento externo, que comprova a Revelação Divina. As profecias sempre saem da boca de um homem chamado Profeta. Este tem uma vocação especial para predizer o futuro, seja ele bom ou ruim. Nos últimos tempos houve uma proliferação de profetas. Andam aparecendo até pitonisas. São inúmeras as profecias que surgem com o passar do tempo. Cada uma com sua finalidade específica. Há profecias oriundas da boca de charlatães e há profecias oriundas da boca de Profetas, de fato e de direito. Qual a diferença? É simples.
As profecias que saem da boca do Profeta legítimo, são aquelas que têm duas funções especiais e cumprem seus objetivos próprios de profecia, ou seja, elas anunciam a verdade e denunciam a mentira. São verdadeiras porque, aconteça o que acontecer, não fogem dessa prerrogativa. Elas não procuram adaptar seu resultado conforme convém para esta ou aquela ideologia econômica, política, religiosa ou bélica. Simplesmente anunciam a verdade. E, se a verdade for camuflada ou distorcida para beneficiar quem detém o poder e o comando da situação, denunciam, para que todos saibam qual é a verdade. Por outro lado, as profecias que saem da boca de homens que “vivem disso”, alcunhados de falsos profetas, e destes o mundo está repleto, são sempre convencionais. O falso profeta vai dizendo o que lhe convém, desde que machuque somente o adversário, seja político, religioso, profissional liberal, etc. Se convier que seja anunciado o fim do mundo, então isto será um “prato cheio” para uma boa “profecia”. Se houverem catástrofes, melhor ainda. Profetizar a destruição de uma família, de uma empresa, de uma comunidade ou a morte de alguém é o que dará maior credibili33
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dade à sua “profecia”. É disto que ele precisa. Existe profeta dessa natureza que consegue, inclusive, levantar muito dinheiro “profetizando” desgraças e, por incrível que possa parecer, existem pessoas, de todos os níveis sociais, culturais e econômicos que pagam, e pagam caro, para serem iludidos com falsas profecias. As profecias verdadeiras, como o leme de um barco, orientam e dirigem a viagem da embarcação de nossa vida. As falsas vão delineando a história dos homens do senso comum, que em sua “santa ignorância”, vão permitindo que dirijam e orientem suas vidas, seus projetos e sonhos. E são estes que mantêm a esperteza e o conluio dos muitos “falsos profetas” que existem no mundo. A melhor maneira de se precaver contra os falsos profetas e suas profecias interesseiras e maldosas, é uma boa dose de leitura diária, acompanhada de momentos de reflexão, estudo e pesquisa. Quem busca o conhecimento, a cultura, exercita a fé e leva uma vida equilibrada, na ética e na verdade, jamais deixar-se-á dominar e ser enganado por quem quer que seja. Somente um excelente e esclarecido leitor poderá ser um profeta verdadeiro e bom. Depois de praticar corretamente a leitura e tudo o que a ela se relaciona e dela decorre, então cada um poderá, também, tornar-se profeta, profetizar e ser mais feliz.
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XI ONZE
VIVER PARA NÃO MORRER
Quando plasmada, cada uma das células que constituem os seres vivos, recebe de imediato, o endereço de sua morte. A meta a ser atingida na caminhada é o próprio fim. Nem sempre se aceita isso como a mais certa de todas as realidades humanas. O processo é, ainda, um mistério insolúvel. Resta, apenas a reflexão em torno dele para poder aproximar-se da verdade. O fato de não ser aceita como realidade é decorrente de um erro de constatação. Costuma-se olhar, apenas para o fim último e esquece-se de prestar a atenção no processo todo, ou seja, não se valorizam os minutos de existência vividos desde o início até a hora derradeira, não importando a duração cronológica desse tempo. Cada minuto, cada segundo de vida é grandemente importante e tem valor infinito. A morte, como realidade inerente à vida, deve ser encarada, também, pelo menos, sob dois ângulos distintos. O primeiro como o fim da existência consciente do homem, que se estrutura em um corpo físico (biológico); em uma alma espiritual (vida) e em reações psicológicas (eu, que individualiza as pessoas). Neste primeiro ângulo, a morte pode parecer como o maior de todos os males e sofrimentos que um ser possa suportar. Comparada a destruição, é o fim dos sonhos, dos projetos, das realizações, dos relacionamentos, do ter, do fazer, do saber, do memorizar e da história do indivíduo. É claro que se for pessoa importante, terá a continuidade da história como memória póstuma. Considerada materialmente ela é uma grande perda. Uma catástrofe que ninguém aceita, porque se tratar do rompimento com a vida. Ainda neste ângulo são companheiros da morte a dor, a angústia, as lágrimas, a tristeza, o desalento, a saudade, o desespero, o infortúnio, a desgraça e muitos outros.
A segunda maneira de encarar a morte é compreendê-la como o início de uma nova realidade de vida. Aqui ela é como Páscoa (passagem). Não existe um fim, mas a transformação. O espirito humano não morre, é eterno. Portanto, para a alma não tem sentido a morte. Assim como não morrem os projetos, os sonhos e os anseios, quando são armazenados na alma. Neste ângulo o 35
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processo da morte, como passagem, pode ser comparado com o processo de germinação da semente. É um ser que se submete a mudança para renascer perfeito. Toda mudança ou transformação exige o rompimento e este, produz alguma dor. Mas não há vida nova sem dor. Não há tempo bom sem a tempestade, calor sem o frio, luz sem as trevas, bonança sem labuta e nem ressurreição sem a morte. O segredo para compreender o porquê da morte está na compreensão da vida. E a mais acertada forma para entender a vida é vivê-la intensa, profunda e completamente, como sendo a maior paixão. Cada instante da vida tem um valor de eternidade. “Um dia é como mil anos e mil anos é como um dia”. Um minuto de existência pode ser eternizado porque ele representa uma parte da eternidade. Viver para não morrer, mas passar e morrer para viver e não, simplesmente, passar. Eis a questão. O Conselho é este: ame a vida e a morte será apenas um “empurrãozinho” para a eternidade, onde se experimentará a vida em plenitude.
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XII DOZE
MARKETING DA FÉ
É preciso distinguir e compreender bem o verdadeiro significado e sentido da palavra fé. A primeira ideia que nos vem à mente é a de crença. Crer, acreditar, ter por certo. Crença no sentido religioso, ter confiança, dar crédito. Outro conceito apresentado por dicionários é o de firmeza, pontualidade, fidelidade ao cumprimento de um compromisso ou realização de uma promessa.
Na concepção religiosa é a primeira virtude teologal, que é representada através da cruz. É, ainda, referida como testemunho autêntico dado pela palavra falada ou escrita e, em certos casos, confirmado com a própria vida. A bíblica revela como a resposta do homem ao plano e a vontade de Deus, inserido na caminhada histórica e sagrada da salvação da humanidade, em seu processo de resgate. Nesse sentido ela toma a conotação de fonte primeira donde brota e jorra a vida religiosa e, ao mesmo tempo, torna-se o epicentro da religiosidade humana. Embora tenha, em sua origem, alguma variedade, desde a língua hebraica, onde se apresenta oriunda de, no mínimo, duas raízes, a fé como virtude requer de si, a atitude definida e clara daquele que crê, independente da compreensão ou não do objeto. Uma das primeiras fontes de origem dessa palavra é a expressão, da língua dos hebreus, aman (amém) que se expressa como a firmeza, a solidez e a certeza. Na mesma linha, outro vocábulo que, também, lhe dá origem é o batah, que denota a ideia de segurança e confiança. Embora haja variedade e complexidade na origem do termo que se refere à fé a atitude do crente deve ser autêntica, pura, simples e definitiva. A Sagrada Escritura mostra isso quando usa as expressões “fiel” e “fidelidade”, no sentido de que há um compromisso de confiança e um engajamento totalitário do homem em relação a Deus. Além disso, subentende-se que haja um comprometimento intelectual, no qual o raciocínio utiliza-se de palavras, expressões, gestos e atitudes concretas para manifestar sua aceitação e concordância com tudo. Mesmo se isto fugir e estiver além dos sentidos e do conhecimento sensível. Assim, conhecida, concebida e compreendida a fé como de 37
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fato é, então poderá o homem começar praticá-la, longe da superstição, de falsas crenças, que lhes são impingidas por indivíduos que se auto denominam proprietários dos poderes divinos e que pretendem escravizar seres humanos para sua própria satisfação pessoal e monetária, com interesses escusos. E, com isso, usam a simplicidade, ingenuidade e ignorância de alguns pseudos crentes que, ao se aventurarem em busca da verdade, encontram pelo caminho os mercadores da fé e lhes dão tudo o que têm em troca de ilusões. A fé é propriedade exclusiva e particular de toda pessoa criada por Deus como indivíduo. Ela é manifestada individualmente pela pessoa que crê, sem nenhuma restrição ou controle externo e pode ser demostrada coletivamente, desde que haja permissão, liberdade e iniciativa da pessoa em sua privacidade. O compromisso é pessoal. Ninguém pode assumir a responsabilidade da crença em nome de outrem. E ninguém pode determinar que as outras pessoas acreditem da mesma forma que ele ou ela creem. Ninguém tem o domínio sobre a fé dos outros senão, unicamente, Deus. A fé não pode ser manipulada e comercializada, como um produto ou objeto a ser vendido. Vê-se, por aí, propaganda em rádio, televisão e jornais, evidentemente pagas, fazendo o marketing da fé. Existem pessoas enriquecendo materialmente à custa de crenças e crendices dos que não tiveram acesso à verdadeira e completa formação intelectual. Isso é um absurdo. Ainda bem que existe inferno para que os “comerciantes” da ingenuidade do povo possam se estabelecer um dia, no lugar que lhes é devido. E, por outro lado, fica a consolação de que toda pessoa simples, ingênua, humilde e de boa vontade, será perdoada e terá um bom lugar nas “muitas moradas que existem na casa do Pai”.
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XIII TREZE
SER E TER PAI
Passados milhares de anos desde a origem do mundo e, especificamente, da advinda do homem sobre a Terra, foram criados muitos conceitos, expressões e realidades que não se desgastam, nem perdem o brilho, o fulgor e o sentido, para designar e expressar os laços de relacionamento entre pessoas na sociedade. Um deles é a palavra pai. Quem já não deve ter pronunciado essa palavra com diferentes conotações? Quem já não deve ter se beneficiado com a paternidade? Para uns é um termo quase sagrado que evoca a origem e o princípio de tudo, para outros é apenas a definição de um homem que teve um ou mais filhos e, para outros ainda, representa toda sacralidade de Deus Criador do Universo e de tudo o que nele contém. De qualquer forma cada um dos seres humanos emprega e utiliza o termo conforme queira ou necessite. Mas é necessário compreender bem o seu verdadeiro significado, antes de utilizá-lo, para que isso seja feito adequadamente. Os bons dicionários a ele se referem como genitor, criador, homem que procriou um ou mais filhos, bem feitor, inventor e assim por diante. É preciso entender que a palavra pai carrega em si mesma a ideia de alguém que concentra, na sua própria essência, a fonte de origem do filho. A Sagrada Escritura revela, em todo seu contexto, a associação da expressão pai ao conceito que se formaliza sobre Deus e o declara como o verdadeiro Pai. Ao fazer isso ela se utiliza da concepção humana da palavra e toma emprestado o “exemplo”, a partir das experiências físicas, psicológicas e sociais dos pais e esposos, que vão construindo a história do povo escolhido, numa relação formalizada de chefe de clã ou de família, posteriormente.
Além disso é entendido também como o princípio primordial de uma futura descendência, donde surgirão uma posteridade com a finalidade de povoar o mundo e dar continuidade à raça. E nesse sentido a missão do pai é de “co-criação”, sendo essa a forma encontrada por de Deus para prosseguir, ininterruptamente sua majestosa obra de criação da humanidade. 39
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Toda trajetória da sociedade humana é permeada de momentos em que aparece a figura firme, inabalável e inconteste do pai como líder, amo, mestre e senhor a exercer sua autoridade no ceio da família, por ele constituída. Ao lado da autoridade aparece a experiência do amor vivido na prática, por um homem que se sobre sai, se impõe como autoridade, mas, ao mesmo tempo se desmancha em amor e paixão pelos filhos. Essas expressões são percebidas no momento em que ele acaricia a testa do filho com febre. Com as palmas das mãos afaga as faces dele, que o ama, com a mão direita massageia o ombro esquerdo do filho, com os dedos indicador e polegar aperta e puxa sua orelha para demonstrar autoridade, poder e ao mesmo tempo para educá-lo com presteza e com um abraço, o acolhe em qualquer momento de sua vida. Assim compreendida a conceituação e o peso da expressão pai, poderá ser desencadeado o processo de reconhecimento e gratidão por tudo o que é a eminente e dócil figura paterna. Aí sim, tem sentido criar-se uma data especial para homenagear quem deu a vida a seu filho. Qual o presente que todo pai gostaria de ganhar de seus filhos? Seu carinho filial, sua compreensão, sua firmeza de caráter, sua honestidade, sua imunidade a vícios, sua conduta ética irrepreensível, seu comportamento moral ilibado, sua religiosidade, seu profissionalismo, “acima de tudo” sua felicidade e, se sobrasse um “dinheirinho”, uma pequena lembrança material como uma carteira, uma cinta, uma cueca, um par de meia, uma camisa, um par de sapatos, um perfume, etc. Que nestes tempos fortes de lembrança da existência dos pais, que tenham consciência do que seja verdadeiramente ser pai e que, todo filho, compreenda e agradeça verdadeiramente por tê-lo presente.
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XIV QUATORZE
UM ANTÍDOTO PARA OS MALES DA SOCIEDADE
Quando uma criança, desnorteada, perde o rumo e se desencanta com a sociedade onde vive, encontrará alento no saco de cola, na lata de lixo, nos restos de cozinhas de restaurantes sofisticados, na esmola e nos pequenos furtos praticados, para enganar a fome ou iludir-se numa “viagem translúcida” ou encontrará a dependência escravista de um adulto bem situado, marginal, usurpador, depravado que comercializa seu corpo (o da criança) e sua mente em benefício próprio (dele) e não será para enganar a fome e “viajar” que ela agirá, mas, com assaltos a mão armada, médios roubos e prostituição para satisfazer seu dono, matar a fome e ter uma pseudo segurança e ilusória independência. Quando o adolescente se revolta pelas mentiras que encontra, no dia a dia, em sua sociedade emporcalhada, falsa e malandra, buscará apoio, ressonância e acolhida, na pessoa do chefe ou da chefe, líderes gratuitos e bem posicionados em grupos escusos ou gangues. Então, começará querer ser diferente, poderoso, porque conta com a proteção, acolhida, valorização pessoal, compreensão, empatia, respostas a seus porquês, encorajamento, respeito, dedicação irrestrita, segurança, apoio moral e “amor”, do “grupo” ou de falsos líderes e traficantes. Quando jovem, se estiver vivo ainda, deverá lutar sozinho, pois já é considerado marmanjo e, por não receber mais carinho, compreensão, apoio e o mínimo de aprovação de seus atos, encontrá-los-á em vícios, nas drogas liberadas, cigarro, bebida e outros como o sexo descontrolado e livre, para fugir indomável rumo à satisfação pessoal ou entrará no mundo do crime para poder manter a aparência e mostrar ser poderoso perante a sociedade, por sugestão dos que os manipulam para terem o domínio através da força jovem, corajosa, destemida e determinada. Em muitas ocasiões a juventude é incitada a pintar a cara e sair na frente, para provocar mudanças que os aproveitadores não têm coragem de fazer. Mas depois de feitas usurpam a glória a seu próprio favor. 41
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A criança, o adolescente, os jovens acabam expostos, vulneráveis, contraindo as mais medonhas doenças do mundo. E, o que é pior, não têm quem os cure, porque o remédio é escasso, raro, encontrando-se em uma única fonte, que hoje está em vias de extinção. A criança, o adolescente, o jovem e, mesmo o adulto, abandonados na rua ou na própria casa, sozinhos, solitários tornam-se fracos, sem resistência, sem ânimo, com baixa autoestima, sem discernimento, sem ética, sem auto controle e sem amor. Parecem “vegetar”, perambulando pelas ruas sem o tino da responsabilidade, sem caráter sem moral. Mas há um antídoto para tudo isso. Trata-se da família. É a única esperança que ainda resta, neste mundo, para a recomposição do ser humano. Quando tomaremos consciência de que não há remédio mais eficiente do que o aconchego do lar? A família é um bálsamo que suaviza as feridas. É um travesseiro onde se pode recostar a cabeça para descansar e recobrar as forças, um ouvido que escuta e acolhe nossas dores e angústias, o leito onde podemos descansar com tranquilidade e segurança. A família é luz, é carinho, é conforto, é esperança, é vida. Nestes tempos fortes em que, a maioria da sociedade brasileira, ouve lindas mensagens sobre ela, é preciso pôr os pés no chão e refletir com seriedade sobre o seu papel no mundo moderno. Não ficar somente na poesia e romantismo, imaginando que é lindo ver um lar unido. Que o amor deve reinar em seu seio e assim por diante. É preciso ver na prática a responsabilidade do pai e da mãe em acompanhar os filhos. Acolhê-los e ama-los, estabelecendo limites, corrigindo, ensinando, impondo ordem, moral e ética. É ver na prática o pai ou mãe que, preocupados com os bens materiais permitem ou fingem que não vêm as desmazelas dos filhos e que, para não se incomodar, permitem tudo, inclusive que o filho não estude ou trabalhe. E os pais que não têm bens e por isso, pensam que não têm responsabilidade sobre a prole e a deixam a “Deus-dará”. É preciso retomar o original significado e as legítimas funções da família para que a sociedade pare de produzir pessoas indese-
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jáveis, perigosas e, depois fiquem jogando a culpa no sistema, nos governos, no tempo e até em Deus. Se existem pessoas indesejáveis na sociedade, a responsabilidade é da família. É preciso que cada pessoa que constituiu ou vai constituir uma família retome suas verdadeiras funções, ou seja, “procriativa, educativa, econômica e emocional” para que ela cumpra seu papel não permitindo que “outros interessados” o façam. Investir na família significa descobrir o verdadeiro antídoto para todos os males da sociedade atual. Destruir a família é abrir as portas para entrarem na sociedade homens e mulheres sem caráter, sem personalidade, sem princípios, desonestos, que estarão em todos os lugares se aproveitando de oportunidades, situações e pessoas, para atingirem seus fins. É a família que acolhe, dá carinho, conforto, segurança, educação, religiosidade, bons princípios, moral, ética, profissionalismo, sabe escutar, acaricia, perdoa, ama e constrói, dando o que há de melhor em seres humanos para a sociedade. Ao contrário do que muitos interesseiros querem, salve e viva a família brasileira!
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Para a nossa família Spachinski de Oliveira, o Amani é nosso exemplo de ser humano, de bondade, de carisma, ele para nós é um anjo. Não estávamos sempre juntos, mas todos o amamos e seguiremos os seus exemplos. Guarapuava, 9 de maio de 2021. Irmãos: Maria Laura de Oliveira, Erony Aparecida Spachinski de Oliveira, João Francisco de Oliveira, Marlene de Jesus Oliveira. Rozendo Mendes de Oliveira (pai), Maria Spachinski de Oliveira (mãe) e Pedro Armando de Oliveira (irmão) in-memorian.
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XV QUINZE
CHAMADO À VIDA
Afirmamos constantemente, embasados na investigação bibliográfica, científica e filosófica, que o ser humano tem, pelo menos quatro características fundamentais que o distinguem de todas as outras espécies de seres existentes sobre a face da terra. A primeira é a eternidade, ele nunca deixa de existir “nem a priori, nem a posteriori”. As transformações, — (pré vida ou projeto, antes da concepção; a consciente, que vai da concepção à morte e a vida pós morte, eterna ou espiritual) —, evidentes em seu ser, são diferentes dimensões da mesma existência. A segunda é a individualidade. É único, individual e completo si mesmo. Não existem dois seres iguais na mesma espécie. Cada um é um, com características próprias e distintas. A terceira é a racionalidade. O homem distingue-se dos demais pela capacidade eficiente de pensar, memorizar, raciocinar, imaginar, tirar conclusões, projetar, executar projetos, planejar o futuro e analisar o passado. A quarta é a emotividade. A estrutura psicológica de cada indivíduo o sensibiliza no trato com os demais seres e com o mundo em torno de si. Determina seu humor e dá sabor ao seu viver. A Quinta é a espiritualidade. Sua alma recebe a infusão da graça divina e a vida sobrenatural passa fazer parte de sua existência eternizando-o e o transformado em filho legítimo de Deus, herdeiro de suas promessas. Para chegar a esta forma de pensar, existem dois caminhos distintos. O da investigação científica e o da reflexão filosófica. Ambos nos dão a certeza da verdade, um pela conclusão da experiência a partir de amostras físicas tiradas da natureza, analisadas e comparadas entre si e o outro através de juízos lógicos verdadeiros ou premissas comparadas que formularão as conclusões verdadeiras. Assim o homem tem a certeza de o próprio existir, da finalidade de sua vida e do destino de seu fim. Até aqui tudo bem, e se alguém não acreditar que é assim? Nada mudará. O mundo e os seres existem independentes da consciência e da crença do ser humano. Então qual a função da fé na vida humana se esta independe da crença ou descrença do homem? Em primeiro lugar é preciso ter formação, conhecimento e humildade suficientes para compreender que a fé, como virtude teologal, força sobrenatu45
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ral presente no ser humano, é responsável pela aceitação de sua condição de ser criado, amparado, protegido, amado, enviado e aperfeiçoado por Deus. Há, porém, uma constatação da fé, que é a mais forte de todas. A evidência de que cada indivíduo humano é oriundo de Deus. Essa é a prova da eternidade do homem. Assim como Deus, o homem sempre existiu, existe e existirá, antes como projeto armazenado na “consciência e vontade divina”, depois como obra real, (vida consciente), e finalmente como perfeição eterna, (ser espiritual), perfeito como Deus. São como fagulhas ou gotas que, ao longo do tempo, irão sendo moldadas até chegarem à perfeição e se unirem novamente à sua origem. Acreditando ou não, o ser humano continua sendo parte de Deus e, como tal, será trabalhado para voltar a ser o todo. Nesse processo de criação o homem foi dotado do livre arbítrio. A vontade do pai é a perfeição do filho. O orgulho e a vitória do pai será o fato de o filho conseguir isso por si mesmo. Se nós humanos somos assim em relação a nossos filhos, imagine Deus, em relação às suas criaturas. Ele cria e envia o homem como ser responsável. Por confiar nos filhos Ele não fica dirigindo, passo a passo, suas vidas. Seu grande desejo e sonho é que eles possam construir seu existir da melhor forma possível. O Homem é tão livre em relação Deus e seu projeto, que pode escolher o próprio caminho e seu destino. Essa ideia de céu e inferno é, justamente, para que cada pessoa possa escolher seu fim. O céu é voltar para Deus e estar Nele eternamente e o inferno é afastar-se Dele e estar fora por toda a eternidade. Desde o primeiro momento da existência humana consciente, até seu último momento, na hora da grande Páscoa (passagem), Deus está sempre chamando cada pessoa. Ouvir é próprio do homem e depende, única e exclusivamente, de nós escutar ou não o chamado de Deus. Ele cria, (dá o presente da vida), depois libera, (presenteia com a liberdade) e, então convoca, chama, (a graça da vocação), mas a resposta positiva ou negativa está nas mãos do homem. Ele é livre para responder ou não. Ser feliz com Deus ou infeliz sem Ele, está na escolha livre de cada pessoa que vive neste mundo.
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XVI DEZESSEIS
SÁBIO É VOCÊ
Há uma grande diferença entre reter informações e ser verdadeiramente culto. Uma pessoa culta é conhecida pela sabedoria que possui e que transborda e exala, naturalmente de seu interior, sem qualquer esforço. Esse transbordar de conhecimentos é consequência de um intenso exercício de aperfeiçoamento intelectual. De todas as pessoas sábias que conheci pessoalmente ou que tive notícias pela literatura ou outros meios, nenhuma delas chegou a esse estágio sem ter passado por longos e penosos dias e noites de buscas, investigações, leituras, pesquisas, meditações, raciocínios. Não vi nenhuma que chegasse ao conhecimento que tem sem algum esforço.
No conhecimento, cultura e sabedoria não há milagres, salvo em casos de excepcionalidade. Por exemplo, quem sabe os números de telefone do Brasil inteiro não é um sábio, mas um super dotado, portanto, excepcional. Sabe somente isso. É memorização. Ela até “certo ponto” faz bem, mas se ficar só nisso é perigoso. Um papagaio bem treinado também pode repetir uma série de números, palavras ou orações. Não tenho conhecimento, até hoje, de ninguém que chegasse a um alto grau de sabedoria sem ter lido muito e exercitado a razão discursiva, isto é, o raciocínio. A leitura é a porta de entrada, o corredor e todas as salas e quartos do imenso castelo do saber. Pela leitura entra-se e sai de qualquer labirinto sem muita dificuldade. Na leitura experimenta-se o sabor e os mistérios da vida e se conquista os mais altos píncaros do sucesso. Por falar em sucesso, tenho tido momentos de grande realização profissional, quando encontro pessoas que foram meus alunos no Curso Médio, quando lecionei nas escolas públicas aqui de Campo Mourão, e que hoje estão estudando em boas Faculdades e Universidades do País. Há dias atrás, ao sair dos Correios, encontrei uma ex-aluna, do Colégio Estadual Marechal Rondon, que atualmente é universitária em Maringá e que me relatou ter conseguido êxito e sucesso em seus estudos por descobrir a importância da leitura, acompanhada da reflexão racional 47
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e da investigação científica e filosófica. Me emocionou ao relatar que tem lido e que sua família havia guardado o jornal O Regional, com os artigos que aqui escrevo semanalmente nesta coluna. Obrigado, sempre acreditei que há um futuro brilhante para pessoas que buscam conhecimento sem ter a pretensão de ser mais e melhor que os outros, mas pelo puro e simples desejo de vencer, serem bem sucedidas e felizes. As consequências disso são visíveis e palpáveis quando encontramos, no dia a dia, pessoas que irradiam luz, equilíbrio interior, paz consigo, amor à família, carinho aos outros e patriotismo. A sabedoria nos conduz motivados pelos caminhos do universo e nos chama a servir de exemplo para os que precisam encontrar a felicidade. O mundo está cheio de sábios basta abrirmos bem os ouvidos para ouvi-los, os olhos para enxergá-los e o coração para recebermos, também, as “sementinhas” dos seus conhecimentos. Sabedoria é coisa simples e entra em corações puros. Não é complicada, nem complexa, como querem muitos que dela se utilizam para demostrarem aquilo que não são. Portanto, meu querido leitor, minha querida leitora, sinta-se feliz agora, porque sábio verdadeiramente você é, que sabe sentar-se em qualquer lugar, fechar os olhos e pensar na vida. Saber ouvir e acolher, com humildade e mansidão, as boas palavras. Sábio é você que olha e ama a pessoa que está mais próxima. Que perdoa, acolhe e se sensibiliza com a dor do outro. Faz um bom curativo espiritual no coração da pessoa em desespero, com o bálsamo suavizador de uma recepção acolhedora, positiva e amorosa. Seja feliz, pois o mundo será salvo por sua sabedoria, bondade e amor.
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XVII DEZESSETE
UMA SOLUÇÃO SIMPLES
Nestes tempos de grandes desencontros na política mundial a humanidade corre apressadamente para o risco de uma catástrofe econômica. Chegará um tempo em que os mais ricos e poderosos correrão em círculos cada vez menores, como fazem o cão e o gato atrás do próprio rabo, por não terem mais ninguém para perseguir, pois os mais pobres estarão à margem do processo, totalmente inativos ou destruídos. Restará então, aos que têm poder, bens e prestígio, unicamente a possibilidade de correr atrás de si mesmos, porque tudo estará em suas mãos. Esta não é uma profecia infundada. Vejam-se as estatísticas, as experiências e a história. O que aconteceu, por exemplo, na política brasileira, foi um sonho realizado. Um presidente de origem das classes trabalhadoras, eleito pela maioria do povo, governa o País. Isso, porém, custou caro para que acontecesse. Foi preciso viver, durante décadas, a mesma mordomia e aparência de riqueza, opulência e poder, para assemelhar-se aos que “podem” chegar ao governo. Somente após abandonar a carreira de torneiro mecânico e viver, por longo tempo, com um salário considerável, sem precisar bater cartão, andar a pé ou calcular os centavos para comprar menos pão e poder trazer o leite, ou comprar menos leite para poder trazer o pão e alimentar as crianças, levando uma vida de pseudo rico e poderoso, então estaria pronto e poderia enfrentar a campanha de igual para igual, com muitos apoios e acertos, para garantir a vitória. Conseguiu chegar lá e isso foi importante. O futuro dirá como será. Aliás, o presente já está mostrando. Não é tão fácil como se imaginava. Mas, voltando à questão da catástrofe econômica eminente, pensemos. Isso não será um grande desastre, porque o povo está acostumado. Não diferiu no tempo dos filósofos, há vinte e cinco séculos passados. Tanto que condenaram e mataram Sócrates, por ser considerado um “corrompedor” da juventude como desculpa, contudo, esqueceram de contar, na história oficial, que não foi condenado o vendedor de ópio, o poderoso que escolhia mulheres, não importando se casadas ou solteiras, mas que fossem 49
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bonitas ou virgens para sua satisfação pessoal, nem o político que podia roubar, perseguir e matar, para manter-se no poder. No tempo do Feudalismo não foi diferente, em que o “senhor” era o dono, tinha poder sobre o vassalo, mesmo mantido com o trabalho deste. Também na época de Jesus Cristo quando mataram o justo e pobre e liberaram o corrupto e poderoso. Ato e fato ao que o poder constituído lavou as mãos. Tudo para não perder o poder nem o domínio econômico, como acontece com as guerras atuais. A explicação para o possível caos econômico mundial é muito simples e qualquer economista ou matemático explica facilmente. Tudo concorre para o bem daqueles que administram o dinheiro dos outros. Quando se administra o próprio dinheiro, aí é que “são elas”. Não estica, cresce ou aumenta. Proibido a distribuição. Só diminui, encolhe e some. A conclusão é a de que não se sabe administrar. De fato, vai à falência, perde tudo. Fica sem para o sustento da própria família. Aí acontece o milagre. Começa a administrar o alheio, principalmente através de um cargo eletivo, e tudo volta a normalizar-se. Não só ele, mas também todos os de sua graça passam a ter mais, a ganhar mais, a enriquecer. Paga-se todas as dívidas pessoais e sobra dinheiro para a outra campanha própria e de alguns correligionários. O dinheiro pode ser distribuído à vontade. É o mistério do bom administrador da coisa pública. A grande catástrofe econômica, social e política do mundo poderá ser evitada por um simples ato humano que toda pessoa, maior de dezesseis anos, pode fazer: votar. O segredo é votar certo, na pessoa honesta. Essa é uma solução simples para um problema grave.
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XVIII DEZOITO
REMÉDIOS PARA SOLIDÃO
Reflitamos hoje sobre um dos males que aflige e assola grande parte da humanidade em nosso Planeta, o estado solitário que vivem, principalmente na contemporaneidade com o povoamento de tecnologias que tornam, cada dia que passa, mais fácil a vida do ser humano e seus relacionamentos. Os dois maiores provedores da solidão humana são a televisão e o computador, seguidos de perto pelo telefone. Estes recursos eliminam as distâncias, facilitam, apressam e aperfeiçoam a comunicação, contudo afastam, distanciam e desumanizam e jogam o homem na mais completa solidão.
Nada é tão terrível quanto a angústia de uma pessoa em solidão de espírito. Os sonhos, que são gerados a partir do centro espiritual, na essência da alma humana, são todos desmoronados pela insatisfação do momento. Perde-se o brilho e a atração pelos ideais. Projetos ficam todos desmantelados. A incerteza desperta uma plêiade de monstros que passam a tomar de assalto a vontade. Arrasam completamente o ânimo. A inteligência já não mais se comporta como quem possui o controle psicossomático e político sociológico do ser. A mente perde o pique e todos os comandos de acesso ficam descontrolados, até mesmo o que comanda a preservação da vida, pois em alguns casos as pessoas pensam até em suicídio. Tanto o complexo racional intuitivo quanto o discursivo ficam abalados diante de uma situação de completa solidão. O único que não se abala é o espirito humano. Esta, no entanto, permanece pacato nessa hora, pois lhe interessa unicamente a salvação da alma para a eternidade, deixando o corpo agir livremente a seu bel-prazer e gosto. Existem dois tipos de solidão. A solidão ermita que é a ausência de povoamento no deserto da vida pessoal e a solidão hermética cujo indivíduo permanece totalmente fechado mesmo circundado de pessoas. Tanto uma como a outra levam seu hospedeiro ao completo descontrole emocional e total desordem de pensamento. Porém, a mais grave delas é a hermética, pois esta não permite ao indivíduo as necessárias mudanças, porque mesmo trocando 51
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de ambiente a solidão continua. Já a primeira não. Se ele se encontra com um grupo de pessoas queridas consegue se extroverter mais facilmente e recupera o estado de não solidão e equilíbrio. O que não acontece com a segunda, pois o estado é de fechamento completo em si, ocasionando uma espécie de síndrome comparada ao cofre cuja abertura somente acontece com quem detenha o segredo. No caso da solidão hermética o portador do segredo é próprio indivíduo que se encontra em solidão. O que fazer para solucionar o problema? Não existe um remédio quimicamente formalizado para a solidão, salvo alguns antidepressivos para resolver de imediato ou a longo prazo os sintomas. São bons. Pelo menos reordenam as forças vitais para que a pessoa possa retomar a caminhada e melhore com um tratamento posterior mais demorado. Uma pessoa em solidão é comparável a alguém apaixonado. A fúria de uma paixão pode levar qualquer uma cometer a mais desvairada loucura. A paixão sega, imobiliza, condiciona e dirige o ser humano acometido dela. Onde estiver o objeto de sua paixão lá estará seu coração, sua inteligência e sua vontade. A solidão tem as mesmas proporções ao inverso. Um ser solitário entra num profundo marasmo existencial sem precedentes. Um dos mais eficazes e eficientes remédios para a solidão é buscar empatia com alguém. Descobrir alguém que goste de estar com você. A maneira mais fácil e agradável é participar de grupos afins. Por exemplo, se gosta de poesia procure uma associação de poetas. Se gosta de futebol entre em um time. Se gosta de pintura descubra onde se reúnem os artistas e se junte a eles e assim sucessivamente. O outro remédio igualmente eficiente é o tempo. Mas cuidado. O tempo tem que ser encarado positivamente, isto é, tem que ser utilizado da melhor maneira possível. Caso contrário ele se tornará um veneno para o ser solitário. Simplesmente deixar o tempo passar é perigoso. Nesse caso a solidão será temperada com angústia e arrependimento. Como consequência desastrosa tem-se a baixa autoestima, a perda do entusiasmo e a depressão. Aproveitar positivamente o tempo é o melhor remédio para curar os efeitos da solidão. Existe um “curador” chamado tempo, mas nada como deixar o tempo necessário passar, recostado com a cabeça no ombro do melhor e mais sincero amigo.
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XIX DEZENOVE
AINDA HÁ UMA ESPERANÇA
Quando a sociedade brasileira se prepara para definir seus possíveis pré-candidatos aos cargos mais importantes da política local, prefeitos e vereadores, — Embora esta afirmação seja uma falácia, porque, na verdade não é a sociedade, mas algumas pessoas que pretendem se auto auferir algum privilégio nos pleitos eleitorais e também os interessados em fazer de um cargo público sua forma de obter vantagens, embora depois de algum tempo, seu discurso se torne compatível com o interesse coletivo, são eles que se organizam em partidos para pleitear vitória nas eleições — cabe uma pergunta pertinente e adequada à política da administração pública e privada: em que altura está o nível de satisfação pessoal, profissional, econômico e social do trabalhador brasileiro? Por que a maioria dos empregados em serviço público andam estressados, com depressão e insatisfeitos? O primeiro e mais gritante motivo é o desrespeito que os políticos eleitos para cargos administrativos ou legislativos e, principalmente os que assumem cargos de confiança, têm para com o trabalhador de ponta, estabilizado por concurso ou não. Para cumprir seus compromissos de bom atendimento aos interesses dos que o elegeram e manter a boa “política” de preservação da imagem, eles não se importam se o trabalhador técnico tem voz, vez, direitos, caráter, ética ou cumpre a lei. Passam por cima deles como um rolo compressor. Exemplificando, alguém vai a um órgão público para resolver um problema e o funcionário que atende lhe diz que há a necessidade do cumprimento de algumas exigências da Lei e ele não quer cumprir, então briga, xinga e até ameaça o pobre do atendente, que fica sem ação. Aí o usuário, nervoso, vai falar com o político, ou seu representa em cargo de confiança. Se for conveniente, é recebido com “cafezinho” e outras regalias. Exposto o fato, o “chefe” liga para o funcionário e diz: “olha eu quero que você resolva o caso de fulano. Deixe de lado aquelas exigências e atenda-o da melhor maneira possível. O resto deixe comigo”. O usuário foi atendido com “o jeitinho brasileiro” e o funcionário foi desrespeitado, desmoralizado e relegado a títere. Sem contar que houve o descumprimento da Lei em benefício a interesse 53
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político de quem a faz ou a executa. O outro motivo fundamente-se no adágio “cada cabeça uma sentença” ao que acrescentaríamos, se a sentença daquela cabeça não for cumprida ao extremo, rolam as cabeças dos outros, mesmo com boas sentenças. É um absurdo o que acontece na administração pública de nosso querido Brasil. A cada quatro anos, e agora a cada oito, o que é uma aberração, trocam-se os gerentes nas três instâncias e eles nada aproveitam dos antecessores, fazendo gastos mirabolantes para implantar uma “nova política administrativa”, até terminar o mandato. Depois saem deixando o lugar para outro, que retoma o mesmo processo de “renovação política” que nada renova. Administrar que seria o correto, não acontece porque “o tempo é muito curto”. Veja-se o exemplo na educação. Todo o ano eleitoral aparecem novas propostas e projetos, mas quase nenhum dura mais que o tempo do mandato daquele que o propõe. A Lei vai ficando velha, até caducar sem que seja praticada. Alunos e professores ficam à mercê de políticos mandatários, em muitos casos, semi analfabetos e, até “analfabetos políticos” como disse o poeta Bertolt Brecht. É uma afronta, a qualquer brasileiro, o que nossos cofres gastam de dinheiro público para “arrumar a casa” e para divulgar as “novas” propostas a cada mudança de governo. E, o que é pior, para fazer as acomodações e o marketing do grupo vitorioso. Se abríssemos os olhos, esse dinheirão jogado fora, daria para pagar muitas vezes a “dívida externa”, que também não é nossa, mas de uns poucos “políticos” ao longo da história, e suprir outras necessidades urgentes do povo do Brasil, como segurança, saúde, desemprego, etc. Nossa sociedade está se “preparando” para indicar seus próprios candidatos. O caminho mais certo, ainda é, o partido político, entendido como uma das mais autênticas formas de organização popular. É uma pena que cada sigla partidária, desde as de extrema-esquerda até as de extrema-direita, tenham dono e sejam de propriedade e uso particular de alguns mais espertos e abastados políticos profissionais. Mas certamente surgirão, ao longo da história sofrida do povo, que paga tudo, outras possibilidades para um dia, quem sabe, nascer e vigorar a verdadeira democracia e terminar o copioso estresse do trabalhador público e privado.
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XX VINTE
QUEM É LIVRE É FELIZ
Existe uma falha muito grande, que precisa ser corrigida, em nossa consciência individual e coletiva em relação ao conceito que temos sobre liberdade. Seja formulado por nós mesmos ou herdado de outros. Ao entendermos que ser livre, é estar desvencilhado de qualquer limite, estamos nos reportando a um estado de acomodação do conceito de Liberdade ao nosso comportamento sonhado, desejado, idealizado e não o comportamento real, verdadeiro. Para tudo o que existe há sempre algum limite, ou traço divisório limítrofe. Nessa linha de pensamento, o que é, de fato, ser livre? Quem é verdadeiramente livre na prática? Como exercer a plena liberdade?
Salvo me provem o contrário, o único ser inteiramente livre, na real acepção da palavra, é Deus. É o único que não se submeteu a um corpo físico, nem a um estado espiritual e, muito menos, a um tempo cronológico de existência. Deus não é corpo e nem espirito porque é infinitamente superior a ambos. Tanto o corpo físico como o estado espiritual são criaturas divinas e o tempo cronológico é de criação humana. A transcendência de Deus em relação ao ser criado é tanta que, nem ao próprio Filho Jesus enquanto Homem, permitiu pleno conhecimento do que seja a liberdade transcendente. Jesus Cristo precisou passar pela morte, (um dos mais reais limites humanos), para chegar ao estado perfeito e superior de ressuscitado. Precisou permanecer entre os limites da vida para chegar, finalmente á completa liberdade. Então qual é o verdadeiro significado de liberdade? Para responder esta questão é necessário corrigir nossa falha gnosiológica e “passar uma borracha” nos conceitos viciados a que nos acostumamos sobre liberdade. É cômodo para qualquer ser humano adaptar a teoria epistêmica à sua prática cotidiana. Acomodar o conceito de liberdade ao nosso bel-prazer é viver um falso estado de liberdade, o que se caracteriza mais por libertinagem. Quase sempre se toma o aspecto negativo para tentar compreender seu significado. Dizemos que ser livre é não estar sujeito a nenhum limite, lei, regra ou regulamento. Não querer respeitar normas e limites é o aspecto negativo de liberdade. 55
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É justamente o contrário. Quando têm limites é que seremos totalmente livres. Deus não é livre para não ser Deus. Mas é livre enquanto Criador. Homem não é livre para não ser Homem, mas é livre enquanto homem. Nisso consiste a soberania da liberdade do homem sobre si mesmo. Penso que Santo Agostinho percebeu bem o sentido de liberdade quando disse “Ame e faça o que quiser”. A liberdade vista nessa dimensão positiva é a perfeição. Quanto mais um ser se aproxima da perfeição, tanto mais é livre. Mais um compreende o sentido da liberdade, tanto mais é perfeito. Porque uma pessoa que ainda está no útero materno é totalmente livre em sua vida intrauterina? Por que ela nunca tentou extrapolar a parede do útero para experimentar outra vida antes do parto. Se o fizesse durante os nove meses de gestação não seria livre para viver como feto perfeito. Morreria ou teria que ser conservado vivo com a ajuda de equipamentos. Esse é um conceito autêntico e positivo de liberdade. Outro exemplo positivo é quando o pai não autoriza o filho de menor ir a uma boate e o filho obedece, mesmo contrariado, os dois estão em pleno uso da liberdade, isto é, são verdadeiramente livres. Se, ao contrário o pai autorizasse, mesmo sabendo que o filho correria perigo de vida, ou se o pai não autorizasse e o filho desobedecendo e mesmo assim fosse, nenhum dos dois estaria sendo livre. Em seu aspecto negativo de liberdade a tentativa é de quebrar os limites, desfazer regras. Diante de um abismo, por exemplo, você pode transpor os limites entre à terra firme e o precipício, mas terá que usar cinto de segurança e cordas amarradas a lugar seguro. Portanto, não será livre para ir e vir como quereria. Você pode saltar de um avião em grande altitude, mas terá que usar paraquedas. Assim não tem queda livre. Não é livre para espatifar-se ao chão. Ser livre é viver até os limites entre a vida e a morte. Ao entender o sentido de liberdade em seu aspecto positivo, seremos efetivamente livres. Neste parâmetro, os fatores limitantes da liberdade são inerentes ao seu devir específico, portanto, necessários para que ela exista e seja real. Não fugindo dos limites o ser humano pode agir livremente e não correrá risco de errar ou se perder. Nos limites você pode ser perfeito.
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XXI VINTE E UM
CIDADE-NINHO
Ela merece um hino de louvor. Compará-la a um ninho é uma ideia feliz, carinhosa, poética e, simultaneamente, prática, dinâmica, com propostas e projetos de construção, segurança, prosperidade, progresso, esperança, sucesso. Quando os pássaros constroem seus ninhos, têm na cabeça um sonho. Relacionar-se em família, gerar, botar, criar, ensinar alimentar-se, defender-se, voar, emancipar e ver os filhotes felizes, em busca novos amigos. E, juntos, baterem asas livremente, descortinando outros mundos e realizando novas aventuras.
Nossa Campo Mourão, cidade abençoada, é um ninho, construída com cuidado e carinho, para depositar a possibilidade de novas vidas, sonhos e esperanças. Foram tantos os filhos incubados e nascidos nestes cem anos de existência como ninho feito por pessoas responsáveis, empreendedoras, sonhadoras, comprometidas, corajosas e nestes cinquenta e seis anos de emancipação política, prova de força organizacional. Filhos anônimos ou publicamente reconhecidos, homens e mulheres que souberam, sabem e saberão honrar, dignificar, respeitar e defender esse nome sagrado, místico e racional que os agrega, congrega, ama, reconhece e os valoriza indiscriminadamente. Todas as manhãs é uma nova revoada de filhos chocados, nascidos e/ou incorporados a esse grupo mourãoense feliz. São pessoas que voam alto, enxergam longe, pensam em si, em seus projetos, mas não descuidam de serem solidários, altruístas, caridosos e fraternos. Essa é a nossa Campo Mourão, cidade ninho, bem amarrada, solidamente construída em bases firmes, limpa, conservada, preservada, pura, ecológica, acolhedora, amiga, religiosa. Quem vive aqui tem gosto e alegria de viver. Conheço uma pessoa que, toda vez que sai a passeio ou por necessidade de trabalho, quando está retornado, ao se aproximar da cidade, suspira e diz aliviada, como é bom voltar. Campo Mourão é um paraíso. De fato, somente quem experimentou este ninho acolhedor, tem condições de avaliar seu valor. Até hoje não encontrei nenhum mourãoense que esteja morando fora e que 57
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não tenha saudade e esperança de um dia voltar. Essa é a nossa Campo Mourão que, a pesar de “exportar” muito dos lucros de suas riquezas, para serem investidos em outras plagas, ainda é cenário nacional, pelo Governo Federal passado como ponto de partida da Educação Nacional e neste, com a grande largada do plantio da agricultura brasileira. Não há alegria e festa maior para todo pai do que ver um filho bem, realizado e venturoso. Aqui também é assim. A vontade soberana de todos os nossos pioneiros é que voemos sempre mais alto e sejamos felizes. Parabéns, Campo Mourão e abençoados sejam todos os mourãoenses, seus sonhos e seus bens.
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XXII VINTE E DOIS
MINHA MISSÃO
Na atualidade, hoje já se ouviu muito sobre missão. O termo popularizou-se de tal forma que extrapolou o sentido bíblico e religioso primitivo restrito, até algum tempo atrás, a seu significado de envio de profetas, mensageiros, pregadores e catequistas. Atualmente a expressão tem a força de apresentar, também, os objetivos, os sonhos e os projetos de pessoas físicas e pessoas jurídicas. “Minha missão”, diria o Repórter: “é levar a notícia e outras informações aos ouvintes, leitores e telespectadores”. “Minha missão”, diria o médico: “é levar a saúde ao povo e curar pessoas”. “Minha missão”, diria o pecuarista: “é criar e vender o boi”. “Minha missão”, diria o professor: “é ensinar e educar”. “Minha missão”, diria o Padre: “é apresentar e explicar (pregar) a Palavra de Deus”. “Minha missão” diria a empresa industrial, comercial ou prestadora de serviços: “é receber, acolher, entender, atender e solucionar o problema ou responder ao anseio do cliente”. Dessa forma poderemos compreender um pouquinho melhor o significado da palavra missão.
A Igreja Católica e algumas outras denominações religiosas, dedicam o mês de outubro para recordar e celebrar as missões. É uma espécie de comemoração, referente a esse processo evangelizador, ou melhor, “cristianizador”, que algumas pessoas assumem com muita coragem. De certa forma, quem entra em contato com um missionário, recebe o convite direto ou indireto, para mudar de vida. Essa era uma das prerrogativas de uma missão. A outra é o convite para a meditação da Palavra de Deus e a refutação de tudo o que não é cristão. Neste mês missionário, cabe-nos uma reflexão mais séria e profunda. A primeira pergunta é quem pode ser missionário? A segunda, como ser? Terceira, onde? Quarta, quando? Quinta, para quem? E sexta, quanto se ganha com isso? Qualquer pessoa batizada pode ser missionária para o outro. A melhor maneira de ser um verdadeiro missionário é dando exemplo. Se o batizado é cristão de fato, será missionário de fato. O missionário deve obedecer a uma hierarquia de lugares para reali59
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zar sua missão. O próprio coração (a si mesmo), depois a família, depois o trabalho, a cidade, o país e, finalmente, o Mundo. Isso deve ser feito a partir de agora e, depois, diariamente. Todas as pessoas indistintamente deve ser objeto da missão. O trabalho missionário não tem preço pecuniário. O pagamento é através do contrato evangélico, “receberás cem por cento aqui e ganharás a vida eterna”. Toda missão é realizada pelo diálogo. O diálogo missionário não pode admitir acepção de pessoas para ser eficiente e inicia-se, impreterivelmente, com a prática da audição. Ouvir o outro e respeitá-lo em suas convicções, cultura e ideologia é o primeiro passo para efetivação do processo. Finalmente, o discurso não pode diferir da prática. Falar é fácil. Todo mundo fala. Difícil é praticar aquilo que se impõe aos outros.
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XXIII VINTE E TRÊS
O LIVRO, A VIDA E A LIBERDADE
Com relação às dimensões biológicas, psicológicas, sociológicas e espiritual, que compõem toda a estrutura humana, é necessário um dimensionamento de consciência clara. As concepções míticas, supersticiosas e ignorantes poderão conduzir o homem a um completo desarranjo, ocasionando as mais desastrosas e desagradáveis doenças, insatisfação pessoal e morte prematura. Para a reversão da situação é necessário conscientizar-se de que há sempre um remédio que pode ser encontrado.
O controle psicossomático, a conquista do equilíbrio racional e o alcance da plenitude pessoal, são metas perfeitamente atingíveis por todos os seres humanos. O encontro com a felicidade está mais perto de nós do que imaginamos. É um processo simples, que não exige grandes e profundas pesquisas, nem demoradas investigações científicas. Trata-se do da comunicação em três esferas distintas e interligadas, ou seja, intra, inter e extra pessoal. A esfera intrapessoal ocorre no interior da pessoa e permite a recomposição de fatores importantes, como a intercessão entre a razão, a emoção e a fé. A interpessoal é responsável pelo relacionamento recíproco entre pessoas distintas. E a extra pessoal trata do processo de comunicação com o mundo que nos cerca, a natureza, os outros animais e assim por diante. A comunicação humana se efetiva pelo diálogo, que pode ser oral, por gesto, por expressão fisionômica, por toque, através da leitura ou por escrito. Distinguimos a leitura como a forma de comunicação mais completa que o ser humano possa ter criado. Ela reúne todas as outras formas. Está empiricamente comprovado, ao longo da história, que se trata de um dos meios mais seguros e eficientes de ingresso ao estado de perfeita saúde preventiva e, até mesmo curativa. Comprovou-se, também, que o ato de escrever, assim como a leitura, provoca grandes transformações positivas na pessoa e a conduz a uma situação de completa libertação e felicidade. Na dúvida entreviste um escritor. Tudo isso está relacionado ou contido na grande e eterna invenção humana: o livro. Ele é uma das portas que dão acesso 61
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ao mundo interior, para desvendar seus mistérios, resolver seus enigmas, descobrir suas fontes de energias motivadoras e propiciar novas formas de relacionamento. Quem tem sempre às mãos um bom livro tem a posse de excelente remédio para prevenir e curar qualquer nível de depressão. A leitura de um bom livro restaura e preserva a vida, garantindo a liberdade. Vinte e nove de novembro foi escolhido para ser o Dia Nacional do livro. Sinta-se convidado a homenageá-lo, em seu dia, iniciando a leitura de um e comparecendo ao Teatro Municipal, as vinte horas, para participar da palestra, Como Escrever e Publicar um Livro.
Amani foi um homem de sonhos, de projetos e objetivos. Sua contribuição e seu legado para a cultura de Campo Mourão é algo difícil até de mensurar. Vai estar para sempre presente na memória das gerações de mourãoenses porque sua aventura vital foi extraordinária. Jair Elias dos Santos Júnior
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XXIV VINTE E QUATRO
UMA GUERRA QUE PRECISA SER VENCIDA
Vezes há que, aparentemente, nos encontramos em um “beco sem saída”. E, o pior, em meio a um labirinto que nos tonteia. Nosso corpo físico reclama de intenso e continuado, cansaço. Aparecem como sintomas as constantes dores físicas, sem sabermos explicar onde. Uma hora dói aqui, outra ali. O estado psíquico do organismo manda dizer que estamos angustiados, sem ânimo, sem entusiasmo, sem motivação e a vida perdeu o sentido. Temos vontade de sair correndo sem parar, em linha reta, sem olhar para trás. Vontade de não ver ninguém de não conversar com ninguém. Sem coragem para qualquer empreendimento. Estamos “para baixo”.
Então, nosso espirito acende todas as luzes de alerta e teimamos em apagá-las, dizendo, “não! Está tudo bem”. A Auto estima vai ao fundo do poço. Nos consideramos o pior de todos os mortais. Estamos prestes a cometer uma “besteira”. O que fazer? Nessa hora não adianta procurar paliativos. É preciso pôr os dois pés no chão. Tomar cuidado com falsas propostas e promessas de pronto restabelecimento, principalmente as mitológicas ou de “filosofias infundadas”. Todo projeto de cura que não considerar a causa do problema e não retirar a raiz, possivelmente, apenas contornará a situação e não dará solução definitiva. Todo ser humano, normalmente, é constituído de uma força motriz, chamada razão, que se desdobra em duas, a intuitiva e a discursiva, para poder atender todos os seus objetivos e necessidades como animal racional. A razão tem dois movimentos vitais importantes dentro de si mesma, o raciocínio e a intuição. A intuição trabalha com percepção imediata, hipóteses “míticas”, pressentimento e dados claros sobre ideias e sobre a verdade oferecendo resultados prontos, mas nem sempre corretos. O raciocínio, ao contrário, trabalha com dados pré-elaborados e conclusões lógicas, retiradas de premissas formadas por juízos. Toda conclusão lógica pode ser verdadeira ou falsa, dependendo 63
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dos juízos em que se basearem. Tanto as conclusões intuitivas quanto as discursivas, provocam reações práticas na estrutura do pensamento da pessoa. Isso refletirá em seu estado de vida e em suas ações empreendidas, o que ocasionará atitudes reacionárias positivas ou negativas. Tudo isso interferirá em seu relacionamento familiar, profissional, social, de lazer, religioso, político e econômico. Toda mudança de comportamento é ocasionada pela desestruturação do pensamento. A falta de lógica leva o homem ao auto desencontro e ao desequilíbrio pessoal. Começa, então sua guerra interior. Neste mundo conturbado, agitado, apressado e cheio de ilusões, é necessário encontrarmos alguém que possa e saiba nos ouvir. Para voltar à paz é preciso recompor o pensamento, reconquistar o equilíbrio, refazer a vida.
...para a eternidade!
XXV VINTE E CINCO
SOCORRO ESTOU CAINDO
Não há como separar, classificar ou escolher tudo o que entra em nosso organismo, através dos cinco sentidos. Estamos expostos diretamente a todas as formas de poluição que possa existir sobre a face da Terra, sejam elas de ordem sonora, visual, auditiva, epidérmica, olfativa, social, espiritual, moral ou química. Com as coisas boas, nosso organismo recebe toda espécie de lixo produzido no mundo e precisa acostumar-se com ele.
Os constantes ataques recebidos do mundo externo acabam abalando nosso mundo interior. Muitas vezes chegamos ao limite máximo tolerável e vivemos às margens de uma eminente explosão. Não é de se admirar que pessoas, até as de melhores índoles “comprem brigas atoas” diante de situações, aparentemente, naturais. Nestes tempos modernos, vivemos constantemente, “como os nervos à flor da pele”. O pensamento se descontrola e acaba produzindo alguns, pequenos, mas terríveis, monstros dentro do nosso corpo. Inicia-se um processo de grande sofrimento. A angústia vai se avolumando, a solidão vai tomando proporções intoleráveis, o estresse se aloja em nosso psiquismo e o conduz a um estado depressivo. Está na hora de pedir socorro. Procurar um médico, psicólogo ou filósofo clínico. Essa é a solução imediata mais acertada. Querer resolver sozinho é caminhar mais rápido e definitivamente em direção ao precipício. Quando estamos à beira do abismo, ainda é fácil de retornar e escapar do perigo, mas se cairmos ladeira abaixo, o estrago será terrível. É difícil retornar. Por isso é melhor “prevenir do que remediar”. Para não arriscar sozinhos, precisamos conversar com alguém. Existem partes do nosso organismo, seja biológico, psicológico ou espiritual, que dependem do serviço profissional de alguém da área específica. Não podemos ficar somente aplicando a tentativa de auto cura. Isso seria arriscar demais. Não custa pedir socorro. Existem milhares de pessoas que estudaram, se especia65
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lizaram e fizeram juramento, para servir a humanidade em suas necessidades. De todas as dores que existem no organismo humano, as maiores e mais desastrosas são as dores mentais. O remorso, o arrependimento, o ódio, a frustração são alguns exemplos de males que arrastam a pessoa ao abismo da depressão. Podem estar em estado de dormência, como um vulcão, dentro de nosso organismo e, um belo dia, acordar e eclodir. Sem que menos esperemos podem ativar-se e, vindo à tona, causar grandes estragos. Muitos foram colocados lá, em seu “cantinho”, em qualquer tempo de nossa idade cronológica. Pode acontecer que nunca sejam ativados e passemos a vida inteira sem sermos perturbados por sua ação, mas também, pode ocorrer o contrário. É bom que estejamos preparados.
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XXVI VINTE E SEIS
PROCURAR RESPONSÁVEIS OU APONTAR SOLUÇÕES?
Nossa sociedade testemunha fatos aterrorizadores sem saber qual é o justo motivo. Crianças, adolescentes, jovens e adultos têm falecido estupidamente. Os marginais, presos ou não, comandam uma onda de violência jamais vista na história. Seu intuito é amedrontar a população para não serem incomodados em seus roubos, desvio e lavagem de dinheiro. Além de casos isolados que pipocam, a cada momento, em todos os cantos do País, existe a proliferação de gangues de adolescentes, jovens e, até de crianças que treinam, se aperfeiçoam e, aos poucos, se acostumam com a criminalidade sob o patrocínio de adultos poderosos e traficantes, que agem sempre sorrateiramente. Quem deveria ser responsabilizado por essa situação caótica e perigosa? A própria sociedade? Os pais por não procurarem e valorizarem a orientação e o apoio seguros à família? As escolas, que muitas vezes não oferecem uma educação completa aos alunos? As autoridades, que em muitos casos estão desviadas de sua verdadeira função? Os meios de comunicação, quando só visam lucro e usam pessoas e situações para subir no IBOPE? Outras instituições e entidades que somente exploram seus membros, não fornecendo orientação correta e fundamentada? Os políticos que somente valorizam e respeitam o cidadão no período de pré-campanha ou as próprias vítimas que poderiam estar em outro lugar naquele momento, lendo, estudando, trabalhando ou praticando esporte? E os bandidos, não seriam eles os maiores responsáveis por ter causado tais situações? Não estariam eles, também, necessitando de orientação? Apontar falhas, é algo que todo mundo sabe muito bem-fazer e faz. Quero ver apontar soluções, apresentar projetos e ações que amenizem ou resolvam a situação. A solução é muito simples. É tão simples que ninguém acredita nela. Começa pelo diálogo. A forma mais produtiva de relacionamento humano, ainda é 67
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o diálogo. Uma boa conversa, um bom bate-papo em família, solucionaria e evitaria grande parte dos problemas. Se fizermos uma pesquisa, descobriremos que, a imensa maioria dos desentendimentos e brigas seguidas de morte, são provocadas por pessoas oriundas de famílias que não se relacionam bem, não dialogam, não se respeitam, não se ajudam, não se completam, não se acariciam e, muito menos, se amam. Um filho que não é querido, amado, respeitado e valorizado pelo pai ou pela mãe, necessariamente buscará outras formas de se impor e tentar provar sua personalidade, usando a força e a violência. Em outros casos, se deixa manipular e torna-se “arma poderosa”, nas mãos dos verdadeiros “bandidos da sociedade”. Portanto, boas famílias e muito diálogo são a real solução para a violência. Lembrando que o diálogo para ser eficiente, produtivo e verdadeiro, precisa construir-se sobre as seguintes afirmações: saber respeitar, acolher, ouvir e falar tudo o que for necessário, sem exagerar. Somente quem ama dialoga e somente quem dialoga vive melhor.
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XXVII VINTE E SETE
UM POUCO DE OTIMISMO
Ninguém de nós gostaria de ser reduzido a um simples animal irracional, como, por exemplo a formiga que, em sua trajetória de trabalho carrega, sem perceber nem tomar consciência, um fardo mais pesado e, muitas vezes, maior que ela própria. Não tem consciência do que faz. Faz por que tem que fazer. É seu instinto. Não pensa, raciocina ou sente prazer nem dor. Sem realização pessoal pelo que faz. Não manifesta felicidade por ter realizado a tarefa, soltando fogos de artifícios, nem promovendo churrascos de confraternização, menos ainda promove culto de ação de graças ao deus das formigas. Cumpre seu destino de cabeça baixa em uma interminável rotina, até a morte.
Muitos homens são verdadeiras formigas em relação a si mesmos e ao trabalho. Reduzem-se a um amontado de células que exercem suas funções sem reclamar nem procurar novos desafios e novas conquistas. A cabeça não pensa, o coração não sente, os nervos não reagem e os neurônios vão atrofiando. O marasmo toma conta e o ser passa agir mecanicamente. Sua vida vai, num ritmo alucinado, ao encontro simplesmente do fim. Parece-lhe que apenas a morte lhe interessa. Não! Não foi para isso que Deus nos criou. Somos pessoas de fortíssima índole. O livre arbítrio nos transforma em seres completos, capazes de realizar tudo o que se encontra a nosso alcance e tudo o que é possível, dentro de nossas condições de criaturas humanas. Não existe, na imensidão do universo, seres mais completos que nós mesmos. Se existissem, seríamos escravos deles. Creio estar na hora de reagir. Se tomarmos como propósito a realização dos principais sonhos e projetos, dizendo, para nós mesmo que, efetivamente podemos executá-los, então certamente os levaremos a cabo. Não é assim com todos os grandes vencedores? Se eles venceram nas grandes coisas, porque eu não posso vencer nas pequenas e chegar, também, ao sucesso nas grandes? Os heróis não tinham nada mais e nada menos do que eu tenho. Não eram mais nem menos do que sou e nem tiveram nenhuma oportunidade a mais do que eu. 69
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Somos aquilo que queremos ser, esta é uma das mais importantes leis da natureza humana. Deus nos deixa livres, para ser ou não ser, dentro de nossas próprias potencialidades. A única resposta que Ele quer e exige de nós é que sejamos realmente felizes. Temos aquilo que queremos ter, esta é uma das mais importantes leis da economia humana. Nada resolverá termos tudo em abundância se não soubermos usufruir. Nossa riqueza poderá ser nossa condenação. Não ao fogo do inferno, mas ao sofrimento do arrependimento eterno, por utilizar os bens materiais, — conquistados por nossos talentos, que são dons recebidos e transformados em serviço criativo —, em benefício da própria destruição ou da destruição de pessoas ligadas a nós por laços de sangue, ou não. Convenhamos, está na hora de tomar consciência e mudar de vida. Começar vida nova. Para isso não são necessárias transformações mirabolantes. Basta continuar fazendo tudo o que fazíamos, tendo tudo o que tínhamos, sonhando com tudo o que sonhávamos, criando todos os projetos que criávamos, executando todas as atividades que executávamos, vivendo da mesma forma como vivíamos. Mas, agora, de forma consciente, apaixonada e ética, sendo novos seres, com um pouco mais de otimismo e entusiasmo. Assim a vida será bem melhor.
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XXVIII VINTE E OITO
A INTELIGÊNCIA PROMOVE A PAZ A ESTULTÍCIA A GUERRA
O pensamento, como recurso, inato ao ser humano, é o responsável pela origem, sequência e conclusão dos diferentes estados, atitudes e ações do homem. Pensar é um mistério e, ao mesmo tempo, um ato real. Rico em “sub-forças” como a imaginação, a intuição, o raciocínio, a memória e outras ainda não descobertas, conduz o homem ao completo êxito em seus empreendimentos, metas e sonhos. Como programa executável, instalado na mente, é infalível. Ao aciona-lo, a pessoa pode realizar coisas incríveis, indescritíveis e, até, fora do próprio controle. O comando do pensamento é de cunho e foro íntimo, exclusivamente pessoal e intransferível. Ninguém, externamente, poderá acionar ou administrar o pensamento de outros. O máximo que se pode fazer é sugestioná-lo a agir desta ou daquela forma, mas acioná-lo e controlá-lo, “nem pensar”! Do ponto de vista da Filosofia e da Ciência, isso não é tão mistério assim, pois trata-se de mecanismo. O problema reside entre as pessoas, especialmente as do senso comum, mas não somente elas, que provocam uma “mistura” entre a filosofia pura, como processo de conhecimento, e as chamadas “filosofias”, como mensagens, até poéticas, de motivação e tentativa de elevação da autoestima. O que é louvável em seu campo e limites. Acontece que muitas pessoas, — e pasmem os estudiosos —, até do meio acadêmico ou com formação superior, presunçosas, ao lerem qualquer mensagem desse “naipe”, vão logo classificando como “filosofia”. Esse é um dos motivos da grande confusão sobre o que, de fato, venha ser o pensamento humano e qual sua força. Tão grave quanto confundir a função filosófica real com as mensagens de ficção, muitas até sofisticas, de motivação e tentativa de elevação da auto estima, é a tentativa de “queima” da etapa discursiva do processo natural do pensamento e transformá-lo 71
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em poder mágico e misterioso. Ao contrário, ele é um recurso da razão. Seu controle é mecânico, ou melhor, eletrônico, alimentado a partir das informações recolhidas através dos cinco sentidos materiais, que recebem os dados. Estes são conduzidos, “ciberneticamente”, ao controle central, selecionados, decodificados e, imediatamente, encaminhados aos devidos “departamentos”, para serem assimilados, registrados na memória e, posteriormente apresentados como força ou vontade. Isso desencadeará o respectivo estado, ato ou ação do ser humano no todo. Esse processo envolvente que, na filosofia, entendemos por inteligência, ao qual pertence o pensamento, como uma de suas principais forças, distingue e aperfeiçoa o homem, como a mais completa e perfeita de todas as criaturas. Ao utilizar, de forma correta e funcional o próprio pensamento, o homem promove um relacionamento salutar e equilibrado com seus semelhantes, com os animais e a com a natureza, de forma a estabelecer harmonia, bem-estar, paz e felicidade de todos. Estultos e sem inteligência são os que promovem a guerra e qualquer outra categoria de destruição de si e dos outros a partir do pensamento egoísta, ganancioso, avarento e maligno. O homem inteligente pensa na paz.
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XXIX VINTE E NOVE
MAIS UM PASSO PARA GARANTIR SUCESSO
Parece fazer parte do processo vital do universo a renovação. Ela se dá por ciclos ou etapas que se completam do nascimento até a morte. Assim são as coisas, o tempo, a natureza, os animeis, o homem, a vida. Tudo se renova, tudo se transforma. O sincronismo das eras perpetua o tempo. A existência se refaz.
Agora, por exemplo, é tempo novo no calendário. Mais um período de doze meses se inicia. A vida continua. Renovam-se esperanças e sonhos. É tempo de se recompor, recarregar o espirito, refazer as forças e retomar a caminhada. O primeiro mês do ano é sempre o mês da ressaca. Mas, também o mês do pontapé inicial e não se pode parar e ficar esperando. O tempo passa voando. É preciso colocar tudo em dia e reiniciar a luta. Cada passo dado neste novo ano é o início da realização dos sonhos e projetos. O caminho mais seguro para um ano de sucesso é composto por alguns elementos fundamentais e necessários. O primeiro deles é a saúde. Cuidar bem do corpo e do espírito. Evitar a auto destruição. Tanto a doença como a saúde, somos nós quem as colocamos no interior do próprio corpo. Os nossos sentidos materiais são muito receptivos e estão abertos, como portas e janelas no organismo humano. Muitas vezes são os nossos olhos que nos fazem engordar com exagero. É preciso amar a si mesmo, começando pelo corpo. O segundo elemento é a família. Todo indivíduo que valoriza a família tem maiores possibilidades de uma vida mais equilibrada e muito próxima do êxito pessoal. Família estruturada, segurança dobrada. O terceiro elemento é o conhecimento, a cultura, a profissão. Quem estuda, mesmo que tenha estudado pouco, mas descobre a vocação de ser útil à sociedade pelo exercício de um serviço qualquer, descobre a felicidade e recebe rendas em dobro. E o quarto, além de outros, é a amizade. Quem se rodeia de 73
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bons amigos e se faz, também, de bom amigo, está mais perto de realizar seus sonhos. Não é por pouco que o Livro Sagrado diz, “quem encontra um amigo, encontra um tesouro”. E, resumindo todos, vem a fé. É preciso acreditar em Deus, em si e nas pessoas de boa vontade. É preciso acreditar nos sonhos. A receita infalível para quem quiser ter um ano feliz e de muito sucesso é bem simples. Basta amar, respeitando a seguinte hierarquia de valores. Primeiro a Deus, depois a si mesmo, os semelhantes, os animais, a natureza, o trabalho e assim sucessivamente. Pois, como diz o sábio e filósofo Santo Agostinho, “ame e faça o que quiser”. O pai que ama os filhos e a esposa, lhes garante a segurança, o êxito e a felicidade. Os filhos e a esposa que amam o pai e esposo, garantem-lhe o sucesso e a felicidade. Quem ama a natureza, o trabalho e seus semelhantes, vive na paz e conquista os melhores lugares, porque é uma pessoa equilibrada. Desta forma, que este novo tempo cronológico, nos assegure tudo isso e mais aquilo que merecermos.
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XXX TRINTA
INTREPIDEZ DE VALENTE GUERREIRO
Quando o homem irrompe a barreira do não ser e se vê existindo, seja por chamamento do Criador ou por bravura de seus elementos potenciais, tem início uma batalha infinda. Começa com o espermatozoide que deve correr mais que outros bilhões, para chegar antes e a tempo de fecundar o óvulo. A potência vira ato. O não ser vira ser. Um novo ente é concebido.
O embate continua no útero materno. Aqui já começa existir a consciência, a memória e a razão intuitiva. Nesta primeira etapa há os que têm uma vida fácil, tranquila, rodeada de segurança e conforto. Há os que somente conseguem sobreviver. E os que têm de lutar ferrenhamente para não morrer. Tudo depende do organismo materno. O confronto é entre a vida e a morte. Enfim nasce. Onde chegará? Inicia-se novo prélio. Manter-se vivo nos primeiros momentos. Ter saúde ao longo da vida. Viver bem e com segurança. Alcançar sucesso. Acumular riquezas. Guardar a fé. Manter bons princípios. Desenvolver a capacidade de adquirir conhecimentos. Desde o primeiro dia de vida a guerra deve ser empreendida a cada momento, para não sucumbir precocemente. Aqui, além da consciência, da memória e da intuição, começa existir e atuar a razão discursiva, ou seja, a inteligência, o raciocínio, a lógica e a vontade. Quem não tem disposição para enfrentar a peleja, no dia a dia, poderá chegar à morte definitiva sem ter completado seus dias. Quem se dispões à luta poderá chegar à vida eterna quando findar o tempo da batalha. Há ainda outra ação verdadeiramente bélica a ser enfrentada pelo homem que vive, a luta da alma contra tudo que é efêmero. Aqui atua a imaginação, a emoção, a fé a graça e o coração. É uma questão de honra, orgulho e audácia completar o combate e vencer. Tudo dependerá da intrepidez do valente guerreiro. A vitória ou a derrota estão em suas mãos, em sua inteligência e em sua vontade. Perdem os acomodados e vencem os arrojados. 75
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O triunfo derradeiro consiste em irromper a barreira do tempo e ressuscitar gloriosamente na eternidade. Eis a questão.
Amani Spachinski de Oliveira Homem íntegro de caráter ilibado. Com o seu “Grito” “Meu grito Meu grito de libertação Cansado deste silêncio tímido e tolo entre nós Resolvi gritar para a minha e sua libertação Eu amo você”. Eternizou seu maior sentimento por onde passou “ Eu amo você “. Deixou seu legado consciente de amor e trabalho. Ester de Abreu Piacentini
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XXXI TRINTA E UM
CADA DIA MELHOR
Como homem e como mulher, o ser humano anda, ao longo de sua existência, vive buscando a satisfação de duas necessidades, no mínimo, essenciais para o seu conhecimento e sua felicidade. A verdade sobre sua origem, fim e sobre a finalidade de sua vida. A busca é sempre sobre a veracidade do que se estabeleceu sobre isso, ao longo dos séculos de história do mundo. Será que é isso mesmo o que dizem a respeito de minha existência? A verdade é a conformidade da ideia que se formula e a realidade do objeto do conhecimento. Se a dimensão do pensamento é a mesma do objeto pensado, então estamos no âmbito do conhecimento racional verdadeiro e lógico. A ideia, ou pensamento é a abstração da realidade pensada. Abstração é a ideia que se faz, ou o pensamento que se formula, sobre determinado objeto ou coisa. Se o objeto imaginado, pensado, experimentado e conhecido, for o mesmo que se encontra na mente humana em forma de pensamento, então essa é a verdade. Nosso “coração”, nossa consciência e nossa memória, estão inquietos a procura de respostas convincentes sobre nós próprios. Esse anseio é parte essencial do processo de conhecimento racional, emocional e espiritual. Faz parte do rol de questões que, se não resolvidas, levam a pessoa a uma dissonância vital em todos os aspectos de seu existir. Ninguém consegue viver muito tempo fora da verdade sem se deprimir. Ao concebermos a ideia da origem, fim e objetivo da vida, estamos procurando a conformidade desse pensamento com a realidade que se experimenta. Este é o principal fim do conhecimento sobre nós mesmos, a concordância do que pensamos com o que verdadeiramente somos. Enquanto ideia, ou pensamento, isso é o princípio de nossa realização pessoal.
Porém, quando a verdade se estabelece em nossa razão, entramos em uma espécie de equilíbrio existencial e tudo, ao nosso redor, parece ter um novo sentido. Sabendo quem somos, de onde viemos, para onde vamos e, porque vivemos, teremos certeza de 77
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ter encontrado a plena felicidade. Ser feliz é saber a verdade sobre nossa existência e colocar em prática seu objetivo e fim. Quem sabe porque existe e, vive de fato a vida, em benefício de si, dos outros, de seus projetos e do mundo, certamente é um ser completamente realizado e feliz. A verdade se estabeleceu sobre si e não deu lugar ao estresse, nem à depressão. Então pode-se dizer que a vida está, cada dia melhor.
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XXXII TRINTA E DOIS
ATO DE LIBERTAÇÃO
Existem algumas invenções da raça humana que causaram grandes e importantes impactos, tanto sobre a vida individual, quanto a vida social do homem. Nossa proposta é fazer uma reflexão sobre as que têm influenciado e causado significativas mudanças na história da humanidade.
Começaremos revelando a fonte da eterna juventude. O segredo para quem pretende viver mais tempo e com maior qualidade. A possibilidade de conquistar um futuro brilhante. A fórmula para ter êxito e alcançar sucesso em todos os seus empreendimentos pessoais. As condições para passar facilmente em qualquer concurso que exija conhecimento e raciocínio, inclusive o vestibular. A diminuição da porcentagem do risco de entrar em estresse ou depressão. A capacidade para criar e aproveitar ótimas oportunidades. Um modo mais eficiente de ampliar a memória, aguçar o raciocínio, adquirir conhecimento, clarear a intuição, aumentar a fé e “abrir o coração”. Um aprendizado sobre a arte de amar. O dinamismo e a realidade da auto cura. A melhoria da aparência física. Conseguir equilíbrio emocional. Motivar-se para viver, trabalhar e divertir-se. Auto organizar o pensamento. Entusiasmar-se com tudo o que há de positivo e construtivo no mundo. Compreender, analisar, criticar, reprovar o que estiver errado e reconstruir o que estiver parcialmente destruído. O propósito é mostrar a vigorosa fórmula de conservação, alimentação, preservação e agilização dos neurônios, responsáveis pelo complexo e extenso processo de comunicação interna do organismo humano. Os neurônios formam uma malha física de células nervosas que interligam todos os pontos do corpo de uma pessoa. Eles são irreparáveis e irrecuperáveis. Uma vez mortos, outros terão que assumir a tarefa que lhe era específica, atrasando e danificando a comunicação entre as partes. Daí a necessidade de conservá-los o maior tempo possível em perfeitas condições. Além disso, temos a intenção de mostrar o potente recurso para elevar e manter o bom humor, a autoestima, o “bom senso”, 79
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a cultura e o poder da imaginação. Com este recurso é possível empreender as mais fascinantes viagens a qualquer parte do Universo. Pode-se criar o não criado, inventar o não inventado, mergulhar no mais profundo dos oceanos ou voar até o último dos céus. Pode-se transpor planetas, galáxias e estrelas. Finalmente, com esse recurso, é possível revelar mistérios, mudar o tempo, conhecer o passado, compreender o presente, planejar o futuro e descobrir o significado da vida, o caminho da cura da alma, as veredas da morte e o esplendor da ressurreição. Através dele o homem poderá tornar-se imortal e eternizar-se. A esta altura estamos nos perguntando, qual é esse recurso tão poderoso? Serei eu capaz de utilizá-lo para meu próprio benefício e para ajudar os outros? A resposta é sim! Não há complexidade. É um processo simples que qualquer pessoa, no uso de sua inteligência, poderá dominar administrar. Dominado, isto é, aprendido e praticado, nos libertará. Trata-se do ato da leitura.
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XXXIII TRINTA E TRÊS
LER E ESCREVER PARA NÃO MORRER
O processo da Comunicação Humana é um fator relevante e indispensável para os relacionamentos interpessoais, sociais, econômicos e culturais da humanidade. Ele é responsável pelos fatos positivos, agradáveis ou negativos e desagradáveis que aconteceram, acontecem e/ou acontecerão na vida das pessoas e dos grupos humanos. De certa forma o processo da comunicação é determina os rumos da história dos homens, está presente e acontece, efetivamente, desde os primeiros tempos do aparecimento dos seres humanos sobre a face da Terra. Uma das mais ricas formas de comunicação humana, além da fala é a escrita. Escrever é a ação que perpetua tudo o que se refere a vida, inclusive eterniza a própria existência do ser. Ler é o sublime ato de receber, conceber, gestar e recriar a mensagem escrita, fazendo dela um dos imperativos da vida. Ler é experimentar, depois de um certo tempo, o que o autor vivenciou em sua época. Entre escrever e ler não existe muita distância. Embora este segundo seja mais amplamente utilizado e o qual, de fato, transforma o modus vivendi de qualquer pessoa e do mundo inteiro. Até mesmo o escritor escreve, porque um dia leu. A leitura é tão importante e necessária para o espírito e ao psiquismo, como uma vitamina, uma caloria, a luz, o ar, a água, o alimento e o próprio oxigênio para o organismo biológico do ser humano. Ler é prolongar a vida, inclusive a vida biológica. Existem estudos que indicam a leitura como um dos excelentes recursos para fortalecer, vitalizar, perpetuar neurônios e outros recursos da vida humana. O maior anseio do escritor é que o leitor lhe compreenda, diz o poeta, e eu acrescento, o maior anseio do leitor é viver e, me arrisco, que ele encontrará a vida no ato de ler. Os seres humanos são eternos. Sua existência espiritual nunca teve início e jamais terá fim. Mas somente a alguns poucos é concedido o dom da vida consciente, nas três dimensões, ou seja, física, psíquica e social. A vida é um presente finito. Dura apenas enquanto durarem as lembranças de seus amigos e ente queridos. Depois se apaga da história do mundo. Eu, por exemplo, nada sei 81
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sobre o avô do meu tetravô. Ninguém sabe. Nada foi registrado sobre ele. Embora exista e tenha vivido nas quatro dimensões, (espiritual, física, psíquica e social). Contudo, conheço muito bem o Olavo Bilac. Porque dele se escreveu e está registrado para sempre. Existe, portanto, uma forma de perpetuar e, até eternizar esta vida. Quem escreve um livro se eterniza no tempo e se firma no espaço. O corpo físico, psíquico e emocional se desintegra, ficando apenas o espírito, que não morre e o pensamento, se for registrado. O registro da trajetória do homem enquanto entidade e enquanto pensamento sempre foi uma preocupação do processo da comunicação quer oral, quer escrita, tendo por finalidade a perpetuidade da ideia entre todas as gerações. Escrever um livro é eternizar-se.
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XXXIV TRINTA E QUATRO
O PENSAMENTO GERA A FELICIDADE
Desde os mais remotos tempos que perfizeram a história da humanidade, existe uma corrida alucinada do ser humano em busca da plenitude, do sucesso, da realização pessoal, da saúde perfeita, da própria serventia, da eterna juventude, da perpetuidade e da felicidade completa. Corre-se atrás de recursos tecnológicos, práticas científicas, combinação de elementos químicos, análises clínicas, tudo para evitar e curar doenças e eliminar a possibilidade de incidência da morte precoce. No fundo, o homem quer eternizar sua vida consciente. Mas isso não é possível, pois o projeto homem tem suas etapas bem definidas pelo Criador, (anteprojeto ou semente; etapa sensível ou período de vida consciente e conclusão dele ou vida eterna pós-morte).
De qualquer forma, a luta renhida da sociedade humana é buscar a fórmula para viver melhor o presente e garantir um futuro feliz, sem nenhuma dor ou sofrimento. Para isso paga-se muito caro por soluções paliativas. Funciona como os tapa buracos que são feitos nas estradas ou ruas pavimentadas, é uma pseudo solução, que não tem durabilidade. A causa não foi resolvida. A situação não demorará voltar como era antes. Toda pessoa que se descobre problemática, em geral, despende enormes e desgastantes esforços em procurar soluções fora de si mesma e acaba, apenas, tapando buracos, não percebendo que os recursos, para eliminar as causas, estão dentro delas mesmas. Quando se toma essa consciência e se parte, de imediato, para a ação, a vida passa ser transformada de carga pesada para carga preciosa. A ação do pensamento no organismo todo é mais forte do que imaginamos e concebemos. Tudo o que se sucede conosco, seja na dimensão biológica, psicológica, sociológica ou espiritual decorre e tem sua origem no pensamento. Partindo-se das premissas de que o homem é aquilo que ele tem na cabeça; que o ordenamento e a prática de todas as suas ações, (físicas, psíquicas ou sociais), está subordinado a três reali83
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dades constitutivas da unidade humana essencial, ou seja, a razão intuitiva, instintiva ou a discursiva, que se fundem, embora não se confundam, no interior da pessoa e que seu estado de espírito, em ordem e paz, é o resultado da sincronia entre essas três formas práticas da razão, pode-se concluir que somente a organização efetiva do pensamento, como exercício racional, emocional e vital, poderá culminar na perfeição do ser em seu todo. Portanto, tudo está em nossa cabeça. Daquilo que pensamos dependerá nosso presente e nosso futuro. Do tamanho que pensamos agora será o tamanho do êxito que alcançaremos no próximo segundo. Do tamanho de nosso pensamento hoje será o sucesso de amanhã. O meu pensamento poderá determinar o exato momento do término de minha existência consciente, ou seja, de minha morte, antes ou no fim do limite estabelecido em meu projeto individual de vida estabelecido por meu Criador. Chegar lá com plena saúde de alma e corpo, também está em minha cabeça.
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XXXV TRINTA E CINCO
FELICIDADE OU MOMENTOS FELIZES
Visualizando o mundo moderno, com um olhar racional, crítico e realístico, pode-se perceber, sem muita dificuldade e com clareza, que as pessoas estão, cada vez mais, correndo desenfreadamente a procura do sentido de suas vidas. No fundo, sua busca é a felicidade. Todos queremos ser felizes. Na caminhada ao encontro da felicidade, em geral, nos deparamos com momentos de alegrias, momentos de paz, de realização e satisfação pessoal. O perigo está em não distinguirmos esses momentos felizes da verdadeira e completa felicidade a que fomos destinados no projeto do Criador.
Em relação a nós mesmos e às outras pessoas que fazem parte de nosso mundo, precisamos estar de olhos bem abertos e procurar distinguir o que é verdadeiro e o que é falso. Analisar o que nos ajuda encontrar a eterna felicidade e o que atrapalha. Atenhamos em um ponto que está, ainda muito vivo em nossa memória, por acontecer recentemente, a festa da carne. Passada a euforia do carnaval resta fazer um balanço, consciente, dos resultados. Uma pesquisa, divulgada pelos meios de comunicação durante os dias da festa, apontou, estatisticamente, que, a maioria da população brasileira não é apreciadora do carnaval. Quem gosta mesmo dessa farra são aqueles que têm lucro com sua promoção. O consumismo é a maior pedida. Vender, seja o que for, é o seu maior trunfo. Para um grupo, pequeno em relação à população de nosso País, houve entrega total à festa da carne. Rolou álcool, tabaco, droga leve e pesada, sexo, depravação e muitas outras coisas horríveis, que desconhecemos. Outro grupo relativamente menor que este, brincou com decência, humanidade, ética, auto respeito, equilíbrio e moderação. Um grupo bem maior, comparado aos dois anteriores, foram os que procuram transformar o período de carnaval em busca de alimentação para o espírito em suas igrejas, templos, casas de retiros, etc., seja através do estudo, da leitura de bons livros, da ginástica, malhação, passeios, convívio com a 85
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natureza, visita a familiares e amigos. O restante da população, a maioria, nada fez. Ficou passiva assistindo tudo ao vivo ou como telespectador. Também se emocionaram, se alegraram e se entristeceram com tudo o que viram. Fora vários dias de animada festa. O que restou de tudo isso? Para algumas pessoas o gosto amargo da doença provocado pelo excesso de bebidas, drogas e comidas. O desespero de ter contraído AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) ou qualquer outra doença sexualmente transmissível, e há algumas mulheres, meninas ou adultas, a desilusão de ter engravido, por pessoa errada e em momento errado. E agora o que fazer com um filho que não queria ter? Outros jogaram fora a própria família em troca de alguns momentos de prazer. Existem famílias passando fome, depois das festas, porque alguém de seus membros, gastou as últimas economias, ou melhor, tudo o que ganhou, nos últimos dias, para “brincar” o carnaval e aquelas que perderam um ou mais membros, ou se destruíram completamente, em decorrência de acidentes, a maioria das vezes provocados por imprudência de motoristas alcoolizados ou irresponsáveis. A pergunta que fica no ar é esta. Tudo isso serviu para construir a verdadeira e plena felicidade? Ou foram apenas momentos de satisfação e realização pessoal? Estou bem, ou tenho a consciência pesada? Dependendo de minha forma de encarar, cada momento de prazer e satisfação, assim como cada momento de dor e sofrimento, poderão ser uma base, como um trampolim, para o salto monumental para a felicidade plena e eterna.
...para a eternidade!
XXXVI TRINTA E SEIS
SONHAR PARA VIVER
Todos nós acalentamos sonhos. Que estão lá, bem guardados, não sei se, no fundo da memória, no centro do coração ou num banco de dados na razão. Sei que sonhamos. E os sonhos são projetos possíveis de execução. Quem não sonha precisa ser consertado e quem não tem sonhos precisa ser ressuscitado. O sonho e a capacidade de sonhar são inerentes ao ser humano, fazem parte de sua natureza original e são essenciais para dar sentido à vida. Existem pessoas que não dão a mínima importância aos próprios sonhos e “não estão nem aí” com sua capacidade de sonhar, por isso tornam-se ásperas, intransigentes, inseguras, invejosas, desmotivadas. Chega um momento na vida que, ou toma-se a decisão de mudar ou morre-se, com a desculpa de ter entrado em uma grande calamidade. A qualquer idade, da vida, é tempo de reverter esse quadro. “Antes de mais nada” é necessário compreender o que seja um sonho e que ele não existe por si só. É um estado de espírito, um anseio, um desejo, um movimento, um tesouro interior, uma riqueza, um dom, um talento. Certamente você nunca encontrou um sonho andando sozinho pela rua. — Bom dia senhor sonho! Como vai? Ele não é concreto. É abstrato. Se olharmos pelo prisma da ciência, encontraremos, no mínimo dois significados para a expressão sonho. O primeiro refere-se ao sonho do sono. Neste sentido é uma sequência de imagens e de fenômenos psíquicos que acontecem enquanto alguém está dormindo. O outro significado é o de fantasia, devaneio, ilusão, utopia. Mas para nós, hoje, interessa um terceiro significado, ou seja, o ato de desejar muito, de querer possuir, conquistar, alcançar. Então, ter um sonho é o mesmo que ter paixão por um estado de vida, por um bem material, por um sucesso. Portanto, o sonho está na pessoa. Não encontramos o sonho em si, mas encontramos pessoas que sonham. Pessoas com sonhos. Para saber o tamanho e o poder de seu sonho você deve compreender três regrinhas básicas que propomos a baixo e segui87
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-las religiosamente. A primeira é tomar consciência de que você existe, ocupa um espaço definido neste mundo, é necessário e importante. Aceitar que tem sonhos, com dons, talentos, desejos, anseios e qualidades é a segunda. A terceira é que deve, sem medo, colocar seu sonho a serviço das pessoas, começando por você mesmo e, depois, estendendo–se aos semelhantes, na devida ordem hierárquica de importância ou de necessidade. No dia a dia, essas regras básicas, produzirão efeitos práticos imediatos. Serão mais eficientes ainda, se forem executadas a partir de uma ordem lógica de autoconhecimento. Descubra quem você é de fato. Descubra como você é e descubra porque você é. O autoconhecimento propicia uma nova e correta visão de mundo, e um novo e correto relacionamento intra e inter pessoal. Partindo desses pontos, pode se chegar a uma gratificante conclusão: a vida humana é feita da realização de pequenos e grandes sonhos. Todo o sonho é uma porta para a felicidade. Sonhar e realizar o sonho é necessário e “tudo o que é necessário deve ser possível.” Portanto, quem tem sonho e sonha, necessariamente será feliz, aqui e depois.
...para a eternidade!
XXXVII TRINTA E SETE
NÃO POSSO LHE FALAR SOBRE LIBERDADE
Gostaria imensamente de falar a você sobre liberdade. Mas me sinto impedido, considerando que você não sabe o que significa isso e nunca a experimentou. Você nunca foi livre. Não teve liberdade de escolher se nasceria ou não. Nem a oportunidade de escolher as pessoas com as quais conviveria durante a vida. Seus pais já vieram prontos, completos, com seus defeitos, qualidades e caráter próprios. Você talvez quisesse nascer em um berço de ouro ou numa pobre manjedoura, mas não estava ao seu alcance escolher. Quisera que todo mundo soubesse quem você era, mas as pessoas que se aproximavam, beijavam-no e diziam “que bonitinho, que gracinha, puxou o pai ou puxou a mãe” e mentiam, em relação a você, acariciando, beliscando as bochechas, puxando a “orelhinha”, apertando o “narizinho” e fazendo “bilu, bilu”, com os dedos nos lábios. Você não podia fazer nada, porque não tinha liberdade para escolher as pessoas certas que lhe agradassem e que fossem sinceras com você. Passaram se os tempos, você foi crescendo e não tinha liberdade para escolher o que era melhor para si. Os pais, querendo o melhor para você, (não seria o melhor e mais cômodo para eles?), escolhiam e determinavam o que você deveria escolher, sem ao menos, lhe perguntar se era isso mesmo que você gostaria ou queria.
Agora sim, serei livre, pensava você. Mas um monte de pessoas, inclusive estranhas, começaram intervir em sua vida, impondo muitas coisas que não lhe deixavam livre para ser realmente você. Apresentaram-lhe um Deus, segundo seus próprios interesses, e não o da verdadeira Lei Divina do amor. Você viu até uma imagem desenhada, de um enorme olho humano com ar de fiscal, intencionalmente criada, para lhe dizer “eu estou vendo, não faça isto ou aquilo” e você não tinha liberdade nem para fazer coisas boas, porque coisas ruins eu tenho certeza quer você não faria. Foram eles que lhe ensinaram fazer o mal e agora cortam sua liberdade, também para fazer o bem. É a doutrina. Entrou na escola. Queria aprender ler, experimentar a ima89
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ginação, ser educado para ser feliz e ser verdadeiramente uma pessoa em todos os aspectos, mas em nome de uma ordem social, intelectual, elitista e dominada por um sistema egoísta e burro, porém que tem o poder, tanto político quanto econômico, sua escola ensinou tudo o que o sistema queria, menos a liberdade de espírito e o conhecimento da verdade. A escola tinha medo que você conhecesse a verde e se tornasse uma pessoa livre. E você, como adolescente, foi taxado de revoltado, incompreensível, mentiroso, mesquinho e falso. É preciso por esses adolescentes na linha. Se lhes der liberdade eles tomam conta de nós, como se eles fossem os únicos donos da liberdade humana. Bem passou a adolescência. Agora vem a juventude. Ufa! Até que enfim. Mas de novo você é usado e sua possibilidade de verdadeira liberdade “cai por terra”. Você apenas gostaria de viver, mas tem que se esconder no meio da multidão, que fica somente assistindo os adultos que mantêm os meios de comunicação e, como num grande festival de roque, ficam por trás, repassando drogas, para continuar tendo o que é mais vil em relação a verdadeira liberdade da juventude, o lucro financeiro e a confirmação poder sobre eles. Mais uma vez sua liberdade deixou de existir. Você se formou. Ingressou num conselho que regulamenta seu exercício profissional. Esse conselho lhe condena, quando você deseja exercer, como de fato jurou, a sua profissão. Você não é livre para tão-somente ajudar e resolver os problemas das pessoas que lhe procuram. Em nome de uma falsa ética, você não é livre para exercer a profissão. Aí casa. “Oba”! Agora sim, pensa. Adquiri a maturidade, por isso sou livre para viver. “Ledo engano”, o cônjuge manda e exige que você viva única e exclusivamente para ele. Acabou a liberdade que você nunca teve. Vieram os filhos. “Agora sim, esses pimpolhos vão ver o que é autoridade paterna ou materna” e começa exercer sobre eles um poder dez vez mais exigente e mais burro que seus pais exerceram sobre você. Entendeu porque não posso lhe falar sobre a verdadeira liberdade? Porque você não a conhece e nunca a experimentou. “É mole ou quer mais”.
...para a eternidade!
XXXVIII TRINTA E OITO
AS NASCENTES ESTÃO MORRENDO
Estamos num tempo de progresso louco. O homem quer aumentar sempre mais o seu poderio econômico. Não se importa com o futuro, nem da própria família, muito menos com o do Planeta. Para quem era adolescente no último meado da década de cinquenta e na primeira metade da década de sessenta, no Século passado, pôde ver e, até experimentar, o que, de fato, era natureza exuberante no Estado do Paraná. Falo do que conheço e vi. Porque a grande devastação começou mesmo pelos anos dez, século XX. Se for comparado com aquele tempo, nosso Estado agora caminha para ser um verdadeiro deserto. E continua hoje, depois de quase cinquenta anos, o mesmo desmando. As pequenas e, quase inexistentes reservas de matas são criminosamente devastadas. E isso tudo na Lei. Basta dividir a escritura da terra para se conseguir a licença e cortar a o mato. Como se não existisse um estatuto da Terra.
Com isso vemos, todos os dias, nascentes morrendo. Rios sendo completamente assolados e deixando de existir. Uma vez um amigo meu foi severa e, até deseducadamente, exortado por colher umas mudas de flores numa floresta virgem no Norte do Paraná. Isso aconteceu na década de setenta. Os mesmos “fiscais” que lhe faltaram com o respeito, naquela ocasião, autorizaram, anos depois, a derrubada de todo aquele mato, com a desculpa da necessidade do plantio de soja. Isso tudo está correto. Precisamos plantar. Mas porquê derrubar toda a mata? Até a ciliar? O pequeno córrego que cortava a Região, com sua água límpida e pura, com a qual muitas vezes matei minha sede, secou. Não existe mais. Outro exemplo é o pequeno sítio que o proprietário não conseguiu a devida licença para derrubar algumas árvores, enquanto o grande proprietário vizinho, do outro lado, desce com seus tratores de esteiras, derrubando a mata até na barranca do riacho. E, depois do plantio, com os esguichos gigantes de veneno, para completar o serviço. Inicia-se o processo irreversível de envenenamento e morte do pequeno rio. É, a água pede socorro. Comparada com a quantidade que ha91
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via, a cerca de cem anos, hoje pode se dizer que ela está agonizando. Nossas autoridades constituídas precisam fazer algo. Somente eles têm o poder. “Ops”! Falei demais. As maiores “autoridades” são as que mais acumulam terras. Como vão querer que não se cortem as matas? Se é necessário plantar e plantar cada vez mais? São “lobos cuidando de ovelhas”. Por isso a água do Planeta acabará num tempo muito breve, se continuar assim. Não sei se não morreremos de sede. A questão da água é um caso muito sério. É preciso emprestarmos a sua voz e pedir socorro por ela. Cada um dos habitantes do Planeta é responsável diretamente pela sua cota e também por toda a água que existe. Sejamos nossos próprios fiscais e denunciemos quem for flagrado cometendo qualquer crime contra a natureza. A água é assim: um mineral líquido necessário para vida. Quem conhece ama e quem ama não desperdiça, preserva. Não esqueça que dia 22 de março é o dia mundial da água. Vamos festejar economizando e ajudando conscientizar. Só assim não irá faltar.
...para a eternidade!
XXXIX TRINTA E NOVE
POR FAVOR NÃO DEIXE A TERRA MORRER
Pasmem, senhores e senhoras, nossa Terra, muito doente, está definhando. Reúne sobre si todas as doenças possíveis e imagináveis a um planeta. Está ficando calva, porque os homens, como “barbeiros”, com suas máquinas e tesouras, devastaram e continuam devastando suas florestas, que podem ser comparadas aos pelos e cabelos do corpo humano, quiçá com as mesmas funções. Com a visão cansada e turva, caminha para a cegueira, pelo rompimento da camada de ozônio, que lhe servia de “óculos escuros” filtrantes da luz solar. Já não pode enxergar nem um palmo diante do nariz, pois está rodeada pela poluição. Surda pela excessiva poluição sonora, provocada pelo barulho ensurdecedor da tecnologia, com seu lado selvagem, cada vez mais interessada apenas no próprio lucro imediato, sem se preocupar com o futuro e suas consequências. “Porquê futuro se eu não vou viver lá”, dizem os materialistas incorrigíveis e avaros. Obesa pelo excesso de lixo produzido e descartado inadequadamente em locais errados, sem o cumprimento da Lei que a protege e sem os princípios éticos e morais de seus habitantes. Reumática com mudança exagerada do clima, promovido pela transformação irracional da flora, fauna e minerais. Ressecada e desértica, pela diminuição da água, acentuada pelo uso indiscriminado e pelo desmatamento das matas ciliares de nascentes e rios. Febril e com insolação por falta de proteção.
Tem constantes dores de cabeça por mau funcionamento de órgão vitais e contraiu duas categorias de cânceres, os homens somente a usam e abusam dela, entre os quais alguns políticos que se vendem e vendem o poder que têm de preservá-la e a concentração da riqueza em mãos erradas de poucos, dando a restritos grupos o poderio econômico que a domina e predomina, com jogadas escusas para ter sempre lucro em cima de seus frutos. Quer dois exemplos? Transgenia e Clonagem. 93
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A Terra está com diarreia, por ter que engolir tanto veneno produzido fora dela. Está com doenças venéreas, provocadas pelas relações suspeitas a que é submetida por alguns mal-intencionados que vivem sobre ela. Mas ainda há salvação. Nosso Planeta nunca esteve tão otimista como agora, por que sabe que existe você que pode curá-lo. Pense nisso. A cura da Terra é possível e está em suas mãos. Por favor, não deixe a Terra morrer. Ela precisa de você. Antes de ir a Marte, ou a outros Planetas, por que não cuidar de nossa própria Terra?
...para a eternidade!
XL QUARENTA
A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO
O que é mais importante, a Cruz ou o Crucificado? A Igreja Católica Apostólica Romana, nestes tempos da quaresma, chama a atenção de seus fiéis e da humanidade toda, para uma reflexão mais profunda sobre os sofrimentos de Jesus Cristo e sobre a necessidade de que, cada cristão, procure imitar os passos do Mestre. Para que isso aconteça adequadamente, é importante conhecer e compreender alguns símbolos utilizados por Ele no processo de libertação e salvação da humanidade. Os maiores deles são a Cruz, acompanhada de sofrimento, dor, paixão e morte; A Ceia, que representou a convivência e a comunhão entre as pessoas de boa vontade; E a Páscoa da Ressurreição, que significou a vitória sobre todos os acontecimentos passageiros de sua vida.
Muitas pessoas se prendem mais ao símbolo do que a verdade, que ele representa. Não foi a cruz, nem o sofrimento que determinaram o cumprimento da missão salvífica de Jesus em sua vinda aqui na Terra. Mas foi Jesus que, para cumprir os desígnios do Pai, escolhe o caminho da cruz e do sofrimento. Ele sabia que enfrentaria uma “parada dura”, inclusive o abandono de seus amigos mais íntimos, mas não podia recuar. Por isso os convocou para a última ceia, durante a qual apareceu a verdade. Essa foi sua escolha, porque sabia que estaria cumprindo as determinações do Pai. A Pessoa de Jesus é maior que a Cruz. Ele é maior que sua própria paixão. Foi Ele quem definiu a cruz e o sofrimento como um dos caminhos que levam os homens ao Pai. Deus sabia que seus filhos estavam se distanciando Dele por não haver um elo mais íntimo, mais sensível da parte dos homens. Por esse motivo, tomou a decisão de enviar seu Filho Jesus, para restabelecer a coligação entre o Céu e a Terra. A proposta de Jesus é que, cada um dos seres criados por Deus, retomem o caminho a Ele direcionado. O convite mais veemente de Jesus é que deixemos os tantos e largos caminhos que levam ao distanciamento do Pai e que retomemos o estreito e difícil caminho que nos reaproxima novamente Dele. Porquê devemos passar pelo sofrimento e pela cruz? A resposta é simples: para que cheguemos 95
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purificados de nossos pecados ao Reino de Deus e sejamos felizes como seres ressuscitados. Esse é o mais importante ponto da reflexão destes tempos de conversão. Isso mesmo, é preciso converter o caminho do erro, do pecado, do delito, da injustiça, do desamor, para convergir no caminho da verdade, da graça, do perdão, da boa conduta, da justiça do amor e da ressurreição. Outro erro que pessoas, muito desinformadas teológica, doutrinaria e biblicamente, cometem é o de sobreporem o jejum e a abstinência de carne na quaresma, à própria pessoa de Jesus. O jejum, o sofrimento, a penitência a abstinência, são meios para se chegar a Deus e não um fim em si. Um exemplo disso é quando a pessoa chora, se lamenta, não come carne, mas também não se converte a Jesus e não é capaz nem de celebrar, com Ele, sua própria ressurreição. Não é capaz de perdoar, nem tão pouco, amar o irmão. Para essas pessoas é mais importante a morte de Jesus, do que sua ressurreição. Claro, o Senhor morto não representa perigo, porém ressuscitado, nos pede que creiamos, que “vigiemos, pelo menos uma hora” com Ele e que cumpramos as determinações da Lei Divina. Então é mais fácil acompanhar o Cristo morto na cruz e sepultado do que receber, acolher e seguir a Jesus que vive e que põem fogo no coração de seus discípulos e de cada um de nós. De fato, a Igreja pede nosso comprometimento com o projeto Divino e nós queremos um descompromisso que nos deixe “livres”. Preferimos nos esconder atrás de alguma simbologia que, por nossa própria intenção e culpa, nos distância dos Mandamentos da Lei de Deus e nos acomoda numa fé meramente emotiva, que chora e se emociona na paixão e no sepultamento de Jesus, mas se dispersa na hora em que é preciso dar continuidade ao Projeto de restauração da humanidade. “Oxalá!” tenhamos, neste ano, uma excelente Páscoa, depois da Paixão e Cruz, sob o compromisso de nosso comprometimento com a verdade.
...para a eternidade!
XLI QUARENTA E UM
ORAÇÃO DO HOMEM NA CRUZ
“Bondoso Pai, minha condição humana jamais queria que esta hora se aproximasse, mas ela veio. Meu Eu humano não sabia muito bem que deveria passar por isto. O Senhor, porém, sabia e nada pôde fazer, porque a verdade jamais se contradiz. A hora chegou. Não há como repeli-la, nem determinar que ela passe sem que seja total e integralmente experimentada por mim, que a dor passe por todas as fibras de meu corpo biológico, por todas as ligações emocionais de meu corpo psicológico e, também, pelo meu espirito. Eu sei que terei que sofrer até as últimas consequências, se quiser levar a cabo o projeto amoroso de resgate da humanidade. Isso foi estabelecido e deve ser cumprido. O meu ser, na sua condição humana, procura fugir desta hora e chego a pedir “Pai, afaste de mim este cálice”, mas meu ser perfeito, em sua dimensão Divina, fortalece o espírito do humano e tenho a coragem de dizer, “contudo não se faça a minha, mas a sua vontade”. O pecado de toda humanidade pesa sobre mim. Sim, o pecado de todos os outros, porque eu não tenho cometido pecados. Caso os cometesse, deixaria de ser seu filho amado, a Segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Às vezes o mundo não compreende a extensão, a profundidade e os objetivos de meu sofrimento. Eles acabam tirando muitas conclusões erradas. É porque eles não entendem o amor. Não entendem o que significa amar de verdade. Dizem que amam e são egoístas, vingativos, mentirosos, preguiçosos, possessivos, invejosos e ciumentos, querendo que tudo seja feito para eles. Se uma pessoa lhes diz a verdade, preferem matá-la do que aceitar a verdade. Se uma pessoa os corrige, viram a cara e ficam de mau, como fazem as crianças em suas brincadeiras. Dizem que amam, de verdade uma pessoa, no entanto, se ela não fizer tudo “direitinho” como eles querem, então ela não é mais digna de seu amor. É como um político que diz, eu amo todos vocês e depois que ganha a eleição despede o trabalhador, só porque ele não que não 97
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quer filiar-se a seu partido e subordinar-se, inclusive ideologicamente, aos caprichos do inseguro administrador ou legislador. Eles não sabem que amar é doar-se totalmente e sem restrições para outro. Amar é não esperar nada em troca. Amar é querer o bem e a felicidade do outro, sem monopolizá-lo, mas deixando-o livre para ser ele. Dedicar e doar a vida inteira ao outro, sem perguntar porquê está fazendo. “É porque entendo o que seja o amor, eu sou o amor, que me doei tanto, a tal ponto de sofrer e morrer nesta cruz para provar a todos eles. Não foi por pouco que me submeti a estes sofrimentos. Assim como o operário que trabalha o dia todo e à noite pode descansar e receber seu merecido salário. Meu trabalho foi resgatar, endireitar e salvar cada um dos seres humanos a mim confiados.” Eu estou terminando meus dias de luta e dor, pregado na Cruz e, logo mais estarei dormindo o merecido sono do descanso, para receber, em seguida, o salário da ressurreição para a eternidade. Assim como Eu estou feliz, quero que todos sejam, também, felizes. “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”. Pai, quero atraí-los todos a mim, para que juntos, possamos encontrá-lo em seu Reino de amor. “Mulher, heis aí seu filho, filho, heis sua mãe”. Esta é a minha hora, “em suas mãos entrego meu espirito”. Obrigado, muito obrigado Pai!”
...para a eternidade!
XLII QUARENTA E DOIS
O REAL SIGNIFICADO DA VIDA
Ninguém pode fugir da própria condição a que lhe submete a natureza humana, esconder-se ou fingir que não ouve, o chamado de Deus, que nos convoca a viver neste mundo e nos preparar para o outro e nem se eximir da responsabilidade que o universo lhe sobrepõe. Afinal existimos, e por possuir essa característica da existência, faz-se necessário que respondamos aos ditames da vida. Ninguém pode experimentar algum tempo de vida e, se não gostar, retornar, em partes, ao organismo paterno ou ao organismo materno e aos sonhos e anteprojetos divinos.
Nossa existência é uma só. Somos seres eternos. Antes projeto, semente no coração do Pai. Depois, projeto executado, existência consciente, com memória, raciocínio, vontade, paixão, crenças e esperanças. Finalmente, seres prontos, ressuscitados, perfeitos e eternos. Mas únicos. Existe apenas um eu individual, sem repetência, sem cópias, entre bilhões. Não existem dois “pedacinhos de Deus” semelhantes. Cada um ser humano é um “pedacinho” dele aqui na Terra e, como tal deve brilhar, para fazer jus à sua condição de filho ou filha. Viver é uma aventura repleta de grandes mistérios, escondidos em cada esquina da existência. Viver é uma sequência de encontros, por vezes felizes, por vezes desastrosos, alegres ou tristes, pacíficos ou tumultuados, porém, é um eterno encontro com outros “eus”, da mesma forma, brilhantes. Somente tem sentido esta vida se houverem encontros entre nós, pequenas partículas e, também, com o Todo Imenso e Eterno. Viver é a possibilidade que se tem de abrir portas sem, no entanto, saber o que existe atrás de cada uma. Esta é a mais emocionante aventura da vida. Em cada compartimento que se adentre poderemos encontrar momentos felizes ou momentos tristes. Porém, se formos juntando todos os “pedacinhos” de felicidade que encontrarmos e os guardá-los com carinho, certamente chegaremos à felicidade completa. De uma coisa tenho certeza, não estamos sozinhos na cami99
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nhada existencial. Há um grande número de pessoas torcendo e nos incentivando para conquistarmos a vitória. Elas pegam em nosso ombro e dizem: “vá, você consegue”. “Siga, você nasceu para ser um vencedor. Não tenha medo, você consegue. Não desanime. Nós queremos que você seja feliz, porque, assim como você, nós também somos filhos de Deus”. Há, também algumas pessoas que torcem contra nosso progresso. Querem nos derrubar. Nos empurram e dizem: “é muito difícil. Você não consegue. Não continue. Pare, procure outro caminho, você é fraco, está doente”. Não devemos ouvi-las. Elas estão afastadas de Deus. Estão a serviço do inimigo, por isso querem, também nos afastar Dele. Elas não podem fazer a diferença em nossa vida. Devemos ajudá-las, perdoando-as, não lhes dando ouvido e lhes falando a verdade. Se precisar precisamos entregá-las, tanto à justiça humana quanto à Justiça Divina. Deus saberá o que fazer com elas. Viver é sinônimo de paz. Não consigo entender porquê, alguns seres humanos, querem a guerra e preferem a morte que a vida. Escolhem as trevas em vez da luz, preferem os infernos que os céus, preferem o maligno em vez de escolherem Deus, por isso, não são felizes. Viver é um contínuo ato de amor para conosco, com nossos semelhantes, para com todo o universo e para com o Pai Celestial. Viver é um andar seguro pelo caminho certo que nos levará ao estado de eterna perfeição, juntando-se, o meu “pedacinho” de mim, com o Eu Todo, para a perfeita realização. Viver é escolher o céu que tem por essências a eternidade e a perfeição.
...para a eternidade!
XLIII QUARENTA E TRÊS
UMA QUESTÃO DE LÓGICA
A construção do pensamento filosófico e científico, da humanidade, é resultado de uma longa e ardorosa trajetória da razão. Antes a cabeça do ser humano somente admitia a explicação mitológica e, portanto, um misto de mistério indecifrável e a intuição, de conclusões inseguras e incertas, sobre as origens, tanto da Terra quanto de seus ocupantes e, também, a explicação sobre tudo o que ocorria no mundo. Os responsáveis por todo e qualquer fenômeno da natureza, ou acontecimento, que envolvesse o homem, eram os deuses, oriundos da mitologia. Com a advinda da utilização dos recursos racionais pelos primeiros filósofos há, cerca de sete séculos antes de Cristo, inicia-se, no mundo grego, espalhando-se depois para outras partes do Planeta, o movimento interno da mente humana, chamado raciocínio. A partir daí não se utilizam mais às conclusões intuitivas, milagrosas e misteriosas dos fenômenos, mas ao contrário, conclui-se, pela lógica dos dados e dos fatos, a explicação de tudo o que existe e acontece. A ingenuidade da intuição e da “suposição” deram lugar à constatação real e lógica dos fatos e das coisas. Tudo o que existe e acontece agora, é concluído através do processo lógico oriundo do movimento interno da racionalidade.
O ser humano começa valorizar e utilizar o pensamento, o raciocínio lógico, a razão e o próprio intelecto, para construir a verdade. O homem passa ter consciência de que, de fato, existe como ser, completo e ativo, em relação à Terra e aos outros seres existentes, assim como, em relação à própria natureza. A vida passa ter um sentido real. O mito, quase sempre, afastou o homem da verdade. Ou seja, no âmbito da mitologia, a verdade nem sempre estava ao alcance de todos e, nem sempre, era totalmente atingida, ficando muitas vezes, como uma meta distante, inatingível. Então, a razão humana começa ser o ambiente efetivo da construção da verdade pelo movimento chamado raciocínio. O homem experimenta as coisas do intelecto, pela dialética da conclusão lógica e passa de uma consciência cega, do pensamento 101
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comum, sobre si mesmo e a realidade que o cerca, para uma consciência crítica e sábia de tudo o que existe. A inteligência humana proporciona e fundamenta o relacionamento intrínseco do homem, como, também, sua efetiva relação com tudo que o cerca, definindo, inclusive, o grau de profundidade dessa intimidade. O Raciocínio lógico faz com que o homem saia da superstição e encare com seriedade, veracidade e isento do senso mítico, os fatos e realidades do mundo e da vida. Diante de tudo isso, é inconcebível que hoje, depois de vinte e cinco séculos da utilização da razão, da lógica, da dialética, da ética, da inteligência, do raciocínio e do conhecimento, ainda existam homens que não “usem a cabeça” para buscar a verdade e o sentido da vida e deixem se conduzir por alguns mitos que não levam a nada, ou melhor, levam à morte e à destruição. Pensar antes de decidir e agir, poderá ser uma sábia atitude preventiva. Viver é um valor maior do que perecer à mercê da própria ignorância. É inadmissível que certos homens, para conseguirem o que querem desrespeitem os princípios da lógica, da verdade, da ética, da vida e se utilizem de elementos do senso comum e mítico para atingirem seus objetivos escusos. Jamais serão felizes. É tudo uma questão de lógica.
...para a eternidade!
XLIV QUARENTA E QUATRO
TEMPOS FORTE DA POLÍTICA
A nação brasileira vive tempos de intensa movimentação, nestes momentos que antecedem as definições partidárias sobre quem apresentar para disputar o pleito eleitoral, que definirá novos prefeitos e vereadores em todo País. Para quem tem uma visão lógica, aberta e crítica da realidade política do mundo pós moderno, consegue enxergar que os conchavos e acertos, nem sempre, representam a verdadeira vontade, as reais necessidades e anseios da população. As pessoas abertas para o novo não se conformam com isso. A maioria dos grupos pensa apenas em seus próprios interesses e, independentemente do que pense a população, utilizam-se critérios que fogem da real acepção da política, na escolha e indicação de candidatos. Tais critérios, em muitos casos, não contemplam os requisitos básicos necessários e fundamentais para que uma pessoa possa representar legitimamente a população que lhe delega o poder, ou seja, formação do caráter, da consciência e da cultura; os bons costumes, a vivência comunitária e irrepreensível comportamento moral; a ética, a responsabilidade a autenticidade e a transparência nas atitudes.
Mas ao contrário, na indicação vê-se, primeiro a força do poderio econômico, a aparente popularidade decorrente de pré favoritismo, as ligações ou apoio de grupos, ou pessoas com poder de mando econômico, o poder de persuasão demagógica, mesmo que por falsas promessas, a aparência pessoal e a pré disposição para futuros acertos. Porque não nos espelharmos nos grandes homens da política grega? Como, por exemplo, em Aristóteles? A ética aristotélica tinha como fundamental característica a harmonia da paixão com razão, da virtude com a felicidade e reconhecia a supremacia do conhecimento e do intelecto sobre a prática e a vontade. Portanto, o homem político, antes de tudo, deve ser ético, para ser equilibrado. Na concepção de Aristóteles, o Estado, como um “organismo moral”, é a condição e o complemento da atitude, da ação e da atividade moral individual. Para ele a política se distin103
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gue da moral no sentido de que o objeto da moral é o indivíduo e o objeto da política é a coletividade. Assim a ética é considerada a doutrina moral individual e a política com a doutrina moral social. Ainda, para Aristóteles, o Estado, que se compõem pela reunião das famílias, que por sua vez, são constituídas por indivíduos, deverá prover, primeiramente, a satisfação das necessidades básicas materiais, a defesa e a organização, que não se podem de outro modo realizar, mas definitiva e essencialmente o seu fim é espiritual, pedagógico. É sob a luz dessas constatações que se deve estabelecer critérios para a indicação e escolha de candidatos para dirigirem e legislarem nossos Municípios, constituídos de famílias e indivíduos que pensam e sonham com uma vida e um mundo melhor. Oxalá a consciência do voto ético seja tomada a partir das convenções partidárias, para que o povo seja respeitado na indicação dos futuros prefeitos e vereadores. Oxalá! o saber, a consciência e os princípios éticos e morais imperem nestes momentos decisivos para o povo do Brasil.
...para a eternidade!
XLV QUARENTA E CINCO
UMA LIÇÃO CHAMADA POLÍTICA
Se os homens despertassem para a verdadeira política, o mundo seria bem melhor! Esta é uma afirmação que se fundamenta no princípio básico de construção social da humanidade, o serviço do bem comum. O serviço social exercido pelo político é uma resposta dada aos anseios da dinâmica do Mundo. Quem responde a essa vocação de servir os povos, passa ser um provedor de progresso, segurança, bem-estar, justiça e paz justiça.
Nestes momentos que antecedem as convenções partidárias, que indicarão definitivamente os candidatos, nós eleitores, deveríamos tomar consciência e pressionar nossos representantes, filiados convencionais, dos diretórios dos partidos, a indicarem pessoas de caráter irrepreensível, índole moral ilibada, responsáveis, abertos ao diálogo, equilibrados, firmes em suas posições, sem prepotência, honestos, justos, administradores competentes, instruídos para propor projetos e criar leis. Porque não nos espelharmos nos grandes homens da política grega? Como, por exemplo, em Aristóteles, Platão, Sócrates, entre outros? A ética aristotélica, por exemplo, tinha como fundamental característica a harmonia da paixão com razão, da virtude com a felicidade e reconhecia a supremacia do conhecimento e do intelecto sobre a prática e a vontade. Platão exemplificou com a Alegoria da Caverna, onde o homem político (filósofo) primeiro descobre, experimenta e, depois, leva a luz verdadeira para os outros homens que estão aprisionados pela estrutura fétida, escura e mentirosa do mundo dos poderosos e falsos políticos. Aqueles acorrentados na caverna escura precisam ser libertados pelos que descobriram a luz. Sócrates disponibilizou a proporia vida para defender a causa das pessoas que precisavam quebrar paradigmas para viver melhor Sob essa luz de reflexão pode-se entender que o homem político, antes de tudo, deve ser ético, para ser equilibrado, corajoso para ser fiel, preparado cultural e tecnicamente para ser útil aos projetos sociais, manso para servir, humilde para acolher, entusiasmado para liderar, puro para conquistar, honesto para ser ir105
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repreensível, aberto para a pluralidade de ideia e sonhos do povo que ser-lhe-á confiado, quando eleito. Na concepção de Aristóteles, o Estado, como um “organismo moral”, é a condição e o complemento da atitude, da ação e da atividade moral individual. Para ele a política se distingue da moral no sentido de que o objeto da moral é o indivíduo e o objeto da política é a coletividade. Assim a ética é considerada a doutrina moral individual e a política com a doutrina moral social. Ainda, para Aristóteles, o Estado, que se compõem pela reunião das famílias, que por sua vez, são constituídas por indivíduos, deverá prover, primeiramente, a satisfação das necessidades básicas materiais, sua defesa e organização, sua segurança e bem-estar, que não se podem de outro modo realizar, porém, o fim do Estado é, definitiva e essencialmente, espiritual e pedagógico. Estas breves e resumidas constatações devem estabelecer os critérios para a indicação e escolha de homens ou mulheres candidatos para dirigirem e legislarem nossos Municípios, constituídos de famílias e indivíduos que pensam e sonham com uma vida e um mundo melhor. Oxalá! a consciência do voto ético seja tomada a partir das convenções partidárias, para que o povo seja respeitado na indicação dos futuros prefeitos e vereadores. Oxalá! o saber, a consciência e os princípios éticos e morais imperem nestes momentos decisivos para o povo do Brasil. Oxalá! a política possa ser uma lição para todos nós.
...para a eternidade!
XLVI QUARENTA E SEIS
FICAR NISSO E MORRER DISSO
Qualquer ser humano, em qualquer parte do Planeta, por mais instruído e experiente, por mais sábio ou santo, por mais racional ou sentimental, por mais materialista ou espiritualista, por mais rico ou pobre, por mais fraco ou poderoso que seja, mesmo pertencendo a esta ou aquela confissão religiosa, compactuando com qualquer ideologia, corrente filosófica ou partido político, jamais compreendeu ou compreenderá o significado do sofrimento, físico, psíquico ou moral, decorrentes da dor originada por um desarranjo em qualquer uma dessas dimensões. Mas a senti-lo-á e experimentá-lo-á, um dia, certamente, ainda neste Mundo.
Ante o mito da dor e do sofrimento, do prazer e do bem-estar, que são meros sentimentos provocados pelo estado físico, psicológico, temperamental e por agentes externos ao ser humano, é necessário “pisar no chão” e não viver no “mundo da lua”. Quando sente prazer, o homem, raramente se preocupa com sua origem ou com outras questões, importantes, a ele inerentes e, consigo, relacionadas. Porém, quando a dor aparece e o sofrimento lhe rouba a paz, logo surgem as indagações e a necessidade de respostas e explicações plausíveis. Qual minha origem? Qual é meu fim? O que é e como resolver o problema da morte? Para onde vou? Quando partirei? Porquê, justamente eu? Quais as consequências da dor e do sofrimento? E as indagações continuam infinitamente, até a dor passar. Todavia, poucas pessoas se interessam por questionamentos mais profundos e lógicos sobre essas questões, principalmente em tempos de bonança, e deixam-se levar por mitos superstições, que, muitas vezes não levam a nada, como fazem a maioria daqueles que, pertencendo ao pensamento coletivo, aceitam tudo e a tudo se adaptam sem, sequer, perceberem que poderiam ser sujeitos e não objetos da “indústria” da dor ou do sofrimento humano. A reflexão e o questionamento são necessários para não continuarmos iludidos, como o são, inúmeras pessoas no mundo inteiro, em qualquer o tempo, por estados emocionais e sugestões, ficando nisso e morrendo disso. Em cabeça que pensa a dor 107
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não se instala. Além das perquirições propostas acima, existem outros questionamentos que povoam nossa mente e, muitas vezes, tornam-se uma espécie de fuga da realidade, através de outras perguntas como: até que nível, — se é que se possa falar em mensuração de dor ou prazer —, que uma criatura pode suportar a dor ou experimentar o prazer? Qual o limite mínimo/máximo de prazer ou dor aceitáveis em um organismo humano, em qualquer de suas dimensões? É uma ilusão, ficar querendo responder indagações como essas, se sabemos que não existem respostas satisfatórias para elas, nem na ciência, nem na filosofia. É como querer explicar a origem da Vida ou do Universo, tudo hipóteses. Mas, ninguém no mundo conseguiu, até hoje, ficar indiferente a essas realidades, que apenas existem onde há inteligência e emoção. Diante dos dois extremos ou dois contrários, como diriam os filósofos antigos, (prazer e dor), não há possibilidade, de que, qualquer ser vivo, por mais ínfimo que seja, possa ficar sem reação, indiferente ou alienado. Tanto os sinais de dor, como os estados de prazer, transformam expressões, gestos, atitudes e comportamentos do ser humano. E refaz-se a questão, qual o significado e a finalidade da dor, do sofrimento e do prazer? Jamais alguém poderá avaliar, senão por diagnóstico, a dor ou o prazer de outros seres humanos. Somente quem está experimentando a dor ou provando o prazer é que poderá avaliar sua intensidade e expressar seus sentimentos. Ninguém sabe explicar ao paroxismo da dor. A grande verdade, no entanto, é que, tanto a dor como o prazer, são realidades não se escapa. O segredo, em relação à dor, está em descobrir estratégias, fazer projetos e utilizar-se de métodos eficientes para enfrentá-la. O exemplo vem do maior homem do mundo: Jesus Cristo, que na hora extrema de grande angústia, disse: “Meu pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas, sim o que Tu queres”. Mt 26,39b. Conhecer, compreender e suportar a dor somente é possível por um bem maior, o prazer de poder cumprir a vontade do Pai e estar com Ele no Paraíso.
...para a eternidade!
XLVII QUARENTA E SETE
PARA NÃO DIZEREM QUE NÃO FALEI DE AMOR
O período da idade cronológica mais povoado de frenética paixão é o tempo da adolescência e juventude, na época do namoro. Os casais se entregam e se integram nas mais variadas formas de experiências amorosas, desde o emocionado flerte, passando pelo toque de mãos, abraços, afagos carinhosos, carícias, até ao beijo apaixonado e longo. O frenesi toma conta dos corpos, a paixão assume o controle da mente e a emoção comanda o espírito. O coração fica doido e o organismo inteiro toma rumo, decisões e atitudes completamente incontroláveis pela consciência e, até pela razão. E os enamorados dizem “não sei mais o que fazer”. É, de certa forma, esperada e compreensível essa situação, pois até o momento presente, em meio a uma paixão desenfreada, não experimentaram o amor. Gostar de uma pessoa é uma coisa, amá-la é outra bem diferente. A paixão cerceia a liberdade, limita o espaço, direciona o rumo, determina os gostos, escolhe os prazeres e define a ideologia da pessoa a quem se apaixonou. Ao contrário, o amor libera, não impõe limites, não direciona, não determina gostos, não escolhe prazeres, não define ideologia, mas respeita, compreende, valoriza, incentiva, acolhe, faz despertar para o sucesso e é feliz porque a pessoa, objeto de seu amor, é o que é e não o que ele quer que ela seja. Desta forma é possível perceber, a diferença entre a paixão por uma pessoa que tornar-se-á mero objeto de meus caprichos e a paixão enamorada por uma pessoa que amo. Esta é completamente realizada como pessoa, respeitada e reconhecida como tal. Quando um ser humano amado como deve, a recíproca é a mesma. Quem é amado, ama e quem é usado, odeia. Entender o real significado e o processo do verdadeiro amor é o mais acertado caminho de libertação total do homem. Quem ama, de verdade, tem uma grande e ilimitada veneração pela pessoa escolhida e amada. Esse é o significado do amor. Daí decorre que amar não é tão fácil assim, como muitos acreditam ser. O amor exige renúncia, perdão ilimitado, desprendimento, sacri109
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fício, doação, dedicação, compreensão, acolhimento, respeito e veneração. Quem sabe possamos celebrar o Dia dos Namorados com essa visão correta do amor e da paixão? Sem, no entanto, esquecer do enunciado bíblico, “lá onde está seu tesouro, estará, também, seu coração”. Quem sabe, possamos celebrar esta data, pedindo perdão à pessoa que julgamos ter amado até agora. Quem sabe, possamos celebrar este dia, começando hoje a amar de paixão a pessoa que escolhemos para ser nossa eterna companheira ou companheiro. Dizer que a amo só não basta. É preciso provar. Provar que a amo só não basta. É preciso demonstrar. Demonstrar que a amo só não basta. É preciso amá-la de veras. E, em amando-a, dedicar-lhe a vida inteira e intensamente, até a última gota, para que ela e, unicamente ela, seja feliz. Faça, da pessoa amada, a razão de seu próprio existir, mas permita que a pessoa amada exista em sua plenitude, para que ela também, possa ser feliz. Se, enamorar-se de alguém, passar a ser, amar alguém, então, no Dia dos Namorados, vale a pena falar de amor.
...para a eternidade!
XLVIII QUARENTA E OITO
POLÍTICA, MODERNIDADE E LIBERDADE DE ESCOLHA
Voltam novamente a esquentar, os quadros organizados dos partidos políticos, às vésperas do fim do prazo para a realização das convenções municipais, que definirão os candidatos às vagas no legislativo ou no executivo dos municípios brasileiros. A movimentação interna dos partidos não perde influência externa de pessoas e grupos mais interessados na definição dos nomes. Com relação nós, eleitores, está bem na hora de pensar mais profunda e seriamente sobre a questão. Quando nos propomos refletir sobre política, precisamos estar abertos para uma análise mais elevada, mais abrangente, mais fundamentada e imparcial. Não podemos nos limitar meramente ao processo específico de campanha eleitoral. Ela é um só, dos muitos elementos da política no todo. Não podemos restringir nossa reflexão à unilateralidade de um só pensamento e nem engordar, exageradamente, um único grupo, que abocanhará todos os outros. Ao pensarmos desta forma estaremos dando asas e, até compactuando, com a possibilidade do estabelecimento de uma sórdida ditadura. Aliás, a democracia, para ser democracia, tem necessariamente, que respeitar e não ter medo da pluralidade de ideias, da multiplicação de grupos e da divisão de poder. Agora, no momento em que começam a ser definidos este ou daquele político, é preciso ir começando conhecer, além do nome, sua personalidade e seu relacionamento com a sociedade em seu trabalho, no lazer, na cultura, na religiosidade, etc., para saber quem eleger de fato e, mais importante, saber com quem vai lidar nos próximos quatro anos. Precisamos modernizar nossa concepção política. Sair dessa redoma coronelista, instalada desde o início da história de nosso País e assumirmos uma posição pós moderna, evoluída, que acompanhe os avanços sociais, tecnológicos, culturais e humanitários do mundo atual. Cada quatro anos os pré-candidatos e candidatos preocupam-se com marketing pessoal, propaganda, conquista de voto e deixam em segundo, ou último plano a pró111
AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA
pria formação cultural, ética, moral e, até política. São verdadeiros analfabetos nessas questões. Por que todas as outras áreas, como a ciência, a medicina, as diversas engenharias, a própria arte, avançam, se qualificam e se modernizam e a política tem que continuar a mesma, com as mesmas ideias, com os mesmos desmandos dos poderosos em detrimento das classes produtoras? Por que será que o processo político não se desenvolve e não se modifica a altura das necessidades e anseios da sociedade? Mais uma vez a solução está em nossas mãos e em nossa consciência, que carregam o mais absoluto e poderoso recurso político, para derrubar e enterrar, definitivamente, os que querem usar a tão sagrada política em benefício próprio. Somos donos do nosso voto. Esse poder que está em nossas mãos pode ressuscitar e soerguer os que realmente descobriram, na vida, sua vocação de servir a humanidade através da dedicação de sua inteligência, sua vontade e seus talentos, como político eleito em cargo público, em benefício da cidadania e de cada cidadão. Avante, pois eleitor bendito, ponha a mão na consciência e veja para quem estará entregando os destinos de sua sociedade, principalmente se você é membro de algum diretório e tem poder de voto convencional, tudo começa já nas convenções municipais de junho. Parabéns a você que é convencional e me representa na escolha dos candidatos. Oxalá, que possamos acertar desta vez. Obrigado!
...para a eternidade!
XLIX QUARENTA E NOVE
SABER E PRATICAR POLÍTICA
Comecemos esta reflexão com uma afirmação do grande político brasileiro da atualidade, o senador da República, o pernambucano Roberto Freire, na palestra proferida, tempos atrás, em uma Universidade da região sobre o tema Conjuntura Política, “somos tardios politicamente... vivemos numa sociedade desagregada e a mais perversa do mundo, convivemos com a guerra no campo e com a desigualdade na cidade e, mesmo assim somos a décima economia mundial. O País tem que acelerar o seu processo de conhecimento humano, se quiser transpor as barreiras do mundo globalizado”. Essa afirmação é uma pequena demonstração de como deveria ser nosso saber e nossa prática política.
Uma política que tivesse suas raízes na política da antiga Grécia, onde o poder mitológico foi, gradativamente, derrubado pelo pensamento racional e por decisões coerentes, possibilitando a implantação da democracia. Isso, na prática, se viu com o julgamento, condenação, prisão e morte de Sócrates, por exemplo. O cidadão grego despertou para o senso crítico, derrubando as barreiras de um poder misterioso, fora da realidade, escondido atrás de figuras humanas deificadas e endeusadas, por puxa-sacos e aproveitadores. Naquela época foi preciso a ruptura do pensamento intuitivo e o início de uma reflexão da razão discursiva, para que o homem começasse pensar, agir, vencer, viver e, não mais, o império da antiga situação, em que ele era impedido de pensar, não crescia e morria sem esperanças. Foram necessários anos, e até séculos, de lutas e muitas vidas gastas naquele objetivo. Tem-se a impressão que hoje tenhamos voltado para os tempos da política mitológica, antes da filosofia grega. O homem já não pode mais usar a razão, pois precisa aceitar, forçosamente os falsos mitos da política nacional, que, por sua vez, têm que admitir e deixar-se guiar pelos falsos da política internacional. É incompreensível, a qualquer pensante razoável, que parlamentares da República admitam ter votado contra a própria vontade e anseios da população, para aprovar um vergonhoso salário mínimo 113
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popular, e não sintam nenhum remorso ao aumentar exageradamente o salário de assessores e cargos de confiança. Com certeza não pesaram suas consciências. Alguns Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Vereadores, em nosso querido País, não sabem porque o são, ou melhor, sabem muito bem a que vieram, mas não querem assumir o compromisso em defender, de fato, os interesses da coletividade. Muitos nunca exercem verdadeiramente seus mandatos, porque precisam fazer aliança, por serem aliados do poder executivo, ou, porque são oposição a ele, na maioria das vezes, defendendo interesses próprios e dos grupos que representam em detrimento às reais necessidades e ideologia do povo que o elegeu. Num país tão rico e avançado como é o nosso, o poder executivo que se elege com o voto do povo pensa muito pouco no povo. Gasta-se a maior parte do dinheiro público, mais para manter a imagem internacional e a perpetuidade do poder, do que para proporcionar bem-estar, segurança e desenvolvimento à nação. O poder legislativo, nas três instâncias, eleito para defender o cidadão, seus interesses e bens, é o que menos faz isso. As leis que beneficiam a população somente são aprovadas se houver “acertos”. Algumas, somente as custas de intermináveis abaixo-assinados, como se o povo não tivesse votado e os parlamentares não fossem seus representantes. A práxis da politiqué grega, ainda é viável em nossos dias, não obstante perdure, mesmo com todo o avanço cultural e tecnológico, a “mitológica cacicagem”. Porém, nós do povo comum, que malmente votamos, podemos ficar mais sossegados, pois haverá um “pouquinho” de paraíso, proporcionado por quem não compactua com essa categoria de políticos, como é o caso do citado acima e outros de consciência limpa. Portanto, olhemos bem e prestemos atenção nos próximos três meses. Aprofundar o conhecimento sobre política é extremamente necessário para não cairmos no conto do vigário, digo do político vivaldino.
...para a eternidade!
L
CINQUENTA
ETERNA DÚVIDA
Não tenho sido capaz de conciliar meus pensamentos em relação a tudo o que percebo existir no Universo. A começar pela vida humana, dentre todas a mais complexa, perfeita e misteriosa. Cansei de procurar uma explicação para tudo. Nada consigo compreender. E olha que tenho a inteligência mais perfeita de todos os seres vivos existentes. Meu raciocínio é completo, com ele consigo chegar às mais complicadas e estupendas conclusões. Minha imaginação consegue viajar por lugares distantes. Penetrar em qualquer labirinto complexo e sair dele. Sou um ser capaz de criar do nada, por simples inspiração, máquinas mecânicas, eletrônicas, cibernéticas e computadorizadas. Crio, com certa facilidade, chips com capacidade de memória infinitamente grande. Posso fazer as mais intrigantes associações numéricas, de cores, de temperaturas, de forças energéticas ou térmicas. Consigo transformar a natureza fazendo-a produzir a partir de suas próprias sementes ou de sementes geneticamente modificadas por mim mesmo. Além de produzir novos animais, a partir de fecundação in vitro, posso produzi-los por clonagens. Produzo quase todas as partes de um corpo humano e posso fazer vir à vida um novo ser, independentemente da presença de seus pais biológicos, com o auxílio de uma simples proveta. Mas, também ela, fui eu quem inventou. Inventei formas de locomoção mais rápida, encurtando distâncias e permitindo viagens, dentro e fora do Planeta Terra. Revolucionei o processo da comunicação, possibilitando transportar documentos, livros e outros papéis, como fotografias, desenhos, quadros, assinaturas, autenticações, sem falar na abertura do comércio e sua globalização, que permite a qualquer pessoa comprar objetos sem sair de sua residência. Se continuasse enumerando realizações e coisas que faço, certamente passaria horas ou dias escrevendo e teria milhares de páginas cheias, tanto é minha capacidade, criatividade e poder. Mas não sou capaz de compreender minha própria pessoa. 115
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Não sou capaz de esclarecer o sentido da vida e nem sou capaz de prever e prevenir fatos relacionados ao sistema psicossomático Por que que tudo existe? Onde quisera chegar, o Criador, ao iniciar a existência de tudo? Qual o objetivo verdadeiro de tudo o que foi criado? Não sou capaz de esclarecer a mim, a não ser pela fé. De onde vim e para aonde vou. Sei somente por hipótese que minha racionalidade é assim ou “assado”. Que meu raciocínio age por dedução ou indução. Que minha memória pode reter tudo o que acontece no raio físico e cronológico de minha existência. Sei que meu pensamento pode realizar tudo o que imagino e que minha imaginação pode trazer tudo o que existe para dentro de mim. Sei que posso voar, cantar, amar e ser feliz. Mas quem sou eu? Essa pergunta retumba em meu bestunto, todos os dias e todas as horas, acompanhada de outra, quem é você? Olhe para mim, olhe para você mesmo. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? E a inquietação continua e continuará eternamente, porque eterna é a dúvida.
...para a eternidade!
LI
CINQUENTA E UM
TRANSMUTAÇÃO
Eu sou uma personalidade criada, construída e em vias de aperfeiçoamento. Antes era um projeto criado. Apenas uma semente gerada. Depois fui edificado, germinado. A fecundação me transformou em ser vivo e, de lá para cá estou em construção e em constante reforma, sendo aprimorado, para um dia ser utilizado pelo meu Idealizador e Criador. Em nenhum ano do tempo cronológico desta existência consciente, posso afirmar que esteja pronto. Tenho que ficar aqui, dependurado na parede do universo envelhecendo pelas leis temporais e suas intempéries. Quanto mais velho, mais perfeito e mais valoroso. Dos primeiros aos últimos anos estarei sempre em aperfeiçoamento. E, quando estiver pronto, perfeito, então serei retirado da parede e levado para minha função definitiva e eterna. Não há como falar da vida sem falar da morte. Assim como existiu um projeto de vida, assim também, há um projeto de morte. Enquanto vivermos, estamos no projeto de morte. Não se morre por acaso, nem coincidentemente, sempre existe uma preparação longa ou curta. Todavia, uma das únicas certezas que se pode ter nesta vida, é a precisão da morte. Todos caminhamos para ela. Porém, não é o derradeiro fim. É, somente, mais um momento, que faz parte desta existência como porta de saída para o além. Ao morrer entramos no jardim celestial do Pai eterno, que, na verdade, é uma família divina que reina infinitamente.
Nossa função lá, é a de servir incontinente a Deus. Cada homem, cada mulher, cada criança, adolescente ou jovem que morre, se transmuda em anjo. Como anjo não ocupa lugar, nem espaço, nem faz nenhum barulho ou emite som, a família divina é servida por sua luz angelical, que brilha para a felicidade do Reino. É como se o quadro de nossa existência fosse retirado da parede deste mundo, eliminada sua moldura e fosse dependurada somente nossa essência em cordões dourados, diante do trono de Eterno Rei. Enquanto estou aqui, sou uma estrutura psicossomática independente e livre, receptora de meu espirito caracterizador. Sou 117
AMANI SPACHINSKI DE OLIVEIRA
pessoa completa e perfeita. Possuo uma razão que se desdobra em inteligência, memória e vontade. A inteligência, no que lhe concerne, se desdobra em raciocínio, pensamento e imaginação. Memória em subconsciência, consciência e inconsciência. A vontade em sonho, realidade e paixão. Depois, quando for para lá, tudo isso se apagará, virarei anjo e apenas minha luz essencial brilhará. É a felicidade eterna conquistada. Minha estrutura psicossomática é responsável por isso, pois ao realizar o relacionamento intra, inter e extra pessoal, estará aperfeiçoando meu ser para tornar-se espirito puro. A união equilibrada da realidade biológica, física ou racional, com a realidade psicológica ou emocional, pela consciência de minha vocação sociológica, é que me garantem e vida espiritual, a unicidade e a eternidade. O meu relacionamento com o sagrado e com o secular, dependendo de um estado psicossomático, poderá ser saudável, me garantindo a vida eterna ou poderá ser doentio propiciando, quem sabe, a morte eterna. Como ser único, individual e eterno, sou livre e emancipado e devo assumir todas as responsabilidades sobre minha vida, em todas as dimensões. Quando os céus me abrem as portas do além, é preciso que eu esteja preparado. Mas o que devo fazer para me preparar? Nada, absolutamente nada de especial, apenas viver bem cada fração de segundo, como se fosse a última. Fazer tudo de forma perfeita, para não precisar ser refeito. Isso é estar preparado e pronto. Pois, a hora do arrebatamento a ninguém é dado conhecer. Portanto, a atitude mais correta que se possa tomar é a de estar sempre em reforma, aperfeiçoando-se, aprimorando-se e retomando o caminho certo, custe o que custar, afim de passar, sem perigo, para o estado angelical de luz divina. Eis o segredo da salvação.
...para a eternidade!
LII
CINQUENTA E DOIS
O ESCRITOR E O LIVRO
Inseridos e perdidos no tempo, homens e mulheres continuam escrevendo sua história. Alguns conseguem perpetuar as próprias ideias e fazer com que muitos as defendam ao longo dos séculos. Existem os que marcam épocas com sua inteligência aguçada e bem aproveitada. Outros conseguem apenas marcar o próprio período cronológico de sua existência e depois se apagam como se apagam, como as luzes artificiais, no início da manhã. Há ainda os que se tornam uma espécie de mensagem eterna para o mundo de qualquer tempo. Estes encarnam a própria existência como missão carismática de solidariedade e não sossegam enquanto não a cumprem. Fazem das ideias e sonhos a razão concreta e o ideal de suas vidas. Marcando ou não a história da humanidade, existem alguns homens que, utilizaram a própria inteligência e usando o raciocínio para chegar ao que chegaram, tornam-se grandes líderes. Pelo seu pensamento, por sua ideologia, por sua força de vontade, audácia e perseverança, conseguem transformar o mundo de bom para melhor e de melhor para excelente. Os que não usam essas poderosíssimas ferramentas da razão, vegetarão durante os anos de vida e acabarão esquecidos, muito rapidamente, até, pelos mais próximos semelhantes contemporâneos. Os homens que conseguem provar que a vida é maravilhosa e que vale a pena viver a quaisquer custos, se eternizam e fazem perdurar eternamente a felicidade da humanidade, são os escritores. Estamos vivendo um tempo novo na história do Mundo. É a guerra da comunicação virtual contra o livro. Mas percebe-se que, a cada dia, enquanto cresce a quantidade de computadores produzidos, dobra e redobra a produção de livros. A pesquisa literária biográfica é que melhor dá consistência, veracidade e comprovação às descobertas científicas e filosóficas. É o livro que sustenta a investigação epistemológica. É o livro que ativa, reativa, organiza e alimenta o pensamento. Qualquer ser humano ligado ao livro, por seu exercício de leitura ou por sua atividade de escritor, com toda certeza, isso é comprovado cientificamente, tem 119
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seus neurônios alimentados e preservados e, de certa forma, se imuniza contra a perda da memória e o envelhecimento precoce. Isso tudo devemos aos escritores. Todo o escritor é uma espécie de profeta, a seu jeito, e, como tal, vive ajudando a consertar este mundo. O texto ou livro que escreve é uma maneira de criar, com Deus, a cada dia, um Mundo melhor. Parabéns a todos eles na comemoração de seu dia. Parabéns a todos vocês que escrevem e, por tabela, também a vocês que leem. O Mundo somente é melhor, porque vocês existem.
...para a eternidade!
LIII CINQUENTA E TRÊS
A DIALÉTICA DA PATERNIDADE
Não há como esconder a euforia das pessoas com a aproximação da festa em comemoração ao dia dos pais. Cada um quer demonstrar reconhecimento de quanto é importante, em sua vida, a figura desse homem, que traz dentro de si o carisma da paternidade. Todos querem compreender a personalidade, o caráter e a missão de seu progenitor. Mas será que todos compreendem bem o que é ser um pai? Estamos diante de uma grande incógnita. Quem é verdadeiramente pai? Para uma aproximação de resposta a essa questão, necessário se faz usar mão do recurso da dialética. O ser ou o não ser pai. Qualquer homem pode ser pai? Todo homem pode desenvolver a paternidade? A primeira tentativa de solução já esbarra na questão psicossomática. Alguns homens não são férteis por questões físicas ou psicológicas, portanto não serão pais. Outra tentativa esbarra na questão ideológico-socio-religiosa. Alguns homens renunciam à paternidade pela opção ao celibato. E finalmente há os que se fazem eunucos, por próprio gosto ou por situações alheias à sua vontade e, por isso, não serão pai.
Porém, o dilema se acentua, quando alguns homens somente têm a paternidade biológica, mas não a exercem plena e satisfatoriamente. Aí o quadro se torna crítico, porque são pais, mas não exercem a função paterna. O maior mal para a sociedade não é tanto um filho pervertido, delinquente, marginal ou desequilibrado, mas um pai que somente coloca mais um ser no mundo e não assume as responsabilidades que a paternidade lhe confere. Todo filho com um “pai” que não é pai, dificilmente será uma pessoa completamente realizada e feliz. Seu caráter tornar-se-á tão fraco, que qualquer outra pessoa, que não seja seu pai, terá maior influência sobre ele. Se o pai deixa de exercer sua paternidade, em relação ao filho, terá pouco direito sobre ele em questões de educação, disciplina, ética e cidadania. É mais importante ser pai no processo de formação, no crescimento e amadurecimento do filho, do que no ato da geração. A responsabilidade paterna aumenta na proporção em que os filhos crescem e se desenvolvem 121
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como pessoa. O homem somente será feliz, se fizer feliz os outros semelhantes. Um pai será verdadeiramente pai, quando perceber que seus filhos estão melhores que ele. Mestre somente será verdadeiramente mestre, quando seus discípulos forem melhores que ele. Um homem, um pai, um mestre serão imensamente felizes, quando conseguir melhorar os outros homens, aperfeiçoar os discípulos e educar os filhos. Eu sou um pai imensamente feliz, porque sou melhor que meu avô, melhor que foi meu pai e meus filhos são melhores que eu. Quem sabe não estaria na hora de prestarmos uma homenagem especial a nossos pais este ano? Que tal um abraço e o reconhecimento dialético, isto é, que você fale, mas principalmente, que você ouça seu pai hoje. Quem sabe se você se tornar um filho de verdade, seu pai não tornar-se-á um pai, também, de verdade? Se você ama desinteressadamente seu pai, ele também o amará de verdade e ambos serão mais felizes.
...para a eternidade!
LIV CINQUENTA E QUATRO
O TEMPO E A MEMÓRIA
A memória humana tem uma potencialidade infinita de armazenagem de dados. Tudo o que nossos cinco sentidos materiais, (visão, audição, olfato gustação e tato), em toda a extensão de sua existência percebem, fotografam, sentem e experimentam, são acondicionados em seus devidos “espaços” e permanecem lá para sempre.
Todos os seres humanos têm essa capacidade de armazenamento da memória. O que, algumas pessoas não conseguem, é acionar o comando mental para lembrar tudo o que necessitam ou querem, no presente. Tem-se a impressão que aquilo se apagou da memória, mas não é essa a realidade. Existe um fator externo, que dificulta o acesso a esses dados, é o tempo. O tempo passado. Ele vai selecionando, como que, colocando obstáculos e filtrando o que está gravado. E vai liberando para nossas lembranças, somente o mínimo necessário. Assim ele acaba sendo um poderoso aliado do nosso organismo para que somente aflore, para o consciente, a quantidade de lembranças, que não afetem o psiquismo e, também, o comportamento biossociológico do homem. Dessa forma o tempo corrobora para com o equilíbrio humano, por um lado, livrando o homem, da chamada e temida “loucura”, ou desequilíbrio mental e, por outro, tornando-o, aparentemente, insensível, aos acontecimentos do passado. Com referência ao tempo, é comum dizer-se que ele “cura feridas de amor”, “ameniza dores”, “apaga sofrimentos”, ma isso é somente modo de dizer, pois em verdade, o tempo não tem esse poder. Sua única função é a de distanciar o presente do passado e medir esse espaço, o que permite que outros elementos, de igual ou de maior valor, sejam intercalados entre o fato, no passado, e a sua lembrança, no presente. Dessa forma o tempo não tem a virtude da cura, mas a força da camuflagem. Ele esconde os fatos por detrás de outros e, somente permite que sejam vistos, sob alguns ângulos menos reais. Então 123
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o que aconteceu, por exemplo, a uma pessoa na adolescência ou infância, aparece agora, na vida adulta, apenas como uma réstia. É comum vermos pessoas, de certa idade, contarem fatos ocorridos com elas no passado, que são humanamente impossíveis terem acontecidos. No entanto, ela afirma e jura, que aquilo foi verdade. Está mentindo? Não! Apenas não está conseguindo lembrar do fato total, verdadeiro e real, que possa ter acontecido. E, com o domínio de, apenas, alguns reflexos do fato, sua imaginação tem necessidade de criar outros elementos, para complementar no presente, aquele fato do passado, que não conseguiu lembrar com clareza.
...para a eternidade!
LV
CINQUENTA E CINCO
É PRECISO SONHAR DE NOVO COM UM BRASIL DE ENCANTOS MIL
O ano vai avançando e entramos, mais uma vez, no final com a comemoração da Independência do Brasil. É o nosso, tão esperado, sete de setembro. A nossa semana da Pátria. É a festa maior dos ideais patrióticos de liberdade e de civismo. Festejamos a Independência, mesmo sabendo que nosso País nunca dependeu de ninguém. Quem esteve e está dependente, são alguns poucos brasileiros, que na história acharam por bem-dizer serem o Brasil e assim precisaram de que se realizasse um “grito de independência”, sem, no entanto, nunca serem livres. O povo brasileiro sempre foi livre. Não foi ele que criou e aumentou a dívida externa. Não foi o povo que trocou sua riqueza por nada, que vendeu grande parte do Brasil. É preciso que tudo isso fique bem claro. Como não foi o povo que criou e aumentou as dívidas de alguns Bancos quebrados, mas, mesmo assim, teve que pagar a conta que não fez. Não é muito difundida a ideia de patriotismo entre as crianças, os adolescentes e muito menos aos jovens brasileiros. Quantas vezes nos perguntamos, por quê? Por que não vivemos a semana da Pátria? Afinal, nada mudou aqui no Brasil, nem durante, nem depois da ditadura militar. Até mesmo o próprio serviço militar, que era ansiosamente esperado pela maioria dos adolescentes brasileiros e que, muitos ficavam vários dias entristecidos, por não serem chamados. Não só pelo fato de servir a pátria, mas para defender ou para aprender civismo, bons princípios morais, estratégias, liderança, entre outros. Foi-se o tempo em que era orgulho de qualquer jovem do Brasil, poder ingressar nas filas do Exército, Marinha ou da Aeronáutica. Hoje restam apenas as lágrimas nostálgicas, daqueles que experimentaram essa euforia. Ficou somente o marasmo de um desfile cívico, misturado com comércio ou a divulgação de marcas, principalmente do terceiro setor. Um desfile sem discurso, sem exemplo de liderança. Temos poucos líderes políticos exemplares. Nas diferentes camadas, muitos estão desacreditados. É o preço que pagamos por querer 125
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nivelar a todos e sempre nos nivelarmos por baixo. O Brasil é um país rico. Oferece incontáveis oportunidades a quem quer que seja. O povo brasileiro, apesar de tudo, é um povo animado, alegre, saudável e simpático. Temos tudo para celebrar neste sete de setembro e nesta semana da pátria. É gratificante quando vemos, em nossa casa, um filho ou uma filha chegar alegre e nos dizer, “Pai, Mãe, hoje tive que ler na frente. Foi muito legal”. Seus olhos brilham de satisfação e está marcada, para toda sua vida, esse ato tão simples, mas cheio de significado para ele ou para ela. As crianças, os adolescentes e jovens precisam desses momentos fortes em suas vidas, para também se firmarem, como pessoa. E, principalmente, como pessoa cidadã. Quem sabe, naquela manhã bonita de sete de setembro, não tenhamos a coragem de iniciar um tempo novo, de alguém que começa resgatar valores essenciais para sua vida e para a de seus semelhantes. Quem sabe não descubramos que, os grandes valores, que fazem parte de nossa vida podem ser compartilhados. Que podemos vibrar com cada um deles. A entoação de nosso Hino Nacional possa nos emocionar outra vez. Ao tremular de nosso Pavilhão Nacional nos encha os olhos de lágrimas. Que os discursos bem elaborados e majestosamente apresentados, nos encham a alma de sabedoria e aos ouvidos de prazer. A verdade nos palanques cívicos volte a imperar e tenhamos consciência que a real independência está no pensamento, na vontade livre, na expressão de minha ideologia, no livre encanto da política e na autêntica democracia. É preciso sonhar de novo, com um Brasil de encantos mil, de riquezas infindas e de filhos varonis. Sonhar de novo com um Brasil completamente livre, soberano e repleto de paz. Isso não está longe, nem é utopia, pois está no coração de cada um dos brasileiros, com esperança, honra, projeto de vida, alma, fé, esperança e amor. Viva o Brasil! E viva o povo brasileiro!
...para a eternidade!
LVI CINQUENTA E SEIS
O SONHO DA LIBERDADE É POSSÍVEL
A qualquer hora do dia ou da noite poderemos ouvir, inesperadamente, uma voz dizendo, “isto é um assalto. Não se mexa, senão você morre. Mantenha a calma. Eu quero só seu dinheiro, ou seus bens. Fique calmo. Mas se você bancar o “besta” eu tiro também sua vida. E se ficar insistindo em não me entregar o que eu quero, tiro sossego e a vida de sua família. Quieto, já disse. Para mim tanto faz, matar ou morrer”. O assalto pode acontecer em qualquer local público ou privado. Quem já não foi assaltado em um banco, por assaltantes armados ou pelo próprio estabelecimento, com as armas dos juros ou dos “serviços” e taxas? Quem nunca sofreu no comércio, com as armas dos preços altos, juros abusivos ou com mercadorias de qualidade duvidosa e, até mesmo defeituosa? Quem poderá alegar de nunca ter sido assaltado por algum órgão governamental com impostos injustos, serviços públicos bem cobrados e de péssima qualidade ou não realizados? Quem já não se sentiu roubado dentro de sua residência por serviços de primeira necessidade como: água, luz, telefone, esgoto, cobrados sem piedade e sem dó, com preços exorbitantes, para cobrir, até despesas de mordomias desnecessárias dos altos dirigentes? E quando você não pode pagar por um mês, o serviço é arrancado sem nenhuma possibilidade de acerto, pois está na “arma” do contrato. Estamos vulneráveis em nossos dias e em nossa cidadania. Completamente desprotegidos por quem ganha bem, somente para manter nossa segurança. Nos sentimos, cada vez mais inseguros, tendo que ser trancafiados em redutos da pseudo segurança de nossa residência, sem poder ter, o que constitui parte da essência do ser humano, a liberdade. O mundo, aperfeiçoado por nós mesmos, está sendo nosso próprio algoz. Continuando, nesse ritmo desvairado, ninguém sabe onde e a que chegará. Enquanto pessoas eleitas ficarem ganhando um “rio” de dinheiro, — (isso é um dos maiores assaltos a mão armada legitimado, contra a população), para representar a um povo que nunca representa; enquanto alguns homens estiverem ganhando 127
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milhares de reais para dizer, “eu voto sim” e milhares de reais para dizer, “eu voto não” e mais milhões de reais em “acertos” no escuro, ou na surdina, para defender uma causa de interesse particular ou de grupo, contra a economia do País e do povo que o elegeu; enquanto a maioria dos eleitos, que assumem o cargo e, desde o primeiro dia de mandato, “trabalham” somente preocupados com a própria imagem e o “caixa dois”, visando a campanha das próximas eleições, a população ficará à mercê de assaltos, injustiças, insegurança e morte, vivendo dos restos dos impostos caros que paga. É preciso dar “um basta” nisso tudo. Inverter o quadro. Podemos começar o processo este ano e concluí-lo daqui a dois, colocando em todos os poderes, federal, estaduais e municipais, pessoas de nossa confiança. Pessoas honestas, responsáveis, dignas de nos representarem e que sejam fiéis aos interesses da coletividade. Será que não estaria na hora de reverter o quadro e passarmos de assaltados para bons assaltantes? Vamos pegar de surpresa os candidatos ruins, interesseiros, enganadores, preguiçosos, desonestos, “capachos”, despreparados, politiqueiros e, empunhando nossa poderosa arma, o Título de Eleitor, carregado com a explosiva munição do Voto e dizer-lhes: “Isto é um assalto. Fique “calminho”, pois eu somente quero tirar de suas mãos a procuração de me representar”. Para mudar nosso sistema político brasileiro, o único poder que funciona é o voto. Quando cada eleitor respeitar e valorizar o próprio voto, então não será mais assaltado e poderá circular livre e seguro no interior de sua residência, nos estabelecimentos públicos e privados, pelas ruas e praças de sua cidade sem medo, porque o sonho da liberdade é possível.
...para a eternidade!
LVII CINQUENTA E SETE
QUISERA SER PROFETA, MAS SOU ELEITOR
Quisera ser o porta-voz dos mais sábios profetas que existiram na história, nestas horas de tantas incertezas em que vive nosso mundo brasileiro. Pela verdade, quisera ser um profeta de fato, para ter o poder da fala e o dom da profecia. Quisera portar uma mensagem profética de libertação definitiva para o povo do Brasil.
A ilusão de uma campanha política, que tudo centraliza, desviando olhares e pensamentos das questões maiores e interessantes de nossa complexa ordem social e que permite aos “profissionais”, oportunistas dessas horas, agirem na calada da noite ou na surdina, impondo ao povo, mais e mais, jugos pesados, que nem sempre se pode carregar. São essas horas que se abrem e se tornam propícias para que decisões importantes e irreversíveis sejam tomadas. O povo, que seria o maior interessado, está como que dopado e amortecido, por uma avalanche de ataques de marketing, bem ou mal elaborados. São praticamente três messes que somente se respira campanha política. Não se faz outra coisa e também não se pensa em mais nada. Em verdade tudo se engole, cozido, cru ou mal temperado. Não comparando é como uma disputa de Copa do Mundo, quando o País está envolvido, só se pensa naquilo ou como em época de Carnaval, nada mais se faz a não ser ele. Talvez uma profecia de esperança em meio a isso tudo, pudesse mudar os rumos, quem sabe, e dar um novo alento a tantas pessoas que sofrem sem nada poder fazer. Quisera ser um verdadeiro profeta, para poder ser ouvido, principalmente nestes tempos fortes, e dizer, “não se iluda meu povo, eles são como cometa que de a cada quatro anos passam pelos céus de suas vidas e vocês continuaram os alimentando por mais quatro, com o melhor e mais saudável sustento. Não se preocupem, quando vocês estiverem com fome eles deixarão cair um pouco de migalhas de suas mesas para que vocês poderem saciar, parcialmente, sua fome. Quando vocês passarem frio eles deixarão que vocês usem, por um certo 129
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tempo, as roupas e cobertas que não lhes servem mais. Quando vocês estiverem enfermos eles tirarão, de seus sistemas privados e particulares de saúde de primeiro mundo, alguns “subsídios” para não os deixar morrer à míngua”. Talvez um pouco de profecia agora, pudesse nos fazer mais conscientes de nossa própria condição existencial e da necessidade de não permitirmos que o sistema nos aliene cada vez mais. Uma profecia visionária do futuro mais imediato, pudesse nos fazer ver que tudo depende mesmo de nós. Que o futuro que dizemos a Deus pertencer, de fato, está em nossas mãos, com a permissão e iluminação Dele, é claro. Quisera ser profeta e fazer profecias nestas horas difíceis pelas quais, passa nossa Nação Brasileira, mas acontece que sou político também e, como tal, acho melhor entrar no “bolo”, mesmo não sendo “farinha do mesmo saco”. Todavia, posso votar nestas eleições, embora continue querendo ser profeta.
...para a eternidade!
LVIII CINQUENTA E OITO
O LIVRO DA LIBERTAÇÃO
Existe um livro que é considerado o “Livro” dos livros, pela sua excelência. Mesmo sendo um livro só, contém uma biblioteca inteira. Dividido em duas partes, consegue resumir toda a história da salvação anterior a Jesus Cristo, no Antigo Testamento e a história posterior a Ele, no Novo Testamento. É chamado, também, Sagradas Escrituras, por conter a Palavra de Deus e trazer o Regimento Interno que regula a vida humana. Além de ser centro de sabedoria, que apresenta conceituações filosóficas, científicas da realidade, abrange história, geografia, letras, literatura, moral, ética, política, administração, estratégias de ação, relações humanas, motivação, entre milhares de outras orientações.
A Bíblia, como universalmente é chamada, não se trata de um livro comum, onde buscamos as ideias e ideologia do autor, mas um livro sagrado, onde se encontram os preceitos divinos e as leis eternas. Seu autor pode ter sido uma pessoa humana, mas com inspiração divina, portanto sua autoria é dupla, ou seja, humano divina. Deus e o Homem forma quem escreveram os livros sagrados. A maior fonte de inspiração está ali, a Bíblia. Se procurarmos entrar em contato com tranquilidade de espírito com esse livro, descobriremos a verdadeiras fontes de vida. Ele nos alimenta, nos fortalece, nos anima, nos encoraja e nos santifica. Mas, para conseguir isso é preciso lê-lo e meditá-lo com humildade, mansidão e coerência. Estar de coração aberto e livre para que a semente da Palavra de Deus seja semeada, nasça se fortaleça, cresça e produza muitos frutos em nossa vida. Para ler e entender a Sagrada Escritura, é necessário, termos cuidados. Ela não pode ser lida e interpretada ao “pé da letra”, como fazem alguns fundamentalistas por aí. Precisamos seguir o espirito de Jesus, dos profetas e sacerdotes. Assim, a Palavra de Deus nos santifica e nos aproxima sempre mais Dele. Hoje é dia da Bíblia. Para comemorar e celebrar este dia, quero convidar você a tomar uma resolução simples e possível, além disso, muito agradável, começar a ler e meditar, diariamente, pelo 131
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menos durante vinte minutos, a Sagrada Escritura. Pode usar essa Bíblia antiga que você tem em casa mesmo. Experimente fazer isso durante um mês e você verá resultados espetaculares. Você se transformará em uma pessoa completamente livre, realizada e feliz. Tudo a seu redor passará ter um novo sentido, um novo brilho, uma nova vida e todos os seus empreendimentos passarão a dar certo. Acredite! Aja!
...para a eternidade!
LIX CINQUENTA E NOVE
VIVA A DEMOCRACIA
Às vésperas do dia três de outubro de dois mil e quatro, do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o coração da maioria dos brasileiros bate mais forte pela ansiedade em ver quem será o dirigente dos destinos de seu município nos próximos quatro anos. Enfim, chegou o dia mais importante para a democracia no Brasil. Amanhã todos os eleitores, habilitados com o título eleitoral, poderão exercer o direito e o dever de votar. É o sacrossanto exercício de sua cidadania irrestrita, através do voto direto, secreto e livre. Direto porque poderá ser eleito aquele candidato, que o eleitor conheceu pessoalmente, tendo a oportunidade de olhar em seus olhos e ver o grau de sua sinceridade. Direto porque poderá ser eleito aquele em que ele votou realmente, sem intermediários. Secreto porque a privacidade é seu direito pessoal, garantido por Lei. O eleitor pode até falar que está torcendo para este ou aquele, mas na hora do sufrágio, o segredo é somente entre três, o voto que não fala, a urna que não o reconhece e sua consciência, que é lacrada pelo pudor e pela ética. Livre porque é um exercício do pensamento, da inteligência e da vontade. E estes três elementos intelectuais do espírito humano são imunes de qualquer cerceamento. Mas há uma prerrogativa a ser considerada e, devidamente pesada aqui. O voto somente será livre para aqueles que não o venderam por qualquer preço, ou não se deixaram iludir por propaganda enganosa. Mas enfim chegou o grande dia. Eleger prefeitos, com eleições diretas, para todas as cidades brasileiras, é uma enorme responsabilidade. Maior ainda, é a responsabilidade ao eleger os vereadores. Enquanto aqueles têm o domínio executivo do município e as finanças oriundas da arrecadação, em seu poder, estes têm a faculdade da fiscalização, sobre aqueles e sobre todos os que, de alguma forma usufruem os bens públicos, assim como, também, sobre todas as obras e serviços prestados à população. A responsabilidade do eleitor pesa, diante de Deus e do Universo, quando ele tem a força para colocar no poder legislativo, uma pessoa que, por interesses próprios, escusos e mesquinhos, poderá vender a qualquer preço o seu poder de fiscalização. 133
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A partir de hoje, é hora de cada eleitor se recolher, refletir muito, pedir a inspiração de Deus, para que amanhã, possa estar tranquilo e lúcido, e possa deixar sua razão funcionar e, através do raciocínio, com a ajuda da lógica formal, que define a conclusão correta, a partir de duas premissas, ou juízos verdadeiros, como, por exemplo, se a primeira premissa: “Todo o homem ético, sincero e fiel é um bom político”, concordar com o segundo juízo: “Ora, o candidato no qual vou votar é um homem ético, sincero e fiel”, a conclusão: “Logo meu candidato é um bom político”, será verdadeira. Portanto, é mais seguro votar com a razão lógica do que com a emoção de uma paixão ilusória. Além disso, o exercício da cidadania, no dia das eleições, é igualmente o exercício da consciência. Votar é um compromisso individual, porém de reflexos coletivos. É nossa cidade que está em jogo. Ela deve ser entregue para pessoas de nossa confiança. Votar é estar entregando uma procuração em branco, com poderes ilimitados, ao prefeito, ao vice e aos vereadores. Se a administração não for boa, a responsabilidade é nossa. Fomos nós que quisemos esse destino para nossa cidade. Fica aqui o apelo, vamos exercer com dignidade o nosso direito sagrado de cidadania e o nosso dever de cidadãos. E viva a democracia.
...para a eternidade!
LX SESSENTA
O LENITIVO DA ALMA
O mundo corre mais depressa nos últimos tempos. Um exemplo disso são as eleições acontecidas no começo deste mês. Há alguns anos, não muitos, a apuração dos votos demorava dias, em alguns casos até semanas. Hoje, em poucas horas ou minutos já se tem conhecimento do resultado. E os homens, ou melhor, nós mais antigos, experimentávamos as emoções provocadas pelas incertezas do resultado por mais tempo. A demora nos possibilitava momentos mais fortes e duradouros de alegria, entusiasmo ou aflição e dor. Hoje não se tem mais nem tempo de se emocionar. Quando vem a vontade de chorar de tristeza ou de alegria por algum fato ocorrido em nosso redor, pronto tudo passou e fica somente o nó na garganta. Ninguém tem mais tempo de comemorar. Esses e outros tantos sinais de progresso do mundo hodierno, fazem com que os seres humanos, que não evoluíram tanto assim, se percam na caminhada, não conseguindo acompanhá-lo. E o homem acaba ficando estressado, depressivo e doente. Não há corpo, nem alma que aguente. Mas o que, de fato, está acontecendo com a humanidade atual, é algo muito simples do que se imagina, diferente da complicação que pretendem os que se beneficiam e têm considerável lucro com o sofrimento das pessoas que compõem o quadro da comunidade mundial. O ser humano está esquecendo de si mesmo e vivendo na ilusão em relação ao autoconhecimento, o autorrespeito e a autoestima. Ou seja, pensa que conhece a si, que se compreende, se aceita, no entanto, vive ludibriado com falsas orientações da própria consciência e de pessoas de fora que, descobrindo tal deficiência humana, aproveitam-se e vendem caro suas próprias teorias, sem nenhuma garantia comprovada de sucesso, sejam em livros, organizações ou pessoas físicas, das mais diferentes procedências e ideologias. O homem passa maior parte de sua existência correndo atrás do prejuízo ou de pré-juízos, (superstições e mitos). Sua busca é tão intensa que acaba esquecendo de viver. Trabalha, estuda, participa da sociedade, se interessa e se preocupa com tudo e esquece de si mesmo. Começa interpretar papéis diferentes e quando me135
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nos espera, não lembra mais de sua verdadeira e própria personalidade. Aí começam os “choques existenciais” e uma luta abrupta se desencadeia em seu interior. Ficam latentes os princípios de contradição e começam acentuar-se os descontentamentos pessoais com tudo o que acontece ao seu redor e com as pessoas que lhes são mais próximas. Em verdade o que está ocorrendo é uma perda de identidade. O homem não sabe mais lidar consigo. Seus relacionamentos inter, intra e extra pessoais começam ruir. Ele chega a afirmar que ninguém lhe compreende e não o aceita. Passa viver um clima de solidão. Está no meio das pessoas, mas vive em completa solidão. Não se auto reconhece, não se autorrespeita e não tem autoajuda. Deu certo tempo em diante começa distorcer o sentido das verdades e de algumas forças, como, por exemplo o amor. O amor, por si só, é uma força poderosíssima e tem um único significado. Mas os homens vão lhe atribuindo outros sentidos, conforme lhes convém. Amor egoísta, algumas pessoas pensam que amar é tomar posse do outro e lhe sugar o que for possível; amor interesse, algumas pessoas somente amam porque o outro poderá lhes oferecer algo em troca; amor invejoso, algumas pessoas agem somente motivadas pelo ciúme. Têm medo de perder o que pensam ter possuído. Poderíamos seguir com uma lista infinda de exemplos, mas o importante é compreender que somente o verdadeiro amor poderá curar e salvar a humanidade. Refazer o homem humanitário está nas mãos das pessoas que amam. E a guerra santa do amor restabelecerá a paz no espirito e nos corações de toda pessoa que sofre. O amor é os lenitivos da alma.
...para a eternidade!
LXI SESSENTA E UM
REFLEXÃO DIFERENTE
A primeira Peregrinação no Peabiru da COMCAM foi a oportunidade que um grupo de pessoas das mais diferentes idades, entre dezoito e setenta anos, tiveram de fazer uma reflexão diferente. Entre silêncio, solidão e convívio em grupo, os peregrinos enfrentaram cinquenta e três quilômetros do a pé. Certamente esse evento proporcionou aos participantes, além de um grande desafio de sua resistência física, uma profunda experiência mística. Sem dúvidas, os peregrinos terão muita coisa para contar durante o resto de suas vidas. Como membro da comitiva e por ter participado dessa primeira experiência, quero compartilhar com leitores desta coluna, um pouco da aventura vivida durante dois dias de caminhada.
Experimentou-se o sol, a chuva com ventos fortes, o granizo, o frio, a escuridão, o silêncio, a solidão, a solidariedade dos companheiros, o banho de cachoeira com água embarrada pela chuva, a dor física nas pernas e nos pés, a massagem do senhor, digo, do velho Brond, o banho e a massagem da cachoeira de água cristalina e, finalmente, os últimos três quilômetros, no limite das forças. Porém, todo o sofrimento e dor foram compensados pelo prazer de novas descobertas a cada metro percorrido, o encontro com a pedra marcada, provavelmente por índios no passado, ou com a Igreja dos “Santos de 1 só Deus”, encravada na laje de pedra natural e o contraste entre as fazendas pecuaristas e agrícolas, dando um colorido todo especial à paisagem deslumbrante. A sensação de não conseguir vencer a longa e íngreme subida que, de quando em quando, aparecia pela frente e de não conseguir chegar ao próximo ponto de apoio. O medo de ter mudado o itinerário sem perceber e o medo de estar perdido e completamente só no mundo. Tudo isso levava o viajante ao extremo de seus limites emocionais. Nos momentos de grande tensão e medo éramos animados pela fibra do amigo Brond (70 anos), que era sempre um dos primeiros a sair e estava sempre entre os primeiros a chegar e pela persistência e coragem da Professora Sinclair Pozza Casemiro, 137
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além de outras pessoas que nos serviram de exemplo e estímulo. Por diversas vezes emocionei-me ao ver a tenacidade, a força de vontade, persistência e a coragem daqueles jovens, que quase não conseguindo caminhar mais pelas dores nos pés ou pernas, ainda eram capazes de recolher lixo nas beiras de estradas e plantações para salvar um pouco da natureza. Durante todo percurso, estes meus olhos não viram nenhum “copinho” descartável de água descartável e nem mesmo um papel de bala sendo jogado por qualquer um dos caminhantes na beira do caminho. Que exemplo! Tudo era guardado, acondicionado e transportados pelas camionetas do IAP, para ser encaminhado ao verdadeiro lugar do lixo. Era emocionante ver o quanto a natureza foi respeitada nesses dois dias. Nenhum galho de árvore quebrado, nem uma planta arrancada. Tudo era cuidado com o maior carinho, como se fosse sua própria casa. Que belo exemplo para humanidade a iniciativa destes jovens estudantes da FECILCAM — Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão. Todos os participantes da Primeira peregrinação do Projeto de Resgate do Caminho de Peabiru, puderam experimentar um pouco do aspecto místico desse trajeto cheio de mistérios. Houve momentos de grande emoção e espiritualidade. Nossa alma vibrava e tinha vontade de agradecer a Deus por aqueles momentos inusitados. Alguns cantaram, outros gritaram, outros choraram, enfim, todos manifestaram, de alguma forma seu contentamento e sua paz de espírito. É uma experiência que vale a pena fazer.
...para a eternidade!
LXII SESSENTA E DOIS
VIDA E MORTE
Não existe no Mundo realidades mais próximas e mais interligadas que a vida e a morte. Elas são gêmeas e inseparáveis. Aquela vive sem esta e esta não morre sem aquela. Todo homem é um ser vivo e mortal ao mesmo tempo. Ninguém morre sem ter vivido, ninguém vive sem um dia morrer. São duas incógnitas que representam um dos maiores desafios aos sábios, místicos ou céticos de todos os tempos da história do Universo. Tanto a morte como a vida são verdadeiros enigmas ainda não decifrados. A vida é uma caixinha de surpresas fechada, ninguém sabe o que há dentro dela. A morte é um mistério não revelado, que se inicia no momento crucial da ruptura com a vida. O fim da vida determina o início da morte, ou será a continuidade da vida em outra dimensão?
Falemos sobre a morte, com a aproximação do dia de finados, em que celebramos nossos queridos que já passaram. Não há porque temer a morte, se inevitável. Não há como fugir, nem como esconder-se. Ela sempre nos encontrará em algum lugar e nalgum momento. Ela é sábia, perspicaz, perseverante, fiel e pontualíssima, nunca chega antes, nem depois da hora marcada. É cumpridora de seus deveres. Jamais deixa seus serviços pela metade. Nunca, no Mundo, ninguém provocou mais saudades e mais lágrimas do que ela. A dor, o luto, a solidão, são alguns de seus frutos no coração do homem que ainda não morreu. Dizem que, bem na extrema hora do passamento não sentimos dor, isso é bem provável, pois muitas pessoas vivas já estiveram bem pertinho do óbito. Eu sou um exemplo disso. Me deparei com ela um dia e, em outra ocasião, estive cara a cara com a danada. Confesso que não senti dor maior do que a que já estava sentindo no momento. Não dá tempo, é tão rápido, como se fosse um passo em uma corrida. Creio que é para não nos arrependermos e não se correr o risco de querermos voltar atrás. Aquela fração de segundo, derradeira é o tempo suficiente para nos pré dispormos a acertar as contas com o Criador. Isso, porém, depende de cada um. Mas o que é, de fato, a morte? Para muitos um descanso, para 139
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outros a maior perda. Seria um fim ou seria um início de nova caminhada? Três aspectos hão de ser considerados para uma efetiva reflexão. O primeiro é a morte biológica. Nosso corpo, completado o círculo vital, parará de funcionar e dar-se-á cabo da vida física. O segundo é a morte psicológica. Cessado o tempo cronológico do corpo, a emoção e todas as suas afluências e confluências deixarão de existir. Não se tem conhecimento de cadáver emocionado, alegre ou com ódio. O emocional cessa juntamente com o corpo. E em terceiro a eternidade da alma, do espírito. Este não morre da mesma forma que o corpo psicossomático. Na hora do trânsito, o espirito humano voa, diretamente para seu lugar, junto ao Espirito dos Espíritos, A alma humana é imortal e, como tal, é característica essencial do ser humano e parte integrante da Divindade. Por Lei Eterna, não pode viver sem estar no homem e não vive igualmente sem estar em Deus. Na hora da morte, nosso espírito é atraído para o ponto de sua origem, de onde não pode mais se desligar, porque volta a fazer-se um com seu Criador. Entendendo isso entenderemos o significado da morte. A doce lembrança de nossos antepassados, em seus momentos de dor e bem estar, de fracasso e glória, de alegria e tristeza, se saúde ou doença, nos fará entender que, antes de tudo, é necessário viver bem para morrer bem. Viver de bem com a vida para morrer em harmonia com a eternidade. E que os vivos possam dizer, em relação aos mortos, “descansem em paz” e os mortos em relação aos vivos estejam na perfeita e eterna paz... Amém.
...para a eternidade!
LXIII SESSENTA E TRÊS
ANGÚSTIA, DOR DO FUNDO DA ALMA
Toda pessoa que, às vezes, sente uma “dor” inexplicável, irredutível, incomodativa e permanente lá no “fundo” da alma e vive sofrendo, em demasia, com isso, deve saber que não se trata de uma moléstia comum, diagnosticada por exames laboratoriais, nem curada imediatamente com “remédios” químicos. Ela está acometida de um sorrateiro mal que, infelizmente, leva um grande número de gente boa antes da hora. Trata-se da angústia, que pode localizar-se em pontos estratégicos em suas vidas e determinar seu comportamento, trazendo imensa quantidade de consequências negativas e maléficas para a saúde psicossomática e para a conduta sócio profissional. Para dominar e administrar esse estado de ânimo é necessário conhecer melhor e compreender bem o que significa angústia. O grande Filósofo do século IX, Kierkegaard, escreveu e publicou em 1844 “O Conceito de Angústia”. Ele afirma que a angústia é resultado da condição necessária de escolha diante de um fato ou problema. Essa escolha provoca no ser humano um estado de consciência. Sendo escolhido o bem, do ponto de vista de suas crenças, haverá como consequência uma tranquilidade de consciência e momentos de verdadeira paz. Se a escolha for o mal, o imoral, o “pecado”, em vista de seu dogmatismo, então, surgirá com efeito um estado de culpa, um intenso sofrimento e, finalmente a angústia. A angústia é uma espécie de sentimento que aparece toda vez que uma pessoa, diante de múltiplas possibilidades de escolha faz sua opção errada do ponto de vista ético ou moral, considerando sua liberdade de escolha tanto do certo quanto do errado. Ela surge diante do processo de análise do passado e de projeção do futuro, no passado a pergunta que vem é: “como fui otário, poderia ter evitado isso ou na projeção do futuro, o que vai acontecer comigo? O que vão dizer disso? Estarei perdido!”
Um ser humano em estado de angústia passa ser dirigido por leis que determinam momentos de sofrimento, de falta de saúde mental e física, de baixa autoestima, desmotivação, de falta de en141
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tusiasmo, perspectivas de sucesso e de procura direta ou indireta de apressar a própria morte. Mas isso tudo tem solução. O tesouro de libertação está no próprio homem. Basta olhar para dentro de si e visualizar as inúmeras possibilidades de cura da própria angústia.
...para a eternidade!
LXIV SESSENTA E QUATRO
O ENIGMA DA VIDA
O mais e profundo anseio do homem é a vontade de conhecer e compreender o motivo e o fim de sua existência. Saber a origem da vida, de onde veio, para aonde vai e o porquê disso tudo. Sua grande aspiração é descobrir o destino da alma. Esse ansioso e latente desejo é parte central e essencial de sua inquietação existencial. As crenças que ele promove, agrega e arraiga em sua memória estão proporcionalmente direcionadas ao destino eterno. É a procura do sagrado. O ser humano estará sempre inconformado enquanto durar isso. É uma busca que se estende desde os primórdios da história do mundo. As primeiras formulações para uma tentativa de explicação da vida, desde a pré-história, deram origem ao que conhecemos hoje como mitologia. O aparecimento e repetição oral das lendas deram origem a uma explicação mitológica, tanto do mundo (cosmologia), quanto da origem da vida humana (antropologia). Na filosofia isso gerou uma imensidão de teses e correntes (epistemologia). Foram mais de vinte e cinco séculos de intensa investigação e um número incontável de páginas escritas. A Teologia formulou uma quantidade imensa de dogmas na laboriosa interpretação das revelações divinas nas Sagradas Escrituras (exegese) e tradições religiosas. E a procura vai atravessando milênios, porém a aflição do homem perdurará enquanto durarem os longos anos de sua existência consciente.
O dilema da vida estará sempre presente em nossa razão. Tanto o pensamento quanto a imaginação lutam, ferrenhamente, para demonstrar que existe um sentido para a existência. Que a vida não existe por acaso, ela tem um objetivo definido e definitivo. A maioria dos filósofos e teólogos é unanime em afirmar que esta vida que estamos experimentando é, meramente, uma preparação para o encontro definitivo com o Eterno, com perfeito, com o Sagrado. Nosso coração, disse o filósofo cristão Santo Agostinho, estará inquieto enquanto não encontrar e não descansar em Deus. Então, no final do processo de caminhada e busca consciente, haverá uma completa assimilação da criatura 143
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por seu Criador. Assimilação da alma pelo Criador, eis o sentido da existência humana. E tudo estará resolvido. O grande enigma da vida estará decifrado. Essa é a esperança. Enquanto vivermos aqui, como disse Platão, nossa alma está como presa, encarcerada na cadeia do corpo e todo esse tempo é uma caminhada rumo a morte. Ele afirmou que a vida toda é uma preparação para a morte. E como disse o filósofo Sêneca, a alma encontra no corpo trevas e cárcere e, somente com a morte deste ela nascerá para a eternidade e luz divina. Por isso é importante e indispensável viver bem para estar preparado e garantir a libertação depois da morte. Nesse sentido, Marco Aurélio disse que cada hora tem que ser vivida como se fosse a última. Essa é uma das melhores e mais eficazes formas de se preparar para o futuro glorioso na eternidade. Há um elo entre o homem e Deus chamado amor. Unicamente quem ama pode dizer-se ligado ao eterno e com infinitas possibilidades de descobrir o que é ser feliz.
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LXV SESSENTA E CINCO
CORPO E ALMA NOBRES DILUÍDOS EM DEUS.
Indiscutivelmente nascemos nobres. Basta analisar interna e externamente nosso organismo, relacionando-o a outros seres de espécies diferentes. Todo ser humano, indistintamente, é especial e possui uma finalidade peculiar. Não se sabe ainda a que fim foi criado. Mas uma coisa, pelo menos é certa, não foi gerado sem um objetivo específico. Resta saber para o qual. Alenta-nos a ideia de que o homem não nasceu por acaso. Existe um projeto para todo ser que possui alguma espécie de vida. Esse projeto faz parte do processo existencial divino. É Deus que vive, se movimenta e caminha seu próprio caminho. O ser humano participa disso. Porém, como se pode provar? A maneira mais contundente, para explicar o objetivo da existência humana, talvez seja a comparação com a rede fluvial do Planeta. Cada nascente despeja suas águas, através de riacho, pequenos filetes ou caudalosos rios, todas no mar. Enquanto percorrem as distâncias que lhes compete, vão cumprindo um ritual e uma missão. Sua última finalidade é chegar ao mar para alimentá-lo com a própria vida. Ao longo do caminho vão realizando, pequenos ou grandes feitos, por exemplo, umedecer à terra para que outras formas de vida cresçam e produzam frutos; matar a sede de outros seres vivos; promover a limpeza para garantir a saúde da Terra; diluir elementos químicos para fins medicamentosos e alimentares, entre infinitos outros. O mais importante é caminhar rumo ao mar, para alimentá-lo. Essa é a sua finalidade maior. Mesmo que encontre obstáculos, não pode parar. Se isso acontecer ficam estagnadas, enferrujam, apodrecem e morrem sem cumprir sua missão. Dessa mesma forma, o ser humano brota de uma nascente e tem como finalidade desembocar em Deus, que é o mar. O processo é o mesmo. Imaginemos que tudo é mar e que existem porções de terras que imergem desse oceano e que a própria água do mar necessita dar vida a essa terra, mas que seria contra producente se ela mesmo o fizesse, por isso, permite que parte de si 145
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se transforme em água doce e percorra um itinerário previamente estabelecido, partindo de uma fonte, para percorrer e alimentar à terra e, cumprida sua missão, volta feliz para o início, que é o seu lugar. Da mesma forma que a água, o homem precisa caminhar, percorrer o trecho, não parar na beira do caminho para não estagnar, enferrujar e morrer antes de cumprir a missão. O cumprimento da missão se realiza com o homem total. É o corpo e a alma que se propõem a cumprir seu destino e dirigir-se a Deus, alimentando sua obra pelo caminho. Todos os homens, necessariamente se orientam na direção de Deus, fazendo o seu próprio leito, superando obstáculos e mantendo-se fiéis ao direcionamento proposto. Vão caminhando, da melhor maneira que podem para seu fim último, o Mar Divino. Essa grandeza do homem o torna nobre. E a sua nobreza de corpo e alma lhe garantem a felicidade eterna, diluídos em Deus.
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LXVI SESSENTA E SEIS
A INTUIÇÃO RESPONDENDO PARA A RAZÃO
Ontem fui abordado por um senhor, de aparência bastante simples, humilde, mas de uma inteligência viva e bem aguçada. Como auto didata, demonstrava um vasto e profundo conhecimento e muita cultura. Tinha excelente domínio da gramática, fazia, com certa perfeição, a concordância de pronomes, substantivos e verbos, frases e períodos. Era de uma fluência invejável. Depois de inúmeras palavras de elogios a minha pessoa, fez a pergunta que o levou a procurar-me.
— Professor, — disse, com ar de muito respeito e admiração, — “me falaram que o senhor é um grande filósofo. Pois bem, quero que me responda com toda sinceridade, O que é a morte? E porquê morremos?”. Num primeiro momento fiquei completamente perplexo com a profundidade da pergunta e seu oportunismo. Após pensar por alguns breves segundos, tomei a mesma atitude que tomaria Sócrates diante de um fato como esse. Lhe devolvi a pergunta reformulada: — O que é a morte para o senhor? Então ele começou falar de forma descontraída, clara e objetiva: — “Minha inteligência é muito pequena para compreender o grande mistério que envolve o significado da morte. Tenho para mim que é o rompimento de um processo, o limite de uma trajetória, o interromper de uma caminhada, o selo da construção de um projeto, a porta de entrada par uma nova dimensão, a porteira aberta para a derradeira e definitiva morada”. Fiquei completamente sem fala. Então ele continuou: — Na minha modesta concepção, o significado real da morte é o desligamento de nossa existência consciente para passarmos ao estado de espírito perfeito. Penso que a morte não se realiza num momento único. Ela vai acontecendo ao longo de nossa existência. A cada dia morremos um pouco, até completar o ciclo 147
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pré estabelecido pela natureza. — Na sua forma de entender, qual o objetivo, a finalidade da morte? — perguntei. — Um dia sonhei que dois anjos pararam na soleira de minha janela e um deles disse-me: “não se preocupe em saber porque se morre, nem o que é a morte, pois o mais importante e necessário é saber como se vive e o que é viver, porque nunca morrerá, quem nunca viveu?”. Então compreendi que existem alguns questionamentos que são menos importantes que outros. Na prática, isso significa que a morte é apenas uma questão de detalhe. Embora uma fatalidade intransferível ela acontecerá em algum momento de nossa existência, sem que possamos detê-la. Apertei a mão calejada daquele homem e agradeci-lhe pela belíssima mensagem que me transmitiu sem que eu lhe pedisse. Ele me olhou com profundidade e arrematou com tranquilidade. — Construímos a vida, como uma grande obra que servirá de base para o repouso do espírito quando nosso corpo experimentar a dramática “passagem desta para a outra”. Se utilizarmos uma argamassa feita de ódio, vingança, inveja e injustiças, pode ser que a construção comece ruir e não haja nem morte no final. Mas, ao contrário, se utilizarmos uma argamassa de amor, perdão, amizade, compreensão e respeito, certamente nossa vida estará construída de forma a suportar a morte e efetivar a passagem necessária para a eterna felicidade. Essa foi a intuição respondendo para a razão.
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LXVII SESSENTA E SETE
UMA LUZ NO FUNDO DO TÚNEL
Vezes há que pensamos não haver mais possibilidade de controle sobre a situação. Principalmente no que se refere à correria do nosso dia-a-dia. O cerco vai se fechando tanto, que concluímos não mais ter saída. Temos vontade de sentar em um canto da casa ou sobre uma pedra no jardim e não nos levantarmos mais para nada ou vontade de sair pelo mundo sem rumo e sem precisar voltar nunca mais. Ou ainda, de agredir todo mundo que encontrarmos pela frente. Esse é um sinal evidente de que estamos mergulhando no lago profundo do estresse. Uma pessoa estressada é capaz de realizar coisas inimagináveis, como, por exemplo, “dar coice na própria sombra”. Quando as lágrimas começam a aflorar sem que possamos evitar e somos constantemente atacados por pensamentos pessimistas, fantasias macabras, inventamos doenças que não existem, somos atacados por uma tristeza imensa, um medo inexplicável do desconhecido e, até mesmo, do que conhecemos. Quando nos sentimos fracos, impossibilitado de agir, sem vontade para coisa alguma, apático e passamos a imaginar que jamais sairemos de tal situação, isso significa que estamos mergulhando em outro mar tenebroso, o oceano da depressão. A isso se chega, quando não conseguimos nos desligar dos momentos mais fortes de nossa vida. O exemplo mais corriqueiro é trabalho. Ser humano algum aguenta ficar “plugado” ininterruptamente ao trabalho. Começa aos poucos, trazendo algum trabalho para a hora sagrada do lazer, do descanso, do convívio social com a família e amigos. Primeiro traz uma ou duas pastas. Depois traz o fichário todo, até que acaba trazendo a empresa. Aí não se distingue mais o que é trabalho e o que é espaço privado para o descanso. Tudo vira a mesma coisa. Então acontece o esperado. O trabalho, a empresa, o produto o lucro cresce vertiginosamente e permanecem por tempo indeterminado cumprindo sua finalidade, enquanto isso o ser humano que os criou e os produziu definha irremediavelmente até o desfalecimento. 149
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Agora estamos nos aproximando de um tempo favorável para arrumar a vida. O encerramento do ano civil é um fator motivacional importante, para se fazer um balanço, uma revisão de vida e se estabeleça novos propósitos e metas para recomeçar um novo tempo. Mas para isso é necessário coragem. Existem muitas coisas inúteis em nossa vida, que precisamos lhes dar outro destino ou joga-las fora definitivamente. A maior parte do tempo nos preocupamos com coisas, muitas vezes, desnecessárias para vivermos bem. Para ter uma vida de qualidade é necessário eliminar todos os possíveis focos de descontrole emocional, estresse, depressão e tantos outros problemas de saúde, tanto física como mental ou espiritual. É questão de começar trabalhar, primeiramente o auto perdão e o amor a si mesmo, depois o perdão e o amor ao próximo e, então iniciar um relacionamento sustentável com o trabalho, a natureza e os outros seres vivos. Mas a luz que existe no fundo do túnel, para cada pessoa que se descobre viva, é o relacionamento ativo com seu próprio organismo. Às vezes tenho vontade introduzir na cabeça das pessoas, (como já experimentei isso), que podemos administrar, de tal forma nossa consciência e nossa vontade, que seremos capazes de ser totalmente felizes. Isso não é ficção é real. Quantas vezes, em minha vida, já fiz limpeza intravenosa, com sabão e palha de aço, sem deixar de fazer minha revisão médica e exames laboratoriais necessários, para prevenir o coração. Para viver melhor é necessário cuidar bem de si, do próprio corpo, da alma, dos projetos, dos sonhos e dos entes queridos. Dezembro chegou. Pare, olhe-se, escute-se e, estando pronto, siga para um novo janeiro, curado, alegre e feliz.
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LXVIII SESSENTA E OITO
CONSCIÊNCIA E ÉTICA NO TRABALHO
Todo trabalho, dependendo ao fim que se propõem, torna honrado e digno o homem que o realiza. O grau de consciência do trabalhador, em relação à tarefa que executa é que lhe garantira a satisfação plena, ao ver sua obra realizada. Os princípios éticos que regulam as ações laborais, quando aplicados ao trabalho, permitem que o trabalhador atinja o mais elevado patamar de dignidade e felicidade. Ao contrário, porém, se o trabalho não tem a devida e clara consciência por parte de quem o executa, nem a ética mínima e necessária, torna o homem rançoso, insociável e preguiçoso. Existe o perigo, também, de o homem, sem consciência e sem ética, exercer alguma atividade ilícita, imoral e inadequada à sua índole. É prudente notar que a ação engendrada pelo trabalhador pode ser livre, executada por sua própria vontade, ou imposta, quando será exercida em decorrência de uma necessidade maior e premente.
A propósito do trabalho consciente e ético, quero citar um exemplo que me ocorreu recentemente, lá no mato, em um pequeno sítio da família, onde tive a oportunidade de observar três tico-ticos numa incansável correria, para alimentar um filhote de chupim. O “danado” do filhote era duas vezes maior do que os pobres pássaros que o alimentavam e gritava desesperadamente enquanto, os pais adotivos, não chegavam com o alimento. O malandro, já empenado e forte, continuava usufruindo da dedicação e presteza dos pássaros trabalhadores honestos. Na tentativa de explicar aquele fenômeno, lembrei-me das histórias contadas por pessoas mais antigas. Diziam que os chupins, para não terem o trabalho de cuidar, alimentar e acompanhar os filhotes, utilizam uma tática curiosa e malandra, procuram, sem nenhum princípio ético nem constrangimento de consciência, botar seus ovos nos pequenos ninhos dos tico-ticos. E estes, sem o mínimo de consciência, acreditando que os ovos eram seus, cuidavam com todo zelo que lhes era peculiar, até que os filhotes voassem sem perigo. Enquanto isso os chupins, despreocupados, podiam seguir pela vida afora, gozando dos longos voos, das belas 151
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paisagens e da farta alimentação que encontravam nos campos de arroz, enquanto os pobres tico-ticos, enganados, ludibriados, escravizados, gastavam o precioso tempo de sua vida e um excesso de energia para trabalhar de graça, como “babás”, em benefício dos preguiçosos chupins. Há uma lição que podemos tirar desse fato, pois assim também acontece na vida dos homens. Existem homens chupins e homens tico-tico. Basta olhar mais detalhadamente para enxergar quantos vivem como chupins, gozando a vida do bom e do melhor e enriquecendo aceleradamente, sem o mínimo de esforço e sem ter que dar nenhuma explicação, enquanto outros fazem os trabalhos que lhes competiria fazer, com muito pouco reconhecimento. Existem tantos homens e mulheres chupins, que não se dão nem ao luxo de “chocar”, quanto mais acompanhar, educar e alimentar os próprios filhos. Nosso mundo está cheio de chupins que, de quando em quando, veem em revoada, e tomam os ninhos dos tico-ticos e, botando ali seus ovos, exigem que estes choquem e cuidem de seus filhos até que estejam prontos para enfrentar o mundo. Por outro lado, o que é salutar, temos uma abundância de tico-ticos que, despretensiosamente, trabalham e são o orgulho de nossa Nação. É uma pena que criem tantos outros chupins. Mas essa é a lei do trabalho. A esperança é de que um dia todos tomem consciência, mesmo sendo chupins e, seguindo o caminho da ética e da consciência, tomem sobre si a responsabilidade do trabalho que é uma das mais sagradas vocações do homem. E o serviço desinteressado trará a riqueza e todos os bons compatíveis com a dignidade humana. Somente com o trabalho consciente, digno e honesto o mundo será melhor.
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LXIX SESSENTA E NOVE
O MISTÉRIO DO NATAL
A raça dos seres humanos que vivem sobre a Terra tem, comprovadamente, três histórias distintas. Uma pagã, que se refere ao tempo cronológico de sua existência, contada por homens através de relatos, comprovações filosóficas, científicas, registrada em anais, livros, enciclopédia e obras literárias. Outra sagrada, religiosa, que conta sua caminhada e relação com Deus, escrita pelo homem sob inspiração divina, registrada nos livros das Sagradas Escrituras. E a terceira é a história pessoal de cada um, contada pela sociedade, conforme a importância do indivíduo e registrada através de documentação em cartório, escolas, profissões, árvore genealógica e por sua participação na vida pública.
Dentro de sua própria história, o povo, ou o indivíduo em seu tempo, tem sempre a esperança de conquistar “um lugar melhor ao sol”. É o seu sonho, que, no fundo, é o mais sagrado desejo de viver eternamente ser plenamente feliz. Em diferentes tempos, sempre houve momentos fortes que marcaram a trajetória humana, em qualquer uma de suas histórias. Na história profana criaram as armas, os meios de transporte e os meios de comunicação. No transporte foram tão perfeitos que chegaram voar para encurtar distâncias e alcançar lugares, que pareciam impossíveis, como o espaço, a lua e os planetas. Na comunicação conseguiram “globalizar” a Terra para trocar informações em frações de segundos. Na história sagrada a esperança dos povos centralizou-se num simples menino que nasceu numa manjedoura e se colocou como ponto de contradição entre os poderosos. Resgatou as pessoas da morte, sarou-os de suas feridas profundas, lhes devolveu a dignidade e mostrou como se respeita e se ama o ser humano. Revelou o significado do perdão e fez demonstrações práticas de como se deve perdoar. Sem demagogia, apresentou uma nova forma de vida, colocando-se como o mais seguro caminho para ser feliz. Provou que o orgulho, a vaidade, a inveja, a insensatez, a prepotência, o ciúme, a preguiça, a mentira, a vingança, a desonestidade, volúpia, a imoralidade, a injustiça, a ganância, a incoerência 153
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e o poder despótico não levam a nada. Ao contrário, levam ao afastamento do bem, da verdade e da felicidade. Esse Menino Deus, que foi um ponto de contradição, respeitou a história profana, significou a sagrada e valorizou a pessoal de todos os seres humanos. Para os homens ele disse que cada uma precisa construir seu próprio caminho e que sua estrada e que sua caminhada exige esforço, dedicação constante, muita luta, grande trabalho e muita persistência. Mas a vontade de vencer fará superar os maiores obstáculos, as maiores cruzes e determinará o dia de sua ressurreição. Natal é o aniversário desse nosso Menino Deus e também o aniversário do homem novo, resgatado por Ele, no tempo certo. Esse é o mistério do Natal de Jesus Cristo que também, é natal de toda criatura cristã.
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LXX SETENTA
UM POUCO DE PROFECIA PARA O ANO BOM
O ano de 2005 é a chave da porta de entrada para as grandes mudanças essenciais no Mundo pós moderno, nas dimensões sociais, políticas e religiosas. Trata-se do início de uma nova etapa na construção da história da humanidade. É o verdadeiro início do terceiro milênio. O Nascimento de Jesus Cristo completa, de fato, dois mil anos. Os dois milênios passados, desde seu nascimento, foi o período suficiente para o homem estudar, amadurecer seu pensamento e, agora, poder experimentar novas leis de caracteres universais. Os portões do tempo, que foi de preparação, serão fechados dia 31 de dezembro de 2004 e abrir-se-ão os portais da maturidade e perfeição, a partir do dia primeiro de janeiro de 2005. É o império do conhecimento e a regência da verdade. A morte prematura de um líder mundial, nas primeiras décadas da segunda metade do Século passado, aconteceu porque o tempo não estava completo ainda e o mundo não se achava preparado para o impacto das transformações. Por isso foi preferível a morte do Profeta dos tempos contemporâneos. Agora a hora se completou. O Mundo está preparado e quem não estiver, sofrerá as dores da maiêutica. Grandes enigmas serão resolvidos. Segredos guardados a sete chaves serão reveladas. Haverá quebra de paradigmas e os responsáveis pelo mundo, (políticos, sociais e religiosos), terão que sair de sua zona de conforto, romper os horizontes e dar as palmas às palmatórias. Os líderes apanharão até aprenderem o que é democracia e qual é a vontade divina sobre a humanidade. Ser líder é assumir o compromisso com a ética, com a verdade e com a justiça. Quem responder ao chamamento para exercer uma função de liderança e não responder todas as suas prerrogativas, sofrerá na carne, até a morte, as consequências de sua insubordinação. E, não há como se esconder atrás de falcatruas ou mentiras bem boladas. Tudo estará as claras sob os olhos da sabedoria. Uma das maiores instituições religiosas do mundo passará por grandes e significativas mudanças estruturais. Haverá o passamento de um dos maiores líderes mundiais, o que ocasionará 155
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um abalo social e religioso de grandes proporções. Mas nascerá o grande profeta do início do milênio, que porá ordem na casa e promoverá a abertura esperada por tantos séculos. A humanidade deverá iniciar um tempo bastante doloroso de readaptação. A família será o berço de reconstrução do homem. Somente ela poderá reerguer o indivíduo caído pelo vício e mutilado pela dependência química, também devolverá a autoestima perdida. Somente ela poderá curar as dolorosas feridas provocadas pela solidão, pelo estresse e pela depressão que pesam sobre os ombros das pessoas debilitadas, frutos de um materialismo selvagem e da ganância de uns poucos sobre a desgraça de muitos. A passagem de um tempo antigo, desgastado, para um tempo moderno, reconstruído, caracteriza-se como a marca de renovação proposta por Jesus Cristo. Ele não apressou o tempo. Permitiu que fluísse naturalmente. Ele não tinha pressa. Deu liberdade para que cada um construísse sua própria morada e a equipasse com as virtudes necessárias. Porém, agora o tempo urge. Findou a era. Agoniza dois mil e quatro e beira o nascimento de dois mil e cinco. Seremos muitíssimos felizes no ano do recomeço milenar. Com um pouquinho de humildade, estaremos abertos para o novo. A felicidade baterá em nossa porta e, finalmente, deixá-la-emos entrar e ela estará conosco e estaremos plenamente satisfeitos de espírito, porque a paz reinará em nossos corações.
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LXXI SETENTA E UM
AGORA É A HORA CERTA
Para começar bem o Ano Novo é necessário estar de espírito renovado, de bem com a vida, com o mundo e com os semelhantes. A melhor forma para reformar o espírito é seguir uma ordem hierárquica de valores pessoais intrínsecos.
O primeiro deles é o acolhimento. Quem acolhe a si mesmo assim como é, não terá dificuldades em acolher, também o semelhante, assim como é. O segundo é o respeito. Quem respeita a si mesmo, não terá dificuldade em respeitar o próximo. O terceiro é o perdão. Quem perdoa a si mesmo, com facilidade perdoará o irmão. O quarto é o amor. Quem ama a si mesmo, com certeza amará, também, os outros. O quinto é a valorização. Quem dá o devido valor à própria pessoa e aos próprios bens, valorizará a pessoa e os bens dos outros. O sexto é o otimismo. Quem é otimista em relação aos sonhos e projetos que tem, será uma luz que iluminará os semelhantes também em seus projetos e sonhos. O sétimo é a perseverança. Quem é perseverante acaba tornando-se exemplo a outras pessoas. Estes sete valores internos, podem ser concebidos, individualmente, como virtude, ou força interior, que nos motivam. Cada um deles é um leque fechado que, de acordo com nossa vontade, poderá abrir-se em inúmeros outros, oferecendo-nos infinitas oportunidades de sermos melhores e mais felizes. Assim, quem começar o ano com o “pé direito”, isto é, de maneira certa, terá grande êxito em seus empreendimentos pessoais, familiares e sociais e alcançará o sucesso, brilhará como estrela e sentir-se-á realizado. Dois mil e cinco poderá ser o ano de sua vida. Tudo, porém, 157
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está em suas mãos. Seja você mesmo, pois a autenticidade é o selo de garantia de sua qualidade de vida e da intensidade de sua doação. Agora é a hora, bem certa, de pôr o pé na estrada, lançar-se na caminhada com a esperança e a certeza de atingir a metas e chegar a bom termo. Feliz Ano Novo, pleno de sucesso e imensas realizações! Que sejamos cada vez melhores, cada dia mais santos e mais felizes.
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LXXII SETENTA E DOIS
NOSSA CONTRAPARTIDA
A maior façanha empreendida por alguns ser humanos, em sua vida, neste Planeta, é o fato de conseguirem fugir, desviar ou passar ilesos por alguma fatalidade, mesmo sem saber quando, onde e como ela aconteça. Toda catástrofe provocada por falha humana ou pela lei da natureza, sempre pega alguém desprevenido e lhe traz consequências imprevisíveis. Estamos em tempos de ajuste e reajuste da Terra. É preciso estar atento com as ocorrências de terremotos, maremotos, tornados, vulcões e outros fatos provocados por mudanças atmosféricas repentinas, abalos sísmicos ou alguma outra ação geológica.
A ciência, a engenharia e as modernas técnicas de segurança, geralmente, são impotentes. Não por incapacidade ou culpabilidade. Os fenômenos provocam efeitos nem sempre previstos e, em geral, de maiores proporções que as possibilidades de controle da moderna tecnologia. O homem se torna vulnerável frente a qualquer acontecimento que extrapole seus limites normais. Então, o que fazer? Onde buscar socorro? A quem recorrer? Onde se esconder em caso de grande perigo? Como prever que algo irá acontecer nos próximos minutos? Resta-nos a esperança de não sermos atingidos por nenhuma fatalidade e a fé de que teremos a proteção devida na hora exata. Resta-nos, ainda, uma alternativa que, talvez, seja a mais segura. Poderemos nos preparar de uma forma mais concreta e realista, para tudo o que possa ocorrer imprevistamente. O primeiro passo é estar sempre pronto, de consciência tranquila, de bem com a vida e com o mundo. Em harmonia com a natureza e com os animais. Viver cada instante, como se já fosse o derradeiro. Isso não implica em viver mal ou renunciar a todos os prazeres lícitos da vida. Viver bem é estar pronto em cada circunstância que se encontre. Em seguida começar comunicar-se efetivamente com o mun159
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do que nos rodeia. Saber ouvir o universo, a flora, a fauna, os minerais, os fenômenos da natureza e os seres humanos, nossos semelhantes. Quem aprender ouvir, conhecerá grande parte dos perigos que se aproximam. Depois acolher, perdoar, respeitar e amar as pessoas com as quais convivemos ou encontramos esporadicamente. O ato de perdoar e pedir perdão é a mais sublime demonstração de amor e afeto. Finalmente, acreditar em si e em Deus, pois somente Ele pode contornar qualquer situação, resolver todos os problemas e mudar o rumo da natureza em nosso benefício. E não esqueçamos que, qualquer ação divina ou da natureza acontecem na proporção da participação humana. Portanto, viver melhor e com segurança depende de nós, está em nossas mãos e constitui-se na melhor e mais eficiente contrapartida de nossa parte.
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LXXIII SETENTA E TRÊS
CARNAVAL, UMA FOLIA LIBERTÁRIA
Para entender o significado e o objetivo do carnaval, é preciso entender o homem na sua estruturação psicossomática. Todo o ser racional compõe-se de estrutura psicológica hermética, que comporta uma quantidade limitada de problemas, transtornos e traumas, com influência direta em sua estruturação somática. Ultrapassado o limite emocional, o homem poderá explodir em atos, ações e atitudes fora da normalidade. Essa estrutura emocional pode ser equiparada a um balão de borracha que, aos poucos, vai se enchendo de ar. Se o ar continuar sendo introduzido e não houver uma forma de esvaziamento, fatalmente estourará.
Esse complexo organismo psicossomático do ser humano, ao final de um certo período de atividade intensa, torna-se um verdadeiro barril de pólvora, prestes a explodir. Qualquer fagulha, — seja uma desavença familiar, um problema de trabalho, uma decepção no relacionamento social ou amoroso, uma perda, etc. —, poderá detoná-lo. A explosão de uma pessoa emocionalmente “carregada” provoca consequências imprevisíveis. Por isso torna-se de vital importância a existência de algum dispositivo de descarga, para o extravasamento, pelo menos de alguma parte de seu conteúdo, para evitar que aconteça o pior. Os seres humanos precisam extravasar seus problemas. Assim explica-se a existência do carnaval, uma festa folclórica, durante a qual se realiza a folia, ou seja, o relaxamento das normas duras aplicadas em tempo diverso, provocando nos participantes uma eclosão de seus recalques. São três dias, onde os foliões que participam diretamente, através de danças, cantos, trejeitos e muito samba, vestidos de forma diversa do habitual e com indumentária própria, relaxam e deixam “escorrer” pelas valetas as coisas torpes acumuladas durante o ano inteiro. E, indiretamente, todo o Brasil participa. Uma pequena quantidade de foliões faz a festa e a Nação inteira é envolvida. Alguns com trabalho nos preparativos, outros com serviços de atendimento direto aos participantes e outros como espectadores e telespectadores. Dessa forma o clima do carnaval para o Brasil alguns dias 161
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que o antecedem, durante sua realização e mais alguns dias depois do carnaval. Só então as coisas voltam ao normal. Já é comum ouvir-se a expressão, “depois do carnaval” A grande pedida é que o carnaval seja uma festa sadia, limpa, sem drogas, sem violência física e sexual, onde possa rolar somente o amor. Oxalá! seja, essa festa da carne, a possibilidade de libertação do espírito e a conquista do equilíbrio emocional através do encontro de pessoas que querem e precisam se divertir. E, livres dos problemas e dos males, o ser humano poderá ser plenamente feliz.
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LXXIV SETENTA E QUATRO
PARA EDUCAR É NECESSÁRIO AMAR
O ser humano é uma criatura frágil e complexa. Mas, também, a maior, a mais completa e perfeita de toda a criação. Uma obra de arte, um espetáculo, um mistério, um milagre. Se existe milagre sobre a Terra é a vida humana. Dotado de uma inteligência tão importante e poderosa, como o próprio espirito, é a intelectualidade humana. Todo o complexo racional possui compartimentos que formam um verdadeiro laboratório de criação, análises e guarda de impressões. Sua memória, sem limites, capaz de armazenar quantidades infinitas informações e dados, eleva o homem à categoria de ser pensante, a marca que os distingue das outras criaturas. O pensamento humano, porém, precisa ser educado para ser correto e aperfeiçoado. A educação é a mais importante e necessária forma de aprimoramento do pensamento. Possibilita crescimento intelectual e o desenvolvimento de habilidades profissionais através da inteligência e da vontade, que torna o homem um ser de pensamentos claros, decididos, fortes, entusiásticos, progressistas, críticos e corajosos. Essa desenvoltura humana é impingida e burilada nos bancos escolares. A escola, como prolongamento da família, ainda é, o segundo maior e melhor fator de formação de caráter para as pessoas. O primeiro é a família Na educação formal, três elementos são essenciais, o professor com seu cabedal de conhecimento; o aluno com sua curiosidade intelectual e a escola com os recursos mínimos necessários. Contudo, a chave de todo o processo educacional é o professor. Por ele passa o conteúdo programático organizado e a prática do saber e da cidadania. O professor inserido na questão da educação, ao mesmo tempo que ensina, é também, modelo de vida para seus alunos, assim como são seus pais. Está se iniciando em todo o Brasil o ano letivo, pelo menos na maioria das escolas de curso fundamental e médio. Como é gratificante ver os alunos, uniformizados e ávidos pela necessidade do conhecimento, retornando às suas escolas. E os professores, bem preparados, cultos, equilibrados, imparciais, críticos, ami163
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gos, com seus conteúdos e material de apoio em dia, também ávidos e eufóricos por ensinar e ser exemplo. As escolas, antecipadamente preparadas, um ambiente gostoso, arejado, “limpinho”, agradável e bem equipado, onde os servidores trabalharam com amor para propiciar um lugar que seja o prolongamento do lar dos alunos, afinal a escola foi construída para eles. A harmonia das cores, o aroma das flores plantadas ao redor do pavilhão. As cores das bandeiras e o sorriso sincero e cativante dos profissionais de apoio recepcionando os alunos. Tudo isso pode criar o clima desejável e propício para que o pensamento humano seja educado, porém, o processo tornar-se-á perfeito e o homem completo, se houver, entre todos, o verdadeiro amor. Somente educa que verdadeiramente ama.
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LXXV SETENTA E CINCO
ESPIRITUALIDADE E VIDA
A vida espiritual, como característica essencial do ser humano, é individual, pessoal e intransferível. É uma característica própria e inerente ao homem, que o distingue das demais criaturas e o eleva à condição de filho de Deus e, como tal, recebe a prerrogativa da unidade e da eternidade. Unidade o classifica como único e eternidade como imortal, eterno. A virtude da espiritualidade é conferida ao homem através do batismo de água, de fogo, de sangue ou de desejo.
Espiritualidade é parte sine qua non da natureza humana. Ela não pode ser distinta de outros aspectos da existência humana. Esse é o erro de grande parte dos homens, querer separar a espiritualidade das outras realidades que os compõem. Ela permeia o ser, o inebria, o lubrifica e o ilumina, além de o alimentá-lo com os valores necessários para o verdadeiro significado de sua existência. É preciso entender a própria origem e a forma de estruturação do ser. Entender que o homem faz parte de existência divina, que é espiritual e, compreender que a espiritualidade é a essência da vida humana. Essa dimensão implica na constatação de que o homem é parte de Deus, ou seja, é sua “imagem e semelhança”, como unidade espiritual. A espiritualidade é a vida a que o homem é chamado por Deus. É como se ele fosse uma criança abandonada e alguém, passando por ele, o chamasse e dissesse, a partir de agora você será meu filho e terá direito a tudo o que tenho e sou. Você não só herdará meu nome, como também minha personalidade, meu espirito e meu reino e, a partir daquele momento, passa-se de filho de ninguém a filho de alguém. Esse é mais importante chamado de Deus para as criaturas. É o chamado à vida. Então pode-se entender que a vida para ser completa deve fundir os dois aspectos essenciais a espiritualidade e materialidade. O homem deve responder ao chamamento divino alimentando sua espiritualidade, com oração, meditação, reflexão e outras práticas 165
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que alimentem o espirito. A espiritualidade deve ter como motivo, não o fato de agradar aos outros, mas de servir a Deus e ao próximo, com a intenção de descobrir a verdadeira felicidade. E, para motivar isso, nada melhor que uma afirmação simples, porém poderosa, “estou cada dia melhor e mais santo”.
...para a eternidade!
LXXVI SETENTA E SEIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não foi pretensão minha, querer que todo mundo que venha ler estes textos, mude seu pensamento. Ele em si, continua o mesmo, que pode e deve ser mudado é a forma de pensar. Pensar melhor para viver melhor. Pensar bem e corretamente, para viver bem e corretamente. Talvez tenha acertado em sua expressão o grande filósofo Descartes quando disse: “Penso, logo existo”. É possível que essa expressão “existo”, além de viver no sentido exato, tenha, também a conotação de “vivo e sou feliz”. Se o correto pensar me faz viver, melhor ainda me fará ser feliz.
Assim, minha única pretensão e vontade mesmo, é que cada um de meus leitores, seja verdadeiramente feliz e livre de qualquer sofrimento e dor, pois: “EU AMO VOCÊ”.
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Certidão de Nascimento.
...para a eternidade!
Certidão de batismo. Amani foi batizado com o nome “Amani Antônio”. 169
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Lembrança de Crisma. 04/08/1962.
...para a eternidade!
Amani, bisavó paterna Lupercinda, mãe: Maria de Lourdes Spachinski de Oliveira com Leila no colo, pai Rozendo Mendes de Oliveira.
Maria de Lourdes Spachinski de Oliveira e filho Amani Spachinski de Oliveira. 171
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Amani - trabalho mecânica em Guarapuava.
...para a eternidade!
Amani - foto para ordenação sacerdotal 173
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Amani no Seminário São José em Ponta Grossa (PR).
Ordenação de Padre em Guarapuava Amani, seus pais e bispo diocesano Dom Frederico Helmel.
Ordenação sacerdotal: Amani e seu pai.
...para a eternidade!
Amani Padre em Pitanga - Paraná 175
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Convite de ordenação com seu amigo Honorato.
...para a eternidade!
Amani Padre. 177
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...para a eternidade!
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...para a eternidade!
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Certidão de Matrimônio - Rita e Amani na Catedral São José em 14/01/2000.
...para a eternidade!
Certidão de Casamento de Rita e Amani, no Civil, em 14/01/1983. 183
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Casamento Civil: Amani e Rita de Cassia em 15/01/1983 e seus pais.
Casamento igreja : Amani e Rita de Cassia em 14/01/2000.
...para a eternidade!
Família: Amani Spachinski de Oliveira, Rita de Cassia Cartelli de Oliveira, Victor de Neri Oliveira e Vinícius Emanuel Oliveira. 185
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Túlio Vargas e Amani - Fundação e Posse na Academia Mourãoense de Letras (AML).
...para a eternidade!
Lançamento livro em Curitiba: As Luvas do Capitão Gancho.
Amani em evento da AML.
Amani declamando o Grito em evento da AML (2014). 187
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Amani e amigos Samuel Kozelinski e Gilson Mendes de Gois.
Amani e amigo Jair Elias, em evento de confraternização da AML. 2014.
...para a eternidade!
Amani Desfile 07 de setembro em homenagem ao Turismo Religioso e Rota da Fé. 189
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Amani e amigo Ruben Moyano.
...para a eternidade!
50 anos do Colégio Rondon: Amani e Rita de Cassia - homenagem a Professora Leoni Prado Andrade e Dr Manoel de Andrade.
Amani e queridos amigos: Clotilde e Assabido Rhoden.
Encontro de amigos: Amani, Joani Teixeira e Agenor Krul. 191
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Em 2010, Amani foi eleito para compor o Centro de Letras do Paraná, entidade centenária em Curitiba (PR), que reúne escritores paranaenses.
...para a eternidade!
Posse no Centro de Letras do Paraná com filho Vinícius e esposa Rita.
Desembagador Luis Renato Pedroso, presidente do Centro de Letras do Paraná; Amani; Antônio Sena, ex-prefeito de Goioerê e também empossado no Centro de Letras de Letras; e o historiador Jair Elias.
Recebendo o diploma das mãos de Luís Renato Pedroso, presidente do Centro de Letras do Paraná.
Em 2010, Amani recebeu o Título do Mérito Comunitário, concedido pela Câmara de Vereadores. A homenagem foi proposta pelo vereador José Pochapski. Do lado de Amani, o vereador Beto Voidelo.
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Poesia do filho Victor.
...para a eternidade!
Poesia do filho Vinícius. 195
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Amani e sua mãe
Amani com neto Miguel e filho Victor.
...para a eternidade!
Filhos Vinícius e Victor.
Netos e filho: Victor, Miguel e Nicolas. 197
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Vinícius - filho.
Amani e filho Vinícius.
Amani e filho.
...para a eternidade!
Amani em Barcelona - Igreja Sagrada Família. 199
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Amani, esposa e netos.
...para a eternidade!
Amani e neto Nícolas. 201
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Amani lendo para os netos Miguel e Nicolas.
Amani com os netos Nicolas e Miguel.
Amani e netos.
...para a eternidade!
Rita e Amani com os netos.
Miguel e Nicolas. 203
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Agradecimento pelo apoio a Rota da Fé.
...para a eternidade!
14 de novembro de 2015, confraternização da Academia Mourãoense de Letras, da Associação Mourãoense dos Escritores e da Associação dos Escritores Mirins. Foi o último evento de Amani. Uma despedida sem ser notada. Nessa noite, estava radiante e alegre. Por duas vezes fez discursos, uma espécie de prestação de contas e de gratidão pela vida. Poeta, escritor, filósofo, incentivador das letras, da cultura, da cidadania, dos valores humanos. Amani não morreu, pois, as sementes por ele lançadas em toda sua vida continuará germinando, florescendo, gerando frutos, seu grito de libertação continuará ecoando no coração de todos os que o conheceram.
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...para a eternidade!
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Com o amigo escritor Osvaldo Broza, que o levou para casa após a confraternização.
Com Aparecida Ceola Ribeiro e Dalva Helena de Medeiros.
...para a eternidade!
Carta de admiração dos amigos Clineu e Mitica.
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...para a eternidade!
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[...] A precipitar-se no seio da minha vida Bateu a morte, com firmeza, na porta Querendo fazer-se de bonita donzela Eu olhava, displicente, a beleza da vida Absorto pelos vitrais da janela A morte, desta vez, errou sua hora Encabulada, nem me encarar ela quis E, sem perder a soberba, foi-se embora Me vi absolutamente vivo e feliz.
...para a eternidade!
...POR TODA
ETERNIDADE!
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Anexos Referência especial ao amado Amani Spachinski de Oliveira, cito algumas fontes para que o conheçam melhor: http://www.webartigos.com/authors/5350/Amani-Spachinski-de-Oliveira http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_escritores_d0028_ aspachinski.html http://www.patio.com.br/5inco/Amani%20Spachinski%20de%20 Oliveira.html http://www.academiacm.org.br/academicos/amani-spachinski-de-oliveira e também o blog do http://ilivaldoduarte.blogspot.com. br/2011/02/nascido-no-municipio-de-pinhao-estado.html
...para a eternidade!
Refiro-me a pessoa que convivi durante trinta e três anos, esposo, pai, amigo, padre, professor, filósofo, escritor, ensaísta, conferencista, poeta e em seus últimos 17 anos um homem dedicado à leitura, escrita, palestras e apoio as pessoas que sempre o procuravam, além de honrar com suas ações espirituais. Deixou marcada a sua trajetória literária e espiritual pela Associação Mourãoense de Escritores (AME), Academia Mourãoense de Letras, Academia Mourãoense de Filosofia, Academia Virtual Brasileira de Letras, Academia Literária da Língua Portuguesa, Centro de Letras do Paraná, Fundação São José de Ciência Humanas e Religiosas, Rota da Fé e o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Caminho de Peabiru na Região de Campo Mourão (NECAPECAM), entre outras e um carinho especial pela AMEM (Associação Mourãoense de Letras Mirim). Amani nasceu em 26 de maio de 1952, cidade de Pinhão, Paraná – Brasil, filho de Rozendo Mendes de Oliveira e Maria de Lourdes Spachinski de Oliveira, cumpriu o seu lema: SERVIR, TODOS, SEMPRE de forma ímpar, pois de uma família humilde, pai carpinteiro e mãe do lar, dois irmãos e três irmãs, pessoas bondosas, humildes e sábias. Amani iniciou ainda criança em seus trabalhos, ajudava seu pai em obras de construção, trabalhou como engraxate, auxiliar em mecânica, vendedor, entre outras atividades, sempre de forma versátil e com paixão pelas piadas, brincadeiras, leitura e escrita. Quando então, resolveu continuar seus estudos durante 10 anos como seminarista em Londrina e Ponta Grossa, ordenou-se Padre pela Diocese de Guarapuava em 2 de dezembro de 1979. Durante dois anos evangelizou em Pitanga, sempre querido e amado por todos. Quando em setembro de 2002, após pedir autorização a Dom Frederico, bispo de Guarapuava para a dispensa de suas funções enquanto Padre foi então, autorizada em 6 de janeiro de 1983 a sua dispensa. Casou-se apenas pelo regime Civil em 15 de janeiro de 1983 com, Rita de Cassia Cartelli e assumiu todas as responsabilidades, entre 215
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elas, a rejeição e julgamentos por algumas pessoas que não concordavam com o casamento de um padre e também em não poder receber a Santa Eucaristia entre outros sacramentos, ocorreram inúmeras dificuldades, mas o poeta Amani expressava a sua Amada: Não ouça os seus aliados de solidão Nem seja louco de seguir seus reclames Persista ouvindo a doce voz do coração Viva você hoje e simplesmente ame. Na constância dos 33 anos de casamento nasceram dois filhos: Victor de Néri Oliveira (26/05/1983) – Vinícius Emanuel de Oliveira (11/09/1988) o amor sublime dos netos Miguel Egoroff Fogolin Oliveira e Nícolas Egoroff Fogolin Oliveira. Em 1999, quando Amani encontrava-se com 47 anos e Rita de Cassia Cartelli de Oliveira com 35 anos, veio inesperadamente, o resultado de um câncer e ainda no leito da UTI, nosso querido e saudoso Dom Mauro Aparecido dos Santos comunica da dispensa das obrigações decorrentes da Ordem Sagrada, datada em 5 de agosto de 1999, observando algumas prescrições, conforme protocolo nº 810/99, resultado da dedicação e apoio de Dom Virgílio de Pauli, do padre Ademar de Oliveira Lins e Dom Mauro Aparecido dos Santos. Ficamos felizes e Dom Mauro que se propôs a ir à Londrina para consagrar nosso casamento quando o Amani se encontrava na UTI, mas, preferimos aguardar para após o momento de cura celebrarmos com familiares e amigos Em 14 de janeiro de 2000, quatorze anos após o casamento civil, na Catedral São José recebemos pela nossa união, as bênçãos de Deus pela intercessão de Dom Mauro. Aqui, peço licença aos queridos leitores, para uma homenagem ao amado Dom Mauro Aparecido dos Santos, que marcou fortemente a minha família e também ao Colégio Estadual Marechal Rondon. Em 2001 quando compareceu ao Colégio para efetivar as matrículas de cinco seminaristas para o Ensino Médio, ao cumprimentá-lo, me disse: “Diretora, disseram que é um Colégio muito bom, mas como posso deixar meus filhos aqui? O Colégio está tão feio, velho, sem cui-
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dados.” Respondi: “O senhor tem razão, assumi a direção faz poucos meses, mas por favor, me abençoe para que Deus me ajude com a Comunidade deixá-lo bonito e ainda melhor”. Assim me abençoou e hoje o Colégio está ainda com maior qualidade e bonito. Dom Mauro, estaria na inauguração da Biblioteca, mas Deus o levou. Deixo aqui toda a nossa gratidão pelo amor de Dom Mauro Aparecido dos Santos. Amani consagrou-se a missão de amar e evangelizar, até seus últimos momentos salvou almas, vidas de crianças, adolescentes, jovens e idosos. Trabalhamos e estudamos arduamente, sempre rodeados de amigos, moramos em Cascavel, Campinas, Pitanga, Guarapuava entre outras, mas escolhemos para viver, desde 1993 em Campo Mourão. Pela nossa cidade preferida, a Campo Mourão, um sincero e solene agradecimento a este querido Colégio e minha querida cidade, às suas honradas autoridades e aos seus dignos habitantes o poeta Amani em sua última estrofe do poema, referenda: PREITO DA ALMA À TERRA AMADA... Assim a louvo com estes versos de harmonia E ao expressar meus sentimentos de emoção Desejo acordar em seus braços todos os dias Até morrer em seu seio amada Campo Mourão. MEU GRITO DE LIBERTAÇÃO “Meu grito Meu grito de libertação Cansado deste silêncio tímido e tolo entre nós Resolvi gritar para a minha e sua libertação Eu amo você”. (Primeiro grito, o único registrado no papel) 217
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A hora é da vida O último grito... Tinha que ser dele a ideia profética de realizar uma confraternização conjunta entre os diferentes movimentos ligados as Letras, a Filosofia, a Cultura de Campo Mourão. Assim, na noite de 24 de novembro de 2015, reuniram-se no Restaurante do amigo Peteleco representantes da AML- Academia Mourãoense de Letras, AMFAcademia Mourãoense de Filosofia, AME-Associação Mourãoense de Escritores, Fundação São José e AMEM-Associação Mourãoense de Escritores Mirins. Num ambiente descontraído de um jantar informal, surgiu a ideia de fazer uma abertura mais formal, com a composição da mesa com presidentes\representantes das diferentes entidades que acolheram prontamente a sugestão bem humorada do companheiro Amani Spachinski de Oliveira que prontamente organizou a programação. Não fosse a alegria, a disposição dele certamente isto não teria ocorrido, pois não era a intenção dos presentes fazerem pronunciamentos. A companheira Dalva Medeiros foi promovida a mestre de cerimônias, assumindo seriamente o papel, convocando os presidentes para comporem a mesa e como Amani não quis representar duas entidades, convocou-me para representar a Fundação São José da qual não faço parte, mas ele garantiu que não precisaria falar nada... E neste espírito de alegria, descontração, quase de brincadeira Amani foi a primeiro a usar da palavra fazendo uma explanação histórica das atividades das entidades que fazia parte, que ajudara a fundar, a colocar os primeiros tijolos e das quais foi sempre o grande incentivador e membro mais ativo. Começou falando sobre a Fundação São José, oriunda da antiga Fundação Horácio Amaral, que busca incentivar a cultura, o turismo religioso, as caminhadas intituladas Rotas da Fé, o atendimento as pessoas com problemas através da Filosofia Clínica, através de consultas pessoais realizadas no Centro Catequético, bem como palestras a grupos. Desculpou a ausência do presidente da Fundação Samoel Kozelinski, lembrando também da participação do professor Agenor Krul na fundação Horário Amaral, ausente hoje por estar fazendo diálise, tratamento que ele próprio resistia a fazer, apesar de seus problemas de saúde, revelando inclusive
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a companheira inseparável há 16 anos, a sonda. Relatou entusiasmado sua experiência pessoal na participação das inúmeras Rotas da Fé, das palestras motivadoras, do curso de especialização em Filosofia Clínica, das pessoas por ele ajudadas com esse trabalho voluntário. A seguir deu uma aula de Filosofia falando como presidente da Academia de Filosofia Mourãoense (primeira do Paraná fundada pelo Amani e pelos seus colegas e também grandes amigos: Assabido, Agenor e Mateus, entre outros), explicando seus objetivos, suas atividades, sua forma de trabalhar, suas dúvidas como todo filósofo e como recorre ao grande mestre Assabido Rhoden na solução das mesmas. Contou com muita graça passagens divertidas de momentos onde vivenciou a certeza filosófica do “tudo que sei e que nada sei” e de como estava aprendendo constantemente com as pessoas com quem convivia como aprendeu com o grande mestre Leonardo Protta, os acadêmicos da Academia de letras também disse que não devemos nos chamar de confrades, pois não somos uma confraria, mas sim uma academia, formada, de acadêmicos. Relatou este fato e toda a sua fala com tamanha humildade, simplicidade e alegria própria das crianças ansiosas por aprender sempre... Brincou muito com os presentes que se deliciaram com suas colocações bem humoradas que infelizmente não foram gravadas, a não ser pela memória da nossa saudade. E agora, lembrando dos acontecimentos parece mesmo que a sua fala tinha um ar testamentário de prestação de contas de suas atividades... Parece mesmo que nos dizia: Até aqui eu fui, eu fiz, eu plantei, cabe agora a vocês darem continuidade... Apesar da firme intenção de não usar da palavra, após as colocações rápidas do Jair Elias dos Santos Junior, presidente da AML, Gilson Mendes de Góis do presidente da AME, da Ana Aparecida Ceola Ribeiro, em nome da Academia Mirim dos Escritores, me senti impelida a falar do Amani... Percebi na fala dos colegas o grande semeador, incentivador de todos esses movimentos. E tive que fazer de público o meu reconhecimento do seu trabalho, de sua força, de sua luta, lembrando que tinha o visitado em Londrina, quando estava na UTI lutando mais uma vez pela vida. E falei olhando nos seus olhos e para que fizesse a leitura labial, pois perdeu 70% da audição 219
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em decorrência de sequelas deixadas pelo câncer), da minha admiração, da sua coragem, das sementes que plantou por todo lado! Empolgado com lembrança da sua grande luta contra o câncer, pediu novamente a palavra, se desculpando por estar falando muito, segundo ele, e relatou em detalhes tudo que passou, todos os procedimentos médicos, nos deixando a sua grande lição de vida, de como conseguiu enganar a morte, ficando na janela olhando a vida, e assim a morte não o encontrou no seu leito da UTI, como escreveu na poesia publicada no livro Amigos da poesia. Testemunhou como o seu corpo sabiamente rejeitou todos os drenos colocados e a sua volta para casa para viver o pouco tempo de vida que lhe restava. E dos dois anos prometidos de vida pelos médicos, já haviam se passado 16 e ele pode ver seus filhos crescerem, formarem-se, encaminharem-se na vida, a chegada dos netos... Lembrou a solidariedade que existe entre os que lutam contra o câncer citando o amigo, poeta Constantino Medeiros que teve câncer no mesmo período. Sentia-se feliz, abençoado por Deus pela vida, pela família maravilhosa, por ser o único entre os presentes a ter recebido os sete sacramentos, a extrema unção por três vezes inclusive. Encerrou nos deixando seu grande segredo, que o ajudou a superar os momentos mais duros até mesmo no duro tratamento de câncer, quando dizia para os médicos que o tratavam a frase que marcou sua vida: EU AMO VOCÊ! Desta vez ele não gritou como costumava fazer. Falou do fundo do coração, com o seu jeito meigo, amigo, menino, pedindo que falássemos sempre uns aos outros, o nosso amor: EU AMO VOCÊS!!! Foram suas últimas palavras ... Parece que seu coração de poeta intuía a sua partida... Que ele possa acompanhar a vida da sua janela, mesmo que do outro lado. Nós aqui continuaremos a caminhada, quem sabe mais atentos aos seus convites, aos sonhos não realizados, aos gritos de libertação mesmo que sussurrados... Vai com Deus Amani! Maria Joana Titton Calderari Membro da Academia Mourãoense de Letras - AML
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A pedido da querida esposa Rita Texto para a revista CIDADE. Na noite de 5 de dezembro de 2015 a Academia Mourãoense de Letras prestou sua homenagem ao saudoso acadêmico Amani Spachinski de Oliveira, falecido em 25 de novembro de 2015. Na Sessão da Saudade realizada na sede da AML os acadêmicos puderam prestar suas homenagens ao grande amigo fundador e grande incentivador desta academia, bem como da Academia Mourãoense de Filosofia, da Associação Mourãoense de Escritores, da Associação Mourãoense de Escritores Mirins e da Fundação São José. Poeta, escritor, filósofo, incentivador das letras, da cultura, da cidadania, dos valores humanos Amani não morreu, pois, as sementes por ele lançadas em toda sua vida continuará germinando, florescendo, gerando frutos, seu grito de libertação continuará ecoando no coração de todos os que o conheceram. Sua esposa Rita falou em nome da família, testemunhando sobre a vida, o carinho, o amor que Amani tratava a todos e da sua presença simbólica através da sua pelerine e da “camisa da alegria” que usou na sua última noite dia 24 de novembro, quando do jantar de confraternização de todas as entidades. Rita falou que dará continuidade a sua obra, reunindo e publicando seus inúmeros trabalhos. O grito do poeta não pode calar. E da janela da vida ele continuará acompanhando a todos, não importa que seja do outro lado... Humilde, sábio e sonhador! Sem dúvidas essas são algumas das características mais marcantes do grande amigo Amani. Homem de grande respeito, o qual sempre lutou e incentivou a educação e o desenvolvimento social, para que todos tivessem acesso ao universo literário e conseguissem com a ajuda dele se libertar dos rótulos os quais a sociedade quer nos colocar. Sem dúvidas foi um grande sonhador, o qual tinha diversos projetos, sendo o que mais marcou para a minha pessoa o de lutar e acreditar no turismo religioso. Onde foi o primeiro e grande incentivador quando eu estava fazendo projetos para poder reunir a família, a religião e o turismo, cujo abriu diversos caminhos para que um 221
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projeto tão maravilhoso como a Rota da Fé (59 edições – presença de gente de outros países) e Congresso Internacional de Turismo Religioso, conseguisse ser concretizado passo a passo, desde I edição no 2006 no Centro Catequético de Campo Mourão a XVII edição vai ser setembro 2021 na Catedral de Pamplona – Espanha. Graças a este nobre homem, muitas famílias puderam ter momentos únicos, com amor, paz e alegrias imensas, por sua parceria em projetos de cunho religioso, bem como de incentivo a uma família mais unida e harmônica, sendo sempre um incrível conselheiro e terapeuta. Dividimos diversos momentos juntos os quais nunca esquecerei, sempre me apoiando e estando disposto sempre a ajudar, bem como presenciamos milagres juntos e viagens incríveis e paisagens maravilhosas (Congresso Internacional na Patagonia Argentina), lugares os quais eram o sonho dele conhecer e felizmente pude fazer parte de dividir esse momento ao seu lado, onde a alegria desse incrível amigo contagiaram todos ao seu redor, de tanta luz e sinceridade que ele transmitia em todas suas formas de agir. Sem dúvidas o Professor Amani, como eu normalmente o chamava, foi uma inspiração de ser humano, o qual exalava bondade, respeito, generosidade e esperança em todas as pessoas que passavam por sua vida. Em específico, eu fui uma dessas pessoas, o qual sou imensamente grato por ter feito parte da minha vida, bem como sei que seus projetos, literatura e palavras serão eternas e transmitidas de forma a transformar a vida de cada um que por elas passar. Muito Obrigado Professor Amani, junto a minha esposa, minhas filhas e várias pessoas que souberam cativar com suas reflexões, dinâmicas e exemplos. Ruben Orlando Moyano
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Ao Grande Mestre Amani Não existem palavras que consigam descrever com tamanha nobreza e profundidade o quão incrível era o Grande Mestre Amani, homem de imensa fé, bondade e compaixão. Grande amigo, o qual sempre estava disposto a ajudar a todos que solicitassem sua ajuda, bem como propagava humildade e esperança em todos os lugares que frequentava. Este homem ensinou diversas coisas para mim, o qual nos reuníamos todas as terças para filosofar e falar sobre a vida, bem como debater o porque da nossa sociedade e encontrar formas de nos libertarmos das ideologias pré-impostas pela sociedade. Por meio de seu amplo conhecimento filosófico, mostrou inúmeras formas de como viver melhor e poder fazer a diferença para as pessoas, ensinamentos os quais levarei sem dúvidas para o resto da vida. Sem dúvidas meu eterno amigo Amani ensinou a importância da filosofia em nossas vidas, ciência mãe de todas as outras, a qual ensina a refletir sobre quem somos, onde estamos e para onde vamos e queremos ir. Além de refletirmos sobre a nossa importância no mundo e para as pessoas que estão em nossa volta, onde este homem sábio sempre terminava nossas reuniões filosóficas com narrativas, muitas delas dando livros como presente e também uma forma de refletir. Este livro tem reunida as suas obras, claro não em sua totalidade, tendo em vista que a totalidade ultrapassa o que está em nosso alcance, porém estão presentes alguns momentos os quais ele dedicou sua vida e desejou transmitir para que outras pessoas pudessem se aventurar e viajar nesse incrível mundo da literatura. Onde sem dúvidas você leitor, irá desfrutar de momentos únicos através dela, momentos os quais sem dúvida ficaram marcados no seu coração e no de cada pessoa que tiver contato com esta incrível obra o qual o Grande Amani escreveu. Ailén Marina Moyano
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Esta obra foi composta nas tipografias Adobe Garamond Pro e suas famílias e impressa para a Nova História Assessoria e Gestão Cultural em Maio de 2021.