XXVII VINTE E SETE
UM POUCO DE OTIMISMO
Ninguém de nós gostaria de ser reduzido a um simples animal irracional, como, por exemplo a formiga que, em sua trajetória de trabalho carrega, sem perceber nem tomar consciência, um fardo mais pesado e, muitas vezes, maior que ela própria. Não tem consciência do que faz. Faz por que tem que fazer. É seu instinto. Não pensa, raciocina ou sente prazer nem dor. Sem realização pessoal pelo que faz. Não manifesta felicidade por ter realizado a tarefa, soltando fogos de artifícios, nem promovendo churrascos de confraternização, menos ainda promove culto de ação de graças ao deus das formigas. Cumpre seu destino de cabeça baixa em uma interminável rotina, até a morte.
Muitos homens são verdadeiras formigas em relação a si mesmos e ao trabalho. Reduzem-se a um amontado de células que exercem suas funções sem reclamar nem procurar novos desafios e novas conquistas. A cabeça não pensa, o coração não sente, os nervos não reagem e os neurônios vão atrofiando. O marasmo toma conta e o ser passa agir mecanicamente. Sua vida vai, num ritmo alucinado, ao encontro simplesmente do fim. Parece-lhe que apenas a morte lhe interessa. Não! Não foi para isso que Deus nos criou. Somos pessoas de fortíssima índole. O livre arbítrio nos transforma em seres completos, capazes de realizar tudo o que se encontra a nosso alcance e tudo o que é possível, dentro de nossas condições de criaturas humanas. Não existe, na imensidão do universo, seres mais completos que nós mesmos. Se existissem, seríamos escravos deles. Creio estar na hora de reagir. Se tomarmos como propósito a realização dos principais sonhos e projetos, dizendo, para nós mesmo que, efetivamente podemos executá-los, então certamente os levaremos a cabo. Não é assim com todos os grandes vencedores? Se eles venceram nas grandes coisas, porque eu não posso vencer nas pequenas e chegar, também, ao sucesso nas grandes? Os heróis não tinham nada mais e nada menos do que eu tenho. Não eram mais nem menos do que sou e nem tiveram nenhuma oportunidade a mais do que eu. 69