LXIV SESSENTA E QUATRO
O ENIGMA DA VIDA
O mais e profundo anseio do homem é a vontade de conhecer e compreender o motivo e o fim de sua existência. Saber a origem da vida, de onde veio, para aonde vai e o porquê disso tudo. Sua grande aspiração é descobrir o destino da alma. Esse ansioso e latente desejo é parte central e essencial de sua inquietação existencial. As crenças que ele promove, agrega e arraiga em sua memória estão proporcionalmente direcionadas ao destino eterno. É a procura do sagrado. O ser humano estará sempre inconformado enquanto durar isso. É uma busca que se estende desde os primórdios da história do mundo. As primeiras formulações para uma tentativa de explicação da vida, desde a pré-história, deram origem ao que conhecemos hoje como mitologia. O aparecimento e repetição oral das lendas deram origem a uma explicação mitológica, tanto do mundo (cosmologia), quanto da origem da vida humana (antropologia). Na filosofia isso gerou uma imensidão de teses e correntes (epistemologia). Foram mais de vinte e cinco séculos de intensa investigação e um número incontável de páginas escritas. A Teologia formulou uma quantidade imensa de dogmas na laboriosa interpretação das revelações divinas nas Sagradas Escrituras (exegese) e tradições religiosas. E a procura vai atravessando milênios, porém a aflição do homem perdurará enquanto durarem os longos anos de sua existência consciente.
O dilema da vida estará sempre presente em nossa razão. Tanto o pensamento quanto a imaginação lutam, ferrenhamente, para demonstrar que existe um sentido para a existência. Que a vida não existe por acaso, ela tem um objetivo definido e definitivo. A maioria dos filósofos e teólogos é unanime em afirmar que esta vida que estamos experimentando é, meramente, uma preparação para o encontro definitivo com o Eterno, com perfeito, com o Sagrado. Nosso coração, disse o filósofo cristão Santo Agostinho, estará inquieto enquanto não encontrar e não descansar em Deus. Então, no final do processo de caminhada e busca consciente, haverá uma completa assimilação da criatura 143