XLIII QUARENTA E TRÊS
UMA QUESTÃO DE LÓGICA
A construção do pensamento filosófico e científico, da humanidade, é resultado de uma longa e ardorosa trajetória da razão. Antes a cabeça do ser humano somente admitia a explicação mitológica e, portanto, um misto de mistério indecifrável e a intuição, de conclusões inseguras e incertas, sobre as origens, tanto da Terra quanto de seus ocupantes e, também, a explicação sobre tudo o que ocorria no mundo. Os responsáveis por todo e qualquer fenômeno da natureza, ou acontecimento, que envolvesse o homem, eram os deuses, oriundos da mitologia. Com a advinda da utilização dos recursos racionais pelos primeiros filósofos há, cerca de sete séculos antes de Cristo, inicia-se, no mundo grego, espalhando-se depois para outras partes do Planeta, o movimento interno da mente humana, chamado raciocínio. A partir daí não se utilizam mais às conclusões intuitivas, milagrosas e misteriosas dos fenômenos, mas ao contrário, conclui-se, pela lógica dos dados e dos fatos, a explicação de tudo o que existe e acontece. A ingenuidade da intuição e da “suposição” deram lugar à constatação real e lógica dos fatos e das coisas. Tudo o que existe e acontece agora, é concluído através do processo lógico oriundo do movimento interno da racionalidade.
O ser humano começa valorizar e utilizar o pensamento, o raciocínio lógico, a razão e o próprio intelecto, para construir a verdade. O homem passa ter consciência de que, de fato, existe como ser, completo e ativo, em relação à Terra e aos outros seres existentes, assim como, em relação à própria natureza. A vida passa ter um sentido real. O mito, quase sempre, afastou o homem da verdade. Ou seja, no âmbito da mitologia, a verdade nem sempre estava ao alcance de todos e, nem sempre, era totalmente atingida, ficando muitas vezes, como uma meta distante, inatingível. Então, a razão humana começa ser o ambiente efetivo da construção da verdade pelo movimento chamado raciocínio. O homem experimenta as coisas do intelecto, pela dialética da conclusão lógica e passa de uma consciência cega, do pensamento 101