LXVIII SESSENTA E OITO
CONSCIÊNCIA E ÉTICA NO TRABALHO
Todo trabalho, dependendo ao fim que se propõem, torna honrado e digno o homem que o realiza. O grau de consciência do trabalhador, em relação à tarefa que executa é que lhe garantira a satisfação plena, ao ver sua obra realizada. Os princípios éticos que regulam as ações laborais, quando aplicados ao trabalho, permitem que o trabalhador atinja o mais elevado patamar de dignidade e felicidade. Ao contrário, porém, se o trabalho não tem a devida e clara consciência por parte de quem o executa, nem a ética mínima e necessária, torna o homem rançoso, insociável e preguiçoso. Existe o perigo, também, de o homem, sem consciência e sem ética, exercer alguma atividade ilícita, imoral e inadequada à sua índole. É prudente notar que a ação engendrada pelo trabalhador pode ser livre, executada por sua própria vontade, ou imposta, quando será exercida em decorrência de uma necessidade maior e premente.
A propósito do trabalho consciente e ético, quero citar um exemplo que me ocorreu recentemente, lá no mato, em um pequeno sítio da família, onde tive a oportunidade de observar três tico-ticos numa incansável correria, para alimentar um filhote de chupim. O “danado” do filhote era duas vezes maior do que os pobres pássaros que o alimentavam e gritava desesperadamente enquanto, os pais adotivos, não chegavam com o alimento. O malandro, já empenado e forte, continuava usufruindo da dedicação e presteza dos pássaros trabalhadores honestos. Na tentativa de explicar aquele fenômeno, lembrei-me das histórias contadas por pessoas mais antigas. Diziam que os chupins, para não terem o trabalho de cuidar, alimentar e acompanhar os filhotes, utilizam uma tática curiosa e malandra, procuram, sem nenhum princípio ético nem constrangimento de consciência, botar seus ovos nos pequenos ninhos dos tico-ticos. E estes, sem o mínimo de consciência, acreditando que os ovos eram seus, cuidavam com todo zelo que lhes era peculiar, até que os filhotes voassem sem perigo. Enquanto isso os chupins, despreocupados, podiam seguir pela vida afora, gozando dos longos voos, das belas 151