LIII CINQUENTA E TRÊS
A DIALÉTICA DA PATERNIDADE
Não há como esconder a euforia das pessoas com a aproximação da festa em comemoração ao dia dos pais. Cada um quer demonstrar reconhecimento de quanto é importante, em sua vida, a figura desse homem, que traz dentro de si o carisma da paternidade. Todos querem compreender a personalidade, o caráter e a missão de seu progenitor. Mas será que todos compreendem bem o que é ser um pai? Estamos diante de uma grande incógnita. Quem é verdadeiramente pai? Para uma aproximação de resposta a essa questão, necessário se faz usar mão do recurso da dialética. O ser ou o não ser pai. Qualquer homem pode ser pai? Todo homem pode desenvolver a paternidade? A primeira tentativa de solução já esbarra na questão psicossomática. Alguns homens não são férteis por questões físicas ou psicológicas, portanto não serão pais. Outra tentativa esbarra na questão ideológico-socio-religiosa. Alguns homens renunciam à paternidade pela opção ao celibato. E finalmente há os que se fazem eunucos, por próprio gosto ou por situações alheias à sua vontade e, por isso, não serão pai.
Porém, o dilema se acentua, quando alguns homens somente têm a paternidade biológica, mas não a exercem plena e satisfatoriamente. Aí o quadro se torna crítico, porque são pais, mas não exercem a função paterna. O maior mal para a sociedade não é tanto um filho pervertido, delinquente, marginal ou desequilibrado, mas um pai que somente coloca mais um ser no mundo e não assume as responsabilidades que a paternidade lhe confere. Todo filho com um “pai” que não é pai, dificilmente será uma pessoa completamente realizada e feliz. Seu caráter tornar-se-á tão fraco, que qualquer outra pessoa, que não seja seu pai, terá maior influência sobre ele. Se o pai deixa de exercer sua paternidade, em relação ao filho, terá pouco direito sobre ele em questões de educação, disciplina, ética e cidadania. É mais importante ser pai no processo de formação, no crescimento e amadurecimento do filho, do que no ato da geração. A responsabilidade paterna aumenta na proporção em que os filhos crescem e se desenvolvem 121