LIX CINQUENTA E NOVE
VIVA A DEMOCRACIA
Às vésperas do dia três de outubro de dois mil e quatro, do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o coração da maioria dos brasileiros bate mais forte pela ansiedade em ver quem será o dirigente dos destinos de seu município nos próximos quatro anos. Enfim, chegou o dia mais importante para a democracia no Brasil. Amanhã todos os eleitores, habilitados com o título eleitoral, poderão exercer o direito e o dever de votar. É o sacrossanto exercício de sua cidadania irrestrita, através do voto direto, secreto e livre. Direto porque poderá ser eleito aquele candidato, que o eleitor conheceu pessoalmente, tendo a oportunidade de olhar em seus olhos e ver o grau de sua sinceridade. Direto porque poderá ser eleito aquele em que ele votou realmente, sem intermediários. Secreto porque a privacidade é seu direito pessoal, garantido por Lei. O eleitor pode até falar que está torcendo para este ou aquele, mas na hora do sufrágio, o segredo é somente entre três, o voto que não fala, a urna que não o reconhece e sua consciência, que é lacrada pelo pudor e pela ética. Livre porque é um exercício do pensamento, da inteligência e da vontade. E estes três elementos intelectuais do espírito humano são imunes de qualquer cerceamento. Mas há uma prerrogativa a ser considerada e, devidamente pesada aqui. O voto somente será livre para aqueles que não o venderam por qualquer preço, ou não se deixaram iludir por propaganda enganosa. Mas enfim chegou o grande dia. Eleger prefeitos, com eleições diretas, para todas as cidades brasileiras, é uma enorme responsabilidade. Maior ainda, é a responsabilidade ao eleger os vereadores. Enquanto aqueles têm o domínio executivo do município e as finanças oriundas da arrecadação, em seu poder, estes têm a faculdade da fiscalização, sobre aqueles e sobre todos os que, de alguma forma usufruem os bens públicos, assim como, também, sobre todas as obras e serviços prestados à população. A responsabilidade do eleitor pesa, diante de Deus e do Universo, quando ele tem a força para colocar no poder legislativo, uma pessoa que, por interesses próprios, escusos e mesquinhos, poderá vender a qualquer preço o seu poder de fiscalização. 133